sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Sobre a arrogância

Não sou fã do presidente Lula. Inclusive, me incluo entre os que reprovam seu governo. Suas declarações também não me agradam, mas como estamos numa democracia, há que se respeitar os que acham o contrário. Mas hoje ele deu uma dentro ao criticar a indolência dos jogadores da Seleção Brasileira. Inclusive elogiou o espírito aguerrido da Argentina, em especial do atacante Messi, que quado perde a bola, segundo suas palavras, sai correndo até recuperá-la ou fazer falta, enquanto os nossos cruzam os braços.

Nunca na história desse país alguém que apenas disse o óbvio foi tão feliz. Eis que vem o goleiro Júlio César, todo melindrado, e sugere que o mandatário maior renuncie à presidência e, já que gosta tanto, vá morar na Argentina. Foi de uma arrogância gigantesca. Some-se a isso o celular atendido pelo Ronaldinho Gaúcho no pódio, em Pequim, e a conturbadíssima saída do Robinho, do Real Madrid, e constataremos que a prepotência anda em alta no nosso escrete.


Mas engana-se quem pensa que isso é um fato novo. Na Copa de 50, os jornais declararam o Brasil "Campeão do Mundo" no dia da final, e deu no que deu, deu Uruguai. Em 74, quando perguntado ao Zagallo, então treinador da Seleção, se ele conhecia o time da Holanda, a sensação daquele mundial com seu "Futebol Total". A resposta ouvida foi um "nós somos os tricampeões do mundo! Eles que se preocupem som a gente", ou qualquer coisa nesse sentido. Pois bem, assistimos a uma aula de como se joga bola, e a Holanda seguiu no Mundial.

Na última Copa a comissão técnica da Seleção abriu mão de treinos técnico e táticos para dar lugar ao famoso "dois toques", do qual o Zagallo é adepto fervoroso, mais a badalação digna de uma boy band. Inclusive o próprio técnico Parreira entrou no clima, dizendo que ali não ocupava o cargo de treinador, mas de gerenciador de talentos. Fê-lo muito mal, por sinal, e o que se viu foi uma sequência de episódios deprimentes, que culminaram com a precoce eliminação (de novo pelos pés do gênio Zidane) daquela que foi tida como a melhor seleção que se formou no país depois do espetacular time de 82.

Não acredito que o Brasil consiga a proeza de não se classificar para a Copa, mas é bom esse bando de ensimesmados, que se julga acima do bem e do mal por fazer parte de uma pseudo-seleção, abrir os olhos, antes que seja tarde. Afinal de contas, não é só no dicionário que a arrogância precede o fracasso.

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