segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Benfica 1 x 2 Porto - dobradinha à moda do Porto

(Paulo Cunha/EPA)


Conta-se que, no início da Era das Navegações, o Infante D. Henrique visitava a cidade que deu origem ao nome de Portugal em vistoria aos estaleiros onde eram fabricadas as embarcações que seriam usadas na tomada de Ceuta. Na ocasião, pediu à população da cidade do Porto que doasse mantimentos às tropas comandadas por seu pai, D. João I. E assim foi feito, inclusive com o envio de carne bovina. Sobraram as vísceras dos animais, que foram usadas para a criação de diversas iguarias, como um ensopado grosso batizado como tripas à moda do Porto. 

Um prato semelhante é tradicional em Lisboa, com ligeiras variações, e recebeu o nome de "dobrada". Na capital portuguesa, vão à panela estômago bovino, presunto, chouriço e feijão branco. No Porto, estômago bovino, mocotó, galinha, toucinho, salpicão, chouriço e feijão branco. 

Há a terceira variação, a que foi servida em Coimbra no sábado por ocasião da final da Taça de Portugal, entre Benfica e Porto, a 10ª da Prova Rainha entre águias e dragões, mas que foi saboreada (pela segunda vez) somente pelos tripeiros, que venceram a Taça de Portugal e o Campeonato Português. Eis a receita:

Ingredientes:

1,5 kg dobrada sortida 

200 g presunto 

250 g chouriço de carne 

100 g toucinho 

500 g feijão branco 

200 ml vinho branco 

10 ml  vinho do Porto 

De 11 a 16 jogadores do Benfica completamente perdidos em campo

1 clube em crise, sem treinador

4 vitórias do Porto nos clássicos na temporada 

1 zagueiro para fazer os golos na final da Taça

2 volantes de vermelho que não marcam 

7 pontos de desvantagem recuperados na Liga

1 lateral que não cruza nem cheque

2 cebolas 

2 dentes alho 

4 tomates 

cenouras 

1 ramo de coentro 

1 colher de sopa de farinha de trigo sem fermento 

Sal (quanto baste) 

Pimenta branca em grão moída (quanto baste) 

Salsa picada (quanto baste) 

l caldo de carne 


Modo de fazer:

Deixe o feijão de molho na véspera. Cozinhe, escorra e reserve. Raspe bem a dobradinha, esfregando com sal grosso e com sumo de limão para tirar o cheiro. Lave bem em água corrente até esbranquiçar o bucho. Leve à panela, cozinhe até ferver por cinco minutos, escorra e lave novamente à água corrente;


Esqueça a bola, assim como seu adversário, e jogue às pancadas até ficar com um jogador a menos ainda na primeira parte para dar emoção. Busque cavar faltas ao pé da área contrária e levante a bola para o Mbemba. Quando não for nele, o Vlachodimos vai colaborar.


Acrescente sal, uma cebola, uma cenoura e o cheiro verde; pique o toucinho, a outra cebola, o alho, os adversários vestindo algo que parece ser vermelho e refogue; junte o ramo de cheiros e o vinho branco e cozinhe até reduzir pela metade; coloque o refogado na panela, misture o tomate, a farinha e parte (quanto baste) do caldo de carne, o chouriço, o presunto, as cenouras cortadas em pedaços pequenos, o Vieira, o Rui Costa, o Veríssimo, o Seferovic, o Nuno Tavares, o Weigl, os zagueiros do Benfica, o Chiquinho, o Pizzi e o Cervi, até ferver por mais cinco minutos. Se preciso, o Pepe fará o picado; faça um pênalti besta a cinco minutos do fim para dar emoção.

Adicione o feijão e a dobrada em pedaço, fervendo por pelo menos 30 minutos. Se preciso, coloque mais caldo. Ao fim, deite o vinho do Porto e trave os cinco minutos de acréscimos o quanto baste, cavando faltas, de preferência. O adversário tende a ser mansinho e irá colaborar, apesar de assustar com uma bola no poste no fim. 

Sirva com o Weigl e o Gabriel, se aproveite da demora do Veríssimo para mandar a campo o Taarabt, por tirar o Pizzi quando era preciso qualidade para chegar à baliza e por manter o Nuno Tavares em campo sem acertar um mísero cruzamento.

Coma à vontade e erga a taça. 

Vlachodimos: Odisseas, meu filho, tinhas sete companheiros na pequena área no primeiro gol. Pra que raios fizeste aquilo? A não ser que não os tenha reconhecido pela inexplicável cor de creme de papaia das camisolas novas, não há explicação;
André Almeida: a vida é de altos e baixos, Almeidinhos, exceto por 2020, que é de baixos e mais baixos ainda; 
Ruben Dias: tudo bem, Ruben. Uma atuação destas faz que interessados se afugentem e é bom que fiques mais, mas justo numa final?
Jardel: merecias uma despedida melhor. Não que com isso eu diga que espero que fiques um pouco mais; 
Nuno Tavares: diga ao mister Jorge Jesus que não eras tu, e sim um primo parecido, que jogou a final. Bom, podes alegar que ele esteve em seu lugar outras 14 vezes, pelo menos;
Gabriel: quando pensamos que o pior já passou, vem a Adidas e apresenta um equipamento feio daqueles, tão ruim quanto o futebol apresentado também pelo Gabriel. Não sei o que dizer;
Weigl: ainda não entendi que raio o alemão fazia em campo. Isso no sábado e em quase todas as partidas em que ele jogou (Carlos Vinicius: podias chutar o pênalti pra fora. Assim, não darias esperanças nos 10 minutos finais);
Pizzi: acabou 2019/2020, Luis Miguel. É a única boa notícia de sábado (Jota: 20 minutos em campo, o suficiente para jogar mais que todo o restante do time. Desculpa, João Filipe. Merecias mais de toda a gente benfiquista);
Chiquinho: após a 13ª tentativa frustrada de cruzamento do Nuno Tavares, levantei-me e fui levar o cachorro para dar uma volta. Podias ter feito o mesmo, tu e os outros 10 que estavam em campo (Taarabt: pensei em algo menos azedo para escrever aqui, mas nada vem à mente. É um vazio tão grande quanto as ideias do mister Veríssimo);
Cervi: sim, eu sei, jogar num time desorganizado não é fácil, e tens outros 150 jogos melhores que o de sábado, MAS ERA UMA FINAL, Ó, CARAÇAS! Podias ao menos fazer cara de inconformismo (Rafa: "Eu entro no lugar do Nuno, mister?" é a única pergunta que poderia ser feita quando o Rafa soube que iria ao relvado já após o intervalo);
Seferovic: já vi jogos ruins que fizeste, Haris, mas este... (Dyego Sousa: conseguiu a proeza de ser pior que o Seferovic. Para ser honesto, poucos renderiam num time tão desarticulado); 
Nelson Veríssimo: caro Nelson, tem tanta coisa que não entendo para apontar que precisaria de outra crônica destas.

Sem comentários: