quinta-feira, 1 de maio de 2014

As águias colossais

Disse Alberto Caeiro, o mais ilustre heterônimo do poeta Fernando Pessoa, no imortal Mar Português, que para passar o Cabo Bojador era preciso passar além da dor. Nesta noite o Benfica superou não só a dor, como também um adversário poderoso, com uma das camisas mais pesadas do mundo, a Juventus, em seu estádio lotado. 

As Águias foram enormes. Terminaram o jogo com nove por causa da expulsão de Enzo Perez, na metade da segunda parte, e a contusão de Garay, antes dos oito intermináveis minutos de acréscimos, mas que valeram pelos mais de 230 mil sócios e 14 milhões de corações encarnados espalhados pelo mundo. 

Jorge Jesus, a quem tanto critiquei em outras épocas, armou uma defesa quase intransponível, com os colossais Maxi Pereira, Luisão e Garay anulando praticamente todas as ações ofensivas de La Vecchia Signora, que, apesar do enorme volume de jogo, não criou mais que três chances reais para vazar um seguríssimo Oblak, quase todas no primeiro tempo.

Vendo o domínio absurdo do time da casa, Jesus avançou as suas linhas e passou a segurar a bola no campo de ataque, sobretudo com Rodrigo e Ruben Amorim, que foram gigantes na entrega. Mesmo após o cartão vermelho mostrado ao argentino, os donos da casa, com Pirlo e Tevez em noite sofrível, não tiveram argumentos para garantir um dos lugares na decisão do dia 14 de maio, em sua própria casa.

Assim, o Benfica terá a oportunidade de fazer o contraponto à desastrosa temporada passada, quando perdeu todas as decisões que disputou nos minutos finais das partidas. Com o título nacional já garantido, o time de Jorge Jesus está nas decisões das outras três provas às quais toma parte, e com grandes chances de fechar uma época perfeita.

Feito o relato da partida, peço licença para terminar este texto com palavras que saem do meu coração encarnado:

Fomos a Turim pra podermos ir a Turim. Fomos grandes porque somos grandes. Somos o maior clube do mundo, que não vive de estatais, xeques e mafiosos endinheirados ou emissoras de TV. Somos grandes porque vivemos de nós, por nós e para nós.

A festa feita após o fim do jogo. Benfica na final de Turim 

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