sexta-feira, 29 de junho de 2018

Pai Marcola Copa da Rússia 1- Palpites para as oitavas de final

Uruguai x Portugal - Os da Província Cisplatina não tomaram gol até agora, mesmo tendo Muslera como guarda-vala (e porque não enfrentaram Golçalo Guedes!), e tem Godin em altíssimo nível, além da dupla de ataque mais mortífera da Copa. Portugal tem Cristiano Ronaldo e Willam Carvalho. E só. Por isso (e porque eu quero), passa Portugal.
França x Argentina - O melhor elenco contra um catado, um Exército de Brancaleone. Ambos não têm técnico, mas o que sobrou da Argentina tem tem o que sobrou do Mascherano e Messi. Já a França, com excelentes jogadores em todos os setores, não tem protagonistas (nem venham falar do Pogba, por gentileza, ou do Mbappe). Passa Argentina (porque eu torço por isso e para termos CR7 vs Messi nas quartas (mas que serão numa sexta).
Brasil x México - Cresceu ao longo da competição, mas também, pelo que jogou antes, se diminuísse, desapareceria em campo, assim como o William tem feito. O México é um time muito bem treinado, mas que negou fogo quando não podia e só não foi se afogar na Tequila porque a Alemanha conseguiu perder para Coreia. Passa o Brasil, mas não será fácil.
Bélgica x Japão - A Rafaela Kinoshita que me desculpe, mas a ótima geração belga (como sempre diz Vinícius Carrilho) é a maior favorita nesta fase, contra o disciplinado até demais Japão, que só eliminou Senegal porque mostrou menos a língua para o juiz. Passa o Japão para que a Rafa fique feliz.
Espanha x Rússia - Com ou sem técnico, com ou sem tiki-taka, a Espanha passa o carro no medonho time russo, que goleou a inexistente Arábia (pra ferrar meu bolão) e ganhou do Salah. Um pecado! A coisa ficará russa para o Wladimir, que ficará Putin (não poderia desperdiçar a oportunidade) com a classificação da Fúria.
Croácia x Dinamarca - Os maiores herdeiros dos "Brasileiros da Europa" terão alguma dificuldade contra os escandinavos, mas devem confirmar o favoritismo sem sustos. Têm a melhor linha de meio de campo da Copa e, para mim, foi o melhor time da primeira fase (a Bélgica bateu em bêbados). Os ótimos Eriksen e Schmeichel, que deve ter um filho que cata muito também), ficam por aqui.
Suécia x Suíça - 0 a 0 no tempo normal, na prorrogação e nos pênaltis. Como tem que passar um, passa a Suécia.
Colômbia x Inglaterra - Se não fizer bobagens como perder jogador por expulsão no primeiro minuto, a Colômbia pode dar trabalho aos súditos da rainha. Tiveram uma primeira fase arrastada como quase todo mundo e agora tem o time-que-será-eliminado-nas-semi-finais-em-2022-e-2026 pela frente. Pelo potencial e pelo James meia-bomba (e porque o Andre Gandolph me falou que serão campeões), passa o English Team.

terça-feira, 26 de junho de 2018

Classificação à lusitana

REI DA TRIVELA Quaresma decidiu com
 golaço em noite de pouco brilho
Ufa! Portugal está classificado às oitavas de final da Copa do Mundo. Como nas outras partidas que antecederam a esta contra o Irã, Portugal pecou pela escalação malfeita, efeito direto da convocação errada promovida por Fernando Santos, que privilegiou passadores, mas nenhum gancho, de fato.

Se o sistema de jogo era o correto, com três jogadores à frente e Ronaldo e André Silva trocando de posições, Quaresma sobrava, na pior interpretação possível do termo. Esquecido na ponta, passou a maior parte do jogo à parte, aparecendo somente no golaço que marcou, obra e graça apenas da sua capacidade técnica. O meio era um amontoado de marcadores e passadores de lado, como um caranguejo, quando precisava mesmo era de um jogador capaz de passes em profundidade.

Ao Irã, coube o papel de especulador, um cormorão vivendo dos restos deixados por Portugal, como no lance do pênalti, que nasceu num passe desastroso do desastrado André Silva, no momento de mais controle português da partida, que já se encaminhava para o fim.

