sábado, 15 de setembro de 2012

Não aprenderam nada

O Governo Federal anunciou, nesta semana, um plano para tornar o Brasil uma potência olímpica com olhos para os Jogos de 2016, que terão lugar no Rio de Janeiro. Os números são pomposos, superlativos. O ministro Aldo Rebelo anunciou, de boca cheia, que serão gastos, entre recursos ordinários e extraordinários,  seja lá o que isso quer dizer, mais de 2,5 bilhões de reais, e que o objetivo é terminar entre os dez primeiros colocados.


Este montante será todo gasto pelas estatais, ou seja, é dinheiro público. Vai contemplar atletas de alto rendimento (os que têm mais chance de ganhar medalhas), sob o nome "Bolsa Pódio", com até 15 pilas por mês, e treinadores, com a "Bolsa Técnico", que pagará até 10 contos, fora 22 centros de treinamento, com foco nos esportes nos quais o país normalmente conquista medalhas, como judô, natação e atletismo.

Tudo muito bonito. Parte da mídia, sobretudo a que faz o beija-mão à presidente, aplaudiu de pé. Seria perfeito, não fosse por um detalhe: o que querem é fazer bonito em casa, e só. Como povo semiletrado e manipulável que é, o brasileiro não admite que o país vá mal em competições esportivas. Não gosta de esporte, gosta de vencer, o que é completamente diferente. Podem meter a mão no bolso, isso sim, mas experimenta perder a final olímpica pra ver só uma coisa!

A atitude do governo é puramente populista, é eleitoreira. Da mesma forma que a realização da Copa do Mundo aqui é equivocada, esse plano também é. Não é a Copa que traz o investimento, é o contrário. Se a infraestrutura já existir, o montante desviado para os bolsos abençoados é menor, bem menor. No caso das medalhas olímpicas, não adianta despejar dinheiro onde já existe. Tem que ser na base, na formação dos atletas.

Se na Olimpíada de Londres o Brasil conquistasse as medalhas nas modalidades em que era favorito, como futebol, por exemplo, teria ficado entre os dez primeiros, mesmo com poucas medalhas. Para se ter uma ideia, a Hungria ficou em nono lugar, com oito ouros, um a mais que o décimo, a Austrália, mesmo tendo menos da metade do total (17 contra 35). Ou seja, ganharia mais de dez posições sem um centavo a mais. Então o trabalho teria sido bem feito. Seria mesmo? É muito simplista achar que sim.

Fica claro, desta forma, que ninguém aprendeu a lição de Londres, quando houve um aumento de mais de 100 milhões de reais nos gastos e, ainda assim, o país esteve presente em menos finais. Se fizerem o que anunciaram, o verdadeiro sentido do esporte se perderá, que é a inclusão social por meio dele. 

Se você, leitor, reparou, em momento algum eu falei em investimentos, e sim em gastos, pois do jeito que o governo quer fazer, cessando o incentivo tão logo se apague a pira olímpica no Rio, a medida não vai passar de mais uma jogada de marketing e pura propaganda governamental. E Joseph Goebbels aplaudirá diretamente do inferno. 

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