terça-feira, 27 de abril de 2010

O céu está em festa

Arquivo pessoal
Estou triste. Perdi meu avô. Foram quase 94 anos de muita luta, muitas tristezas e alegrias infinitas.


Bom ver que, no fim do curso da sua vida, todos aqueles que o amavam estiveram ali, do seu lado. Sinal de que teve uma vida plena e correta. Nunca ouvi de quem quer que fosse algo que o desabonasse.


Os últimos meses foram difíceis. Resquícios de um AVC avassalador. Ainda assim, foram dois meses de uma intensa batalha pela vida. Essa é a batalha que todos nós travaremos um dia e que, invariavelmente, perderemos. Mas a forma com a qual se luta é que diferencia os vencedores dos demais, e meu avô, neste aspecto, foi o maior vencedor que se houve.


A cada pessoa que chegava a certeza de que valeu a pena aumentava, se é que isso fosse possível. Como disse Fernando Pessoa no seu imortal Mar Português, "tudo vale a pena quando a alma não é pequena". E esta foi grande. Ao final, um choro em uníssono o acompanhou até sua última morada.


Nós vivemos pedindo milagres, mas só no fim é que percebemos que o milagre nos é concedido todos os dias. E o milagre foi a dádiva de tê-lo conosco por tanto tempo, e em plenitude.


Hoje nós choramos, amanhã serão outros, depois seremos nós, novamente. E assim a vida segue. E assim a morte segue. E assim a morte nos segue. Ela sempre nos alcança, mas o quê fizermos e como fizermos é que determinará o legado que deixaremos. E o legado do seu Mário Ferreira é o amor à família. Amor este que também o espera do outro lado do mistério. Quando lá chegar, ele deverá encontrar minha vó Ana, com as mãos na cintura e a perguntar: "Por que demoraste tanto?"


Arquivo pessoal

2 comentários:

Caio di Pacce disse...

Forza Caro Marquinhos!
Forza.
Um abraço forte.

Tamara disse...

Eu era vizinha do seu Mário ,e tdas as vezes que passei por sua casa ,ele com um sorriso na face ,sempre brincava comigo ...
Doce ,sensivel e amado por todos !
De :Tamara Bovi