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E Cristiano? Diferentemente dos outros jogos, ele esteve abaixo em todos os sentidos: paciência, sorte, juízo. Poderia ser expulso quando deixou o braço no peito do adversário, que acusou uma agressão. Foi inconsequente, juvenil, parecendo acusar o golpe de ter desperdiçado a grande penalidade que deixaria a nau lusitana a navegar em águas calmas, em vez da tormenta de cinco minutos que foi o final do jogo.

De primeiro colocado quase garantido a por pouco não eliminado, o fato é que Portugal fez o que se esperava dele, que era se classificar. Com brilho? Nunca tivemos. Com luta? Muita, mas não precisava ser assim tão difícil.

sexta-feira, 22 de junho de 2018

A vitória e o craque dispensável

NÃO ME TOQUEM Até onde vai a necessidade de
 ter Neymar no time titular? (Reuters)
O Brasil que venceu a Costa Rica pode ser dividido em duas análises distintas, uma para cada tempo. Na primeira parte, foi um time apático, com poucas ideias, um lado direito nulo com o pouco inspirado William e o injustificável Fagner, que teve a sorte de não haver um Overmars em campo, como foi com Zé Carlos em 98. No meio, Paulinho (não) fez o de sempre, Casemiro não tinha a quem marcar e Coutinho era uma ilha de talento cercada por cabeças-de-bagre. Não rendeu. Gabriel Jesus se esforçou, roubou bolas, teve um gol anulado, mas não justifica ainda estar em campo enquanto Firmino esquenta o banco. 

Na etapa complementar, com Douglas Costa melhor na frente, a render o badalado atacante do Chelsea, e com o inútil Paulinho um pouco mais aberto para auxiliá-lo (e plantar Fagner atrás, onde não atrapalhava tanto), o Brasil melhorou, mas ainda assim era pouco. Finalmente, com Firmino e sem a nulidade da camisa 15, o time do Tite teve cara de time. Bem pouco, mas o suficiente para alcançar a vitória, ainda mais com o virtuose Coutinho resolvendo outra vez. Ele é o craque do time.

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Notem que não falei do Neymar. Ele fez uma de suas piores apresentações pelo Brasil e, intocável que é, não faz a menor questão de mudar isso. Prendeu bola, se jogou, poderia ter sido expulso por indisciplina e conseguiu que um pênalti (que não foi) fosse desmarcado. Apareceu nos acréscimos, fazendo graça com o jogo ganho e marcando um gol que só serviu para que eu acertasse o bolão. No fim, chorou, como se estivesse sentindo a injustiça da pressão de quem não reconhece seu talento, sua magnitude, sua importância. Quanta perseguição ao gênio que nasceu para brilhar.

Vitória no sufoco escancara defeitos lusos na Rússia


Se Cristiano Ronaldo fosse espanhol, Portugal teria dado adeus hoje à Copa. Tendo o desempenho sofrível da estreia como parâmetro, Fernando Santos escalou mal, mexeu pior ainda e tem que dar graças a Deus pela defesa sobrenatural do Rui Patrício no momento que Marrocos mais pressionava.

Os Leões do Atlas, com sua marcação sob pressão e impressionante superioridade física, mandaram no meio, ainda mais porque Bernardo Silva erraria até o nome dele, caso perguntassem. Com menos gente no setor, seria interessante começar com Bruno Fernandes, na falta de outro, para soltar um pouco João Moutinho, mas abrindo mão do sistema com três jogadores de frente, uma vez que isso deixa o meio pouco criativo e sobrecarrega William Carvalho, único marcador a rigor em campo. 

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Não fez uma coisa, nem outra. Pior que isso, mandou a campo Gélson Martins, que é condutor de bola, quando era preciso um organizador, e não aconteceu nada, obviamente, exceto pelas tentativas bisonhas de sair driblando no meio de quatro adversários. A própria entrada do camisa 16, Bruno Fernandes, se deu de forma errada, pois manteve o desenho tático equivocado do início do jogo.

Outro problema foi o vareio que Rafael Guerreiro levou do tanque Amrabat. E Ronaldo, olha, voltou a apresentar o comportamento irritante de querer resolver sozinho quando viu que a vaca bigoduda poderia deitar.

