segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Força, Marega!


GIGANTE Marega mostra a pele para os racistas
 vimaranenses (Divulgação/FC Porto)
O Estádio Dom Afonso Henriques foi palco novamente de um espetáculo dantesco, provocado por torcedores do Vitória de Guimarães na partida contra o Porto. Marega, maliano que defendeu as cores vimaranenses na temporada 2016/17, foi vítima de ofensas racistas durante boa parte do duelo.


Nada de novo. De novo.

Mas tão abominável quanto a ofensa racista sofrida por ele foi o cartão amarelo que recebeu do árbitro Luis Godinho por retardar o reinício da partida, como se isso fosse o mais importante. Sons imitando macacos foram ouvidos desde o aquecimento, segundo o jornal A Bola, e não houve nenhuma atitude por parte de Godinho, nem de ninguém. Ao fazer o gol da vitória portista, Marega respondeu aos insultos e foi advertido. O racismo estrutural é mais pernicioso que o racismo descarado. Não que este possa ser tolerado, mas ao menos mostra a cara. 

Companheiros tentaram demovê-lo quando deveriam fazer o mesmo. Exceto Marega, todos erraram. Quem não o apoia incondicionalmente, se coloca ao lado dos desgraçados das bancadas. Quem defende que ele deveria ter ficado até o fim é tão culpado quanto os criminosos racistas. Tivesse feito isso, ninguém estaria falando disso e existem coisas mais importantes do que três pontos. Orgulho, decência e respeito, por exemplo.

Depois de sete minutos de paralisação, o atacante pediu para ser substituído. Perdemos todos com isso.

EDIT. O treinador do Porto, Sérgio Conceição, não falou do jogo na coletiva depois da partida. Limitou-se a falar do tema: "Aquilo que tenho a dizer: o jogo passa para segundo plano quando acontece algo deste gênero. Estamos completamente indignados. Somos uma família independentemente da nacionalidade, da cor da pele, da altura, da cor do cabelo.Somos uma família. Nós somos humanos, precisamos de respeito. O que aconteceu aqui é lamentável". Seria perfeito, caso ele mesmo não tivesse dito, em 2019, que não via racismo em Portugal, quando parte criminosa da torcida do Porto ofendeu, com gritos racistas, o camaronês Nsame, então jogador do Young Boys.  

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