sábado, 30 de novembro de 2019

Portugal e o sorteio da Eurocopa - maldito sorteio


COM EMOÇÃO? Lahm "sorteia" Portugal (Daniel Mihailescu/AFP)
A fatura pela caminhada claudicante ao Euro'20 chegou quando Lahn tirou a bolinha com o nome de Portugal no pote 3 do sorteio para a formação dos grupos da segunda maior competição de seleções do mundo. O atuais donos da Europa foram colocados para nadar no tanque onde estarão Alemanha e França, os últimos campeões mundiais.

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Portugal, que não é nenhum coitadinho e é bom que se diga, não foi para o pote dois por causa de um ponto. Sabe aquela bola na barra de Danilo no jogo contra a Ucrânia? Não foi isso não. Foi a postura engessada e pouco criativa da turma de Fernando Santos ao longo da partida contra a equipe mais bem organizada e treinada do grupo que lançou a Equipa das Quinas aos outros tubarões. Se tivesse empatado, Portugal teria 18 pontos - os mesmos da Ucrânia, na melhor das hipóteses - e escaparia das mãos sedentas por vingança dos franceses.

Historicamente, Portugal se dá bem em grupos complicados. Na Eurocopa de 2012, alinhou com Alemanha - para quem perdeu, claro - e Holanda - de quem ganhou, claro -, além da Dinamarca, que também superamos; em 2000, fez o pleno de pontos contra Alemanha, Inglaterra e Romênia. Já em grupos mais acessíveis, costumamos nos enrolar, como aconteceu nas Copas do Mundo de 2002 (Estados Unidos, Coreia do Sul e Polônia) e 2014 (Alemanha, Estados Unidos e Gana). Até em 2016, contra as apatecíveis Austria, Islândia e Hungria, passamos com as calças em uma mão e o rosário na outra.

O problema nem é esse, já que a gestão Fernando Santos teima em desafiar a lógica e ganhar títulos. Se a tradição mostra que os Tugas superaram adversários fortes, é exatamente contra eles que o futebol apresentado ultimamente não costuma dar para as contas, exatamente o oposto do que aconteceu quando vencemos os ingleses e despachamos os alemães em 2000 ou quando eliminamos os holandeses em 2012. Naquelas ocasiões, Portugal vinha jogando muito bem, o que tem sido raríssimo com o Engenheiro do Penta.

A sorte é que a estreia é contra quem vier do Grupo A da repescagem, que pode ser Bulgária, Hungria ou Islândia (se passar a Romênia, ela irá para o Grupo C, já que é uma das anfitriãs, vindo o time que vencerá entre Geórgia, Bielorrússia, Macedônia do Norte ou o perigoso Kosovo), e uma vitória poderá bastar para não quebrar a escrita de nunca ter ficado na fase de grupos, nas sete vezes anteriores em que Portugal disputou o europeu. 

São sete participações: seis seguidas, com cinco semifinais, duas finais e um título. É um dos cartéis mais respeitados do futebol europeu, e com dois dos dez melhores jogadores do mundo, mais o sem número de talentos que garante a Fernando Santos o melhor grupo de jogadores que nem Oto Glória ou Felipão tiveram à disposição. Basta ver se Portugal será o time leve que colocou a Holanda na roda na final da Liga das Nações ou a equipe com poucas ideias, mas difícil de ser batida - e de vencer também -, que tem sido praxe nos últimos tempos.   

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