Diferentemente do que houve em Alcáver Qbir (e em 1986), Marrocos foi superado. Passa pelo Irã? Acredito que sim, mas não aposto dois pastéis de Belém que seja um jogo tranquilo.

VAR à parte, Brasil decepciona no arranque da Copa


O Brasil fez uma estreia abaixo da crítica contra a Suíça. O time do Tite deu a impressão de que nunca jogou junto na vida. Dois dos protagonistas, senão os principais, fizeram um jogo para esquecer. Ou melhor, para lembrar de que, desde 2014, Neymar e Paulinho não fizeram uma só partida que prestasse com a camisa do Brasil em mundiais. É cedo? Talvez, mas já entra para a conta. O volante, inclusive, perdeu a posição para Fernandinho durante a Copa do Mundo de 2014.

Neymar, novamente, não jogou absolutamente nada. É verdade que falta ainda ritmo de jogo ao atacante, que fez apenas uma partida inteira desde que foi submetido a uma cirurgia no dedinho, mas não foi por causa de alguma precaução inconsciente que o camisa 10 jogou mal. Ele prendeu a bola, se jogou, cavou faltas, encenou dores improváveis e foi mais um peso a ser carregado do que o condutor da equipe. De fato, apenas Phellipe Coutinho, que fez um golaço, teve atuação digna de nota.
É certo que nenhum favorito jogou bem na primeira rodada, mas a impressão que ficou é que o Brasil regrediu dois anos, mesmo não tendo o VAR usado para apontar a clara irregularidade no gol suíço, além de um pênalti discutível a ser marcado no nulo Gabriel Jesus. No entanto, não dá para notar que o desempenho foi muito abaixo do esperado. O hexa, amigos, pode acontecer, mas a Seleção precisa progredir demais, demais. E Neymar precisa estrear em Copas.

Sobrou emoção e Ronaldo. E só.

TRÊS VEZES CRISTIANO Melhor do mundo evitou desaire
 pesado na estreia (Getty Images/FIFA)

Esperava mais do clássico ibérico. No que diz respeito à emoção, o jogo no estádio Olímpico de Sochi já pode ser considerado um dos maiores da história das Copas, mas as duas seleções pecaram quando não podiam. Portugal abriu o placar em um pênalti muito, mas muito duvidoso (para não dizer inexistente) e poderia ter ampliado não fosse a falta de tamanho de Gonçalo Guedes, que desperdiçou dois contragolpes muito promissores, para um jogo desses. Era praticamente um jogador a menos em campo (dois, se formos considerar o péssimo B
runo Fernandes também).

Tendo em Guedes praticamente um adversário em campo e Bruno Fernandes sendo um grande nulo no meio, Portugal jogava praticamente com 9 contra uma Espanha com um meio de campo absolutamente fantástico e com Diego Costa, braços e faltas no primeiro gol à parte, letal, e Iniesta em sua melhor versão.
A virada espanhola deveria ter acontecido já no primeiro tempo, mas um desafortunado De Gea devolveu a vantagem aos lusos, mostrando que a estrela de Ronaldo estava acesa.

Era a oportunidade de Fernando Santos arrumar a casa, sacando as nulidades da primeira etapa e mandando a campo já Quaresma, para desafogar Ronaldo, e até um balde d'água no lugar de Bruno Fernandes, sem função em campo.

Quando a representação lusa acordou, a Fúria já tinha virado o jogo e encaminhava uma vitória até tranquila, mas resolveu sentar no placar ao tirar o gigantesco Iniesta, condutor de tudo de bom que a Espanha tinha em campo. De perdido em campo, Portugal se salvou tal e qual o peregrino que garantiu que o Galo de Barcelos cantaria já morto, à mesa do juiz, no golaço de falta de Cristiano, como há muito tempo não se via. Com curva, colocado, inapelável.

Mesmo assim, a falta que originou o gol aconteceu mais em virtude da injustificável afoiteza de Piqué do que por mérito dos de vermelho, embora a experiência de Ronaldo tenha contado muito para reter a bola e praticamente implorar pela falta. Depois, Quaresma, que entrou bem no jogo, quase deu aos lusos uma vitória em um jogo no qual poderia ter sido goleado, não fosse seu espetacular camisa 7, que, enfim, mostrou seu tamanho em um jogo de Copa do Mundo.