segunda-feira, 22 de julho de 2013

À sua porta

Meu coração está batendo à sua porta, mas você não vem abrir. Lembro-me que, não faz muito tempo, nem era preciso bater. Sempre que ele se aproximava, você vinha correndo e deixava a porta aberta. Afinal, já sabia que não tinha outro motivo para passar, senão te visitar.

De uns tempos pra cá, porém, você mudou. Ouvia o toc-toc na sua porta, mas não abria. Às vezes, dizia que estava ocupada; em outras, não quis abrir, e eu notei. Agora nem ouve mais. Deve estar tão acostumada com o som, com o tilintar do senhor-dos-ventos que acusa sua chegada, que nem percebe as batidas misturadas ao som ambiente.

Acho que este é o problema. Você o teve a sua disposição por tanto tempo que não dá mais importância para isso. É como uma roupa esquecida no fundo da gaveta. Quando estiver com muito frio, a encontrará e talvez queira usar. Se não quiser, deixará lá, esquecida, como está. A diferença é que uma blusa não sente. Um coração, sim. O meu também.

Mesmo assim, ele permanece aqui, ao pé da sua soleira, esperando por qualquer vestígio de atenção. E você sabe disso. E é isso o que mais dói. Como se fosse um cãozinho ao pé da mesa, que espera cair uma migalha do seu carinho. Qualquer uma. É uma condição estranha, pois é com elas que ele se alimenta, e é por causa delas que ele está morrendo. 

1 comentário:

Unknown disse...

Ok Portuga, me convenceu... vou abrir a porta pra vc ta bom????

S2