domingo, 16 de dezembro de 2012

O tempo bom e o senso comum

Diz o senso comum que o tempo está bom quando o céu é azul; que o firmamento cinzento é prenúncio de chuva. Contrariando o tal senso comum, o domingo, 16 de dezembro, amanheceu com o céu encoberto, cinzento. Era um sinal. 

Se por aqui o nimbo matutino teimava em encobrir o sol, na Terra do Sol Nascente o Corinthians tratou de pintar o mundo de preto e branco, sobrepondo-se ao azul do Chelsea. Os guerreiros do Parque (e de) São Jorge, com um gol do peruano Guerrero, mudaram a concepção sobre o que é tempo bom.

O Timão não deu bola para a bala na agulha do milionário Chelsea, que tinha mais estrelas em campo e um time tecnicamente superior. O futebol trata de nivelar as coisas, ainda mais quando a decisão é em apenas um jogo. Os londrinos passearam sobre os mexicanos do Monterrey, ao passo que o Corinthians pagou todos seus pecados para superar o Al Ahly, que venceu a Liga dos Campeões da África, apesar de todos os problemas políticos do Egito. O senso comum dizia que, baseado nestas partidas, o time azul era o favorito.

Mas o senso comum também tenta nos ensinar, há mais de 100 anos, que quando o Time do Povo está em campo o favoritismo, se contrário, fica reduzido a pó pela entrega, pela raça e pelo suor que transpira de cada poro alvinegro. O senso comum, sempre ele.

Mas foram os próprios comandados de Tite que trataram se desfazê-lo, outra vez. O Corinthians volta com o troféu e o título de melhor time do mundo porque foi inteligente, antes de qualquer coisa. Foi bravo, mas foi cirúrgico. Em momento algum se encolheu ante o poderio azul e venceu com méritos.

Teve em Cássio um gigante, em todos os sentidos. Chicão, Alessandro, Paulo André, Paulinho, Danilo, Guerrero, Tite, a Fiel, com o maior êxodo de fé esportiva de que se tem notícia.

Neste domingo, 16 de dezembro, o céu encoberto e cinzento passou a representar tempo bom. Tempo bom para ver o mundo em preto e branco. Para gritar "é campeão!"

GLÓRIA MÁXIMA Alessandro ergue a taça de campeão do mundo
(Kim Kyung-Hoon/Reuters)


  

2 comentários:

Caio Calazans disse...

Belo texto Marquinhos. No entanto não concordo com esse poderio todo do Chelsea. Isso era mais baseado na individualidade do que na competência como equipe. Isso o Corinthians tinha mais e, talvez por isso, venceu com justiça.

Marcos Teixeira disse...

Como equipe o Chelsea era uma bagunça, mas é inegável que o poderio financeiro dos ingleses é muito maior que o de qualquer time da América do Sul.Agora, se eles não têm competência pra transformar este poderio todo em competitividade, não é problema do Corinthians. O time do Tite, como equipe, é muito mais forte.