segunda-feira, 15 de maio de 2023

PORTUGUESA - Sonhos e pesadelos

Uma das diversões que o ócio proporciona em grupos de amigos dispostos a falar de futebol é criar seleções disto e daquilo. O onze histórico, o time com os melhores que fulano viu, o top cinco. Há versões para todos os gostos. 

Ou desgostos.

Neste caso, podemos citar os piores jogadores por setor, por posição ou mesmo o onze mais capaz de acarretar os piores transtornos psicológicos que o futebol pode causar. 

No ano do centenário da Portuguesa, fui um dos jornalistas escalados pela Federação Paulista de Futebol para escolher a “Melhor Portuguesa de Todos os Tempos” e fui de Felix; Djalma Santos, Brandãozinho, Marinho Peres e Zé Roberto; Capitão, Enéas, Dener e Pinga; Julinho e Simão. Com Otto Glória a comandar este timaço.

Como sou torcedor da Lusa desde 1985  - esse negócio de ser torcedor desde que nasceu é sonho de todo pai/mãe fã de futebol que se preze, mas não é bem assim não, ainda mais quando o time não favorece-, a campanha do último vice-campeonato paulista daquele ano é o ponto inicial do período no qual eu pinço os nomes para preencher o time dos meus sonhos.

E o dos meus pesadelos também.

Desde 2002, quando nosso pescoço foi atingido pela primeira vez pela lâmina que degola equipes ruins e/ou desafortunadas e passamos a colecionar mais rebaixamentos do que a Gretchen tem de casamentos, escolher um jogador para entrar no rol dos melhores que vestiram a camisa da Lusa em campeonatos de Primeira Divisão é uma missão ingrata, ainda mais para quem viu Serginho, Zé Maria, Zé Roberto, Luís Pereira, Emerson, Cesar, Jorginho, Alex Alves (os dois), Dener, Toninho, Edu, Roberto Dinamite, Bentinho, Paulinho McLaren, Evair, Leandro, Rodrigo e tantos outros. Gilberto? Moisés? Moisés Moura? Bruno Mineiro? Dida? Valdomiro? Diogo? Não consigo pensar num onze com facilidade para isso.

O time da Barcelusa era legal? Era um timaço, mas um timaço que brilhou na Segunda Divisão, e eu entendo quem busque nele seus heróis, como Ananias e Edno, mas para quem passou a maior parte da sua vida de torcedor disputando a elite, e com boas possibilidades de títulos em alguns destes anos, eleger quem brilhou na Série B é um troço triste demais. A2 e Copa Paulista, então, esquece.

Quando, daqui a alguns meses, eu resolver atualizar minhas escolhas dentro destes grupos de amigos dispostos a falar de futebol e criar seleções disto e daquilo, suspeito que a Portuguesa versão 2023 estará representada, e não será só por um ou dois.

E minha psicóloga adiará a minha alta por tempo indeterminado.

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