quinta-feira, 5 de julho de 2012

Corinthians, com méritos

NR: Eu não conseguiria escrever sobre o que representa para um corintiano a conquista de ontem. Assim sendo, um deles teve a fineza de fazê-lo por mim.

*por Breno Benedito

Emerson Sheik fez uma nação explodir de felicidade neste dia 4 de julho de 2012, o dia que ficará marcado pela inédita conquista do Corinthians na Taça Libertadores da América. O conjunto dessa obra não foi fácil, apesar de que o Boca na final não ter tanta resistência. A prova disso foi o camisa 10, Riquelme, que em campo foi se arrastando os 90 minutos, mas os 38 mil pagantes não se importavam com isso e antes dos 40 minutos já gritava “é campeão”.

O Corinthians tinha a Libertadores como o seu “calcanhar de Aquiles”, e a sombra da eliminação na pré-Libertadores do ano passado para um desconhecido Tolima. A estreia começou a brilhar logo na estreia, contra o Deportivo Táchira, quando, de cara, um susto: um gol no começo, mas a sorte começou a mudar. Gol de Ralf no último ataque. E na primeira fase viria a primeira colocação com quatro vitórias e dois empates.

Nas oitavas, um time do Equador, o Emelec. Nesta partida aconteceria a “estreia” de Cássio na Libertadores: um grande teste para o goleiro, que foi aprovado. Empate de zero a zero e a decisão viria para o Brasil. Vitória de três a zero e classificação. Nas quartas o adversário foi o Vasco, atual campeão da Copa do Brasil, e mais uma vez segurou o zero. Na volta, gol solitário de Paulinho, mas o da passagem à semifinal.

Encarar o campeão das Américas, o time mais badalado do momento, o Santos de Neymar, muitos deram a certeza que o time alvinegro teria mais uma desclassificação. Mas Emerson e um time de operários provaram que onde se ganha é no campo. Em São Paulo, empate por 1 a 1, que carimbou a passagem para a sua primeira final. E não seria com qualquer adversário, seria o Boca Juniors.

O primeiro jogo foi na Argentina. Seria a prova deste time que muitos consideravam frio e calculista. Com mais de 50 mil xeneizes, a La Bombonera virou um caldeirão. E Tite soube armar o Corinthians. É verdade que não criou uma chance clara de gol até a entrada de Romarinho. O gol de Roncaglia poderia desestabilizar o time, pois o trauma poderia passar na cabeça, o que não aconteceu, muito por mérito deste treinador. E o time manteve o mesmo jeito. Aos 39 minutos, o baixinho camisa 21, que havia acabado de entrar, escreveu seu nome na história e calou o alçapão.

No Pacaembu, a lotação máxima de 38 mil pessoas gritando como um bando de loucos, enlouquecidos pela expectativa de levantar a primeira taça continental. Nos primeiros 20 minutos o Corinthians estava um pouco nervoso, ansioso e no banco o “professor” Tite acalmava os jogadores. Depois disso, o time brasileiro colocou a bola no chão e ali e foi mais time. Foi o que em muitos anos não tinha a frieza de campeão. E o grito meio tímido e baixo aconteceu com Emerson, aos 15 minutos. Alex cobra falta na área e, no bolo, Danilo dá um leve toque de calcanhar e Sheik estufa as redes: 1 a 0.

O que se viu dali em diante foi um time argentino se arrastando em campo, não conseguindo criar uma chance sequer de gol. E aos 27 minutos, do alto dos quase 40 anos, o experiente zagueiro Schiavi tentou recuar uma bola, mas tinha um pé no meio do caminho. Esse é do Emerson, que dá um pique e faz o segundo gol. E ai era só esperar o fim parar conseguir a liberdade. Ela veio aos 47, e o Corinthians era o novo dono das Américas.

Ovacionado, Tite vive a redenção. Em 2011 queriam a sua cabeça após queda e Andrés Sanchez, ex-presidente, rechaçou e manteve e renovou com ele após título do brasileiro. Tite coloca seu nome e desse grupo na história deste clube. Além dele, Alessandro e Chicão, remanescentes da Série B, também merecem aplausos, e o Corinthians é o campeão, com todos os méritos.  

*Breno Benedito é corintiano, estudante de 
Jornalismo e trabalha na Federação Paulista de Futebol

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