domingo, 23 de julho de 2023

PORTUGAL - A História está escrita por elas

Portugal fez sua estreia em mundiais. Uma história que começou há quase meio século, foi interrompida - porque, "afinal, jogar à bola não é para raparigas - e agora é levada a sério. Pode mais.

Como mostrou poder frente às vice-campeãs do mundo. As comandadas de Francisco Neto não abdicaram do jogar à portuguesa, buscando a construção de jogo desde as centrais. Pensando neste jogo, pode ter sido um erro, pois Portugal nunca conseguiu superar a frescura e a superioridade física das neerlandesas, sempre a recuperar a posse de bola ainda na sua metade ofensiva. Pensando em longo prazo, mais do que construir jogadas, as portuguesas estavam a construir uma identidade. Saber o caminho é a melhor forma quando se quer chegar a algum lugar.

Talvez o maior erro do selecionador português tenha sido sobrecarregar os pés mais finos entre as que não vestiram laranja, os de Andreia Norton, o que acabou por fazer que a espetacular Jéssica Silva tivesse que se virar sozinha durante boa parte do tempo. Jogar sem Kika Nazareth ou Telma Encarnação desde o início também não se mostrou uma decisão muito feliz, pois não havia quem incomodasse as centrais contrárias, que sempre jogaram compactadas e em vantagem numérica onde quer que a bola estivesse.

Claro que, além disso, o nervosismo das debutantes deixou tudo mais difícil.

Na segunda parte, mais à vontade ante a grandeza do palco, já com as neerlandesas a marcar mais perto do meio-campo, Portugal pode mostrar um pouco do que é capaz. Trocas de passes, velocidade, Jéssica Silva. O empate não era mau, embora a turma que mais fez por merecer a vitória tenha sido quem realmente venceu.

Para quinta, no mesmo horário, haverá mais. E será mais um passo em busca do crescimento. O resultado, para já, é o que menos importa. Que desfrutem o caminho.

Na imagem, a emoção de Jéssica Silva mostra o que representa estar no Mundial para quem, há meio século, nem poderia jogar.

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