terça-feira, 26 de junho de 2012

Tudo como dantes

Castelo de Abrantes (Rui Miguel Silva)

Tudo como dantes no quartel d'Abrantes. Era assim que se respondia em Portugal, no século XIX, quando alguém perguntava como iam as coisas. Era a época da invasão de Napoleão Bonaparte à Península Ibérica, quando a Família Real portuguesa, que não era besta, veio para o Brasil, fugida do general francês. Como uma das primeiras cidades a serem invadidas foi Abrantes, localizada às margens do Tejo, e não houve lá muita resistência, a resposta era usada em tom de ironia.

Tudo como dantes no império de Juju. Assim pode ser resumido o atual momento do São Paulo. Entra treinador, sai treinador, entra jogador, sai jogador, e tudo segue igual. A mesma auto-suficiência, a mesma soberba.

O que antes era um exemplo de gestão virou motivo de chacota. O Tricolor, com seu invejado e indiscutível planejamento, com sua localização em uma área nobre da cidade e sua mania de grandeza, despertava a admiração da imprensa, a ira das outras torcidas e conseguia, a cada conquista, um sem número de novos adeptos, que arrotavam sua pretensa superioridade a cada venda de um prata-da-casa para algum time rico da Europa (mesmo que o tal prata-da-casa fosse cooptado na base de algum co-irmão menos organizado).

A rotatividade na cadeira do presidente garantia a saúde administrativa do "Soberano". Ora, se quisesse continuar mandando, o presidente que fizesse seu sucessor. E assim a vida seguia. Seguia, pois, de uma hora para outra, a oposição se enfraqueceu, a tal cadeira presidencial virou trono e o déspota Juvenal Juvêncio nela se aboletou.

A cada competição perdida, a cada não-classificação para a Libertadores, a solução passou a ser a convocação de uma entrevista coletiva, concedida por El Rey, é claro, na qual Sua Majestade profere frases que já fazem parte do riquíssimo folclore do futebol brasileiro. O técnico Leão foi só mais um que passou pelo Reino de Juju e acabou virando bobo da corte, substituído toda vez que perde a graça. E tudo segue como dantes.

Sem comentários: