O céu chorou durante todo o dia frio. Como o prenúncio de uma notícia que todos temiam dar e ninguém queria ouvir. Morreu Djalma Santos. E pensar que, pouco mais de uma semana antes, a sua esposa, dona Esmeralda, anunciava no programa do jornalista Milton Neves a melhora do estado de saúde do seu Dejalma.
Sim, o seu Dejalma, mas, para nós, era Djalma. Que começou Santos, na Portuguesa, onde iniciou a carreira em 1948, mas que virou Djalma por causa de outro Santos, o Nilton, do Botafogo do Rio. Era o centro-médio do time, mas foi para a lateral-direita para dar lugar na equipe a outra lenda do futebol mundial, Brandãozinho, que acabara de chegar da Portuguesa Santista como a maior transação do futebol nacional até então.
E como fez bem para ele, a mudança. Pela lateral, tornou-se não só o maior jogador da história da Lusa, como transformou-se no melhor lateral-direito da história do futebol mundial. Reinou absoluto com a camisa rubro-verde entre 1948 e 59, nas 434 partidas em que defendeu o time da Cruz de Avis, anotando 33 gols e conquistando o Torneio Rio-São Paulo em 1952 e 1955. Já havia ganhado o mundo na Copa de 1958, quando apenas uma partida foi suficiente para ser eleito o melhor da posição naquele mundial que marcou a primeira conquista mundial da Seleção Brasileira.
Antes, já havia jogado a Copa de 54, quando marcou, de pênalti, contra a poderosa Hungria de Puskas, Kocsis, Szibor e Kubala, o segundo gol na Batalha de Berna, vencida pelos magiares por 4 a 2. Todos esses feitos de Santos, já Djalma, foram alcançados representando a Portuguesa na Seleção Canarinho, por quem atuou em 111 vezes, com 11 gols marcados. A partir da década de 1960, foi brilhar com a camisa do Palmeiras, onde passou mais dez anos, conquistando ainda o bi-campeonato do mundo em 1962.
Já consagrado como o maior de todos os camisas dois, foi o único brasileiro a integrar a Seleção da FIFA que, em 1963, enfrentou a Inglaterra em Wembley. Entre 1968 e 72, ainda encontrou fôlego para defender o Atlético Paranaense. Antes, fez parte do grupo que sucumbiu na Copa de 1966, na mesma Inglaterra, mas seu nome já estava escrito com letras de ouro na história do esporte bretão.
Que ironia! Justo ele, a quem o fôlego nunca faltou, foi aplacado por uma pneumonia, que o manteve internado desde o primeiro dia de julho, até que, 22 dias depois, o mundo ficou triste e o céu chorou. Morreu Djalma Santos.