domingo, 14 de fevereiro de 2010

A inocência do presidente

Manuel da Conceição Ferreira é um bem-sucedido empresário do setor imobiliário. Também é advogado. Atualmente, responde pela presidência da Portuguesa de Desportos, estando no seu segundo mandato, tendo que passar o bastão ao seu sucessor ao final deste.

Quando assumiu a Lusa, Mané da Lupa, como é conhecido, encontrou um clube à beira da falência, afundado em processos trabalhistas. Não havia jogadores e alguns dos bens do clube estavam penhorados (até as bombas das piscinas estavam). Com a ajuda de algumas pessoas, entre elas outro empresário português, Luís Iaúca, reergueu a Portuguesa. No início da gestão caiu no Paulistão, mas voltou no ano seguinte, não só no Paulista como no Brasileiro, no qual caiu, novamente, um ano depois.


Percebe-se pois, que, de ingênuo, Mané não tem nada. Eu até o tinha em alta conta. Agora, os últimos acontecimentos envolvendo a figura do presidente forçam-me a rever meus conceitos. Desde aquela acusação de suborno a um becão da Ponte, no Paulistão do ano passado, passando pelas bravatas ditas no caso Bruno Cazarine, quando garantiu que a Lusa disputaria a Série A, da Lupa tem metido os pés pelas mãos. Sua tentativas desesperadas de garantir os direitos do clube passaram todos os limites. Em vez disso, o expôs ao ridículo.

Agora nosso Mané da Lupa se superou. Foi reclamar, com o colega corintiano Andrés Sanchez, o não cumprimento de um "acordo de cavalheiros" firmado entre eles quando da ida no meia Edno para o Alvinegro. Em vez de fazer constar no contrato uma cláusula condicionando a utilização do atleta a pagamento de multa, deixou apenas na camaradagem. Pior que isso: foi à imprensa espernear, mas satisfez-se com o pedido público de desculpas do corintiano, que alegou problemas no elenco para a escalação do jogador. Onde está escrito "problemas no elenco", leia-se "liberação de parte do grupo para o Carnaval".


É como se admitisse o seguinte: "Ele me fez de besta, mas pediu desculpas, então tá tudo certo." Como assim? Será que o Dr. Manuel gere assim sua imobiliária? Será que ele substitui os contratos por apertos de mão, mesmo que esses sejam trocados com a concorrência? Duvido, com todas as minhas forças.


Manuel da Lupa tem seus méritos. Como já disse, herdou um clube falido, mas irá entregá-lo sem que este possa andar com as próprias pernas. Além do mais, creio ser difícil haver a mesma unidade entre as "forças políticas" da Portuguesa que possibilitaram sua reeleição.

De inocente - reitero - da Lupa não tem nada. Prefiro acreditar em desleixo, pra não dizer outra coisa.

1 comentário:

j alex atibaia disse...

Bigode, gostei do que lí, me parece ponderado, certeiro , rezo que nas próximas eleições apareça um nome que una a colonia novamente, como era nos anos 50, 60 e 70, quando cresciamos e só não havia títulos por causa de juizes como o Armando Marques.