quarta-feira, 5 de maio de 2010

Entre Scolari e Lazaroni

Faltando poucos dias para o anúncio dos 23 jogadores que representarão o Brasil em mais uma Copa do Mundo, a pressão para que Dunga leve a dupla Neymar-Ganso aumenta a cada dia. Dunga não é o primeiro, nem será o último. Lazaroni não levou o hoje comentarista Neto pra Itália, assim como Felipão deu de ombros ao clamor nacional e deixou Romário no Rio, em vez de levá-lo à Ásia. A diferença, aqui, é que o Felipão voltou com a taça e ninguém mais lhe encheu o saco. Já Lazaroni...


Podemos apontar o dedo para o Dunga por diversos motivos, mas se tem uma coisa pela qual o gaúcho prima é o respeito pelos seus critérios. Assim que chegou, esquentando a cadeira até a sonhada volta de Scolari, tratou de enquadrar as duas estrelas da companhia: Kaká e Ronaldinho Gaúcho. Ambos voltaram, mas este não aproveitou as infindáveis oportunidades que teve. Ele, Ronaldinho, não tem a confiança do chefe. Logo, está fora. Assim Dunga conseguiu, além de sair da sombra do Felipão, ter o grupo na mão, como reza o jargão do vernáculo futebolês. Convocar Gansos e Neymares seria arriscar perder o grupo.

Eu até gosto do Ganso. Jogador à moda antiga, joga de cabeça erguida, é rápido, tem rara visão de jogo e, como mostrou domingo passado, não treme. E o melhor de tudo: é sério. O Neymar domina todos os fundamentos básicos, como passe, chute, cabeceio e posicionamento, além e ter uma frieza que poucos veteranos têm na boca do gol. No entanto, parece que a fama lhe sobe à cabeça, não só na forma do moicano colorido, alisado e de gosto extremamente duvidoso, ou da gola da camisa levantada, mas principalmente na marra mostrada em campo e no detestável e condenável cai-cai. O jogador, sobretudo o atacante, deve ser malandro, sim, mas o que o Neymar vem fazendo beira a cafagestagem.

Não creio que Carlos Caetano os leve, embora gostaria de ver o dono da 10 do Peixe na lista. Restará esperar para saber que lugar a história reserva ao treineiro do escrete nacional. Se ficará ao lado de Felipão, na galeria de heróis, ou se fará companhia a Sebastião Lazaroni, com os fantasmas do passado arrastando suas correntes atrás de si, para todo o sempre.

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