terça-feira, 11 de agosto de 2020

Centenário da Portuguesa - os 100+11 da história da Lusa - parte 4


Chegamos aos anos 1980, que foram marcados pela queda de braço entre o presidente Oswaldo Teixeira Duarte e as emissoras de TV pela transmissão da final do Paulistão de 1985. OTD não aceitava receber menos que os outros quatro grandes e a final não teve transmissão ao vivo. Ainda fora de campo, outro caso que fez barulho foi o imbróglio que quase tirou a Lusa do Brasileirão de 1986, o mais bagunçado da história, por causa de uma briga envolvendo Joinville, Vasco e Justiça Comum.

Foi uma zona. Eram 80 clubes divididos em oito grupos, dos quais se classificariam os seis primeiros dos grupos A ao D, mais quatro por índice técnico e os primeiros dos grupos E ao H, totalizando 32 clubes. Estes seriam divididos em quatro grupos de oito, classificando os quatro primeiros de cada para o mata-mata, que apontaria o campeão. Dos 32 da segunda fase, os dois piores de cada grupo seriam rebaixados para a segunda divisão de 1987, além de todos os eliminados da primeira fase. Entre os eliminados - e consequentemente rebaixados - estava o Vasco, que fez 9 pontos. Os cariocas, porém, entraram na justiça contestando os dois pontos que o STJD concedeu ao Joinville em virtude de um caso de doping no jogo entre os catarinenses e o Sergipe, e ficaram com a vaga. O Joinville recorreu e o STJD acabou classificando os dois e punindo - adivinham quem? - a Portuguesa, que havia entrado na justiça comum por uma questão de venda de ingressos. Houve uma união entre os dirigentes paulistas, que ameaçaram abandonar a competição caso a Lusa, que ficou em segundo no seu grupo, com 12 pontos, não fosse recolocada na competição. Essa balbúrdia resultou na primeira virada de mesa da história do futebol brasileiro, já que o Botafogo e o Coritiba, que não se classificaram, recorreram à justiça para não serem rebaixados. Aí veio a Copa União e, mais uma vez, a Portuguesa foi posta à margem, tendo que disputar o Módulo Amarelo de 1987. O jornalista Mauro Beting explica neste longo, mas necessário, artigo de 2017.

Foi uma década de crescimento da infraestrutura social e do próprio estádio do Canindé, que passou a ser chamado oficialmente como Estádio Dr. Oswaldo Teixeira Duarte em 1979  e ganhou dois pares de refletores, inaugurados em 1981 com o Torneio Internacional do Canindé, que contou com a presença do tricolor carioca, Corinthians e Sporting, time português batido na final por 2 a 0.

A década de 1980 também marca a fundação do Grupo Folclórico da Lusa, do qual o editor do blog foi componente por mais de 10 anos.

Albéris
(1984/1987)
Alberis José de Almeida chegou ao Canindé com a difícil missão de substituir o lateral Odirlei. Deu tão certo que fez mais de 160 jogos pela Lusa nas quatro temporadas em que vestiu rubro-verde, sendo considerado um dos melhores da posição no país. Baixinho e rápido, tinha no apoio ao ataque seu ponto forte e foi titular do time vice-campeão paulista em 1985.

Caio 
(1979/1982) 
Luiz Carlos Franco é o nome de batismo do centroavante Caio, um dos principais goleadores da Lusa na década de 1980 (marcou 62 em 182 jogos). Vindo do Nordeste, foi apelidado de Pintor pelo jornal “A Gazeta Esportiva” por causa da beleza dos seus gols.  

Célio
(1985/1988)
Campeão paulista em 1978 no time que ficou conhecido como "Meninos da Vila", Marcelo Carlos Monteiro da Silva começou a carreira como atacante, mas virou primeiro volante nas mãos de Jair Picerni, sendo um dos destaques da campanha do vice-campeonato paulista de 1985. Fez 150 jogos pela Portuguesa até ser negociado com o Palmeiras, onde voltou a jogar como atacante. 

Daniel Gonzáles
(1978/1982)
Exemplo da mais fina estirpe de zagueiros uruguaios, Daniel Angél Gonzáles Puga aliava a raça charrua com a técnica de quem foi meia nas categorias de base do Nacional, o que fez dele um dos grandes ídolos da torcida da Lusa na virada das décadas 1970 e 1980, até que alguém teve a "brilhante" ideia de trocá-lo pelo também uruguaio Taborda, do Corinthians, onde também foi ídolo. Defendia o Vasco da Gama quando faleceu em janeiro de 1985, em um acidente automobilístico quando voltava de uma festa na casa do atacante Claudio Adão, que viria a defender a Lusa em 1987. Daniel Gonzáles tinha apenas 31 anos e estava com a esposa, Mabel, que sobreviveu ao acidente.

Eduardo
(1984/1989)
José Eduardo Ferreira é cria das categorias de base da Portuguesa e fez quase 220 jogos pela Lusa nos anos 1980, tendo sido um dos grandes jogadores do time vice-campeão paulista de 1985.
 
Edu 
Marangon 
(1984/1988)
O relógio do Morumbi apontava 11 minutos e 53 segundos do primeiro tempo da decisão do Paulistão de 1985, entre Portuguesa e São Paulo, quando o craque são-paulino Falcão não dominou o passe lateral feito por Nelsinho. Aí veio o lance que entrou no rol dos golaços que não aconteceram: foram dois toques para ajeitar a bola e, cerca de três metros antes da linha divisória do meio do campo, o chute. Quatro segundos até encontrar o travessão do goleiro Gilmar, diante de quase cem mil pessoas atônitasSeria um gol antológico, do meio-de-campo, e ainda na decisão do Campeonato Paulista. O “Boy da Moóca” surgiu na então Taça São Paulo de Futebol Junior de 1983, sendo pinçado para o time principal um ano depois. Em 1987, foi convocado pela primeira vez à Seleção Brasileira. Entre o time olímpico e o principal, foram 21 partidas e um gol marcado com a camisa do escrete nacional, o que lhe valeu uma transferência para o futebol italiano. Carlos Eduardo Marangon voltou à Lusa para ser campeão da Copa São Paulo em 2002, ano em que também dirigiu o time principal.   

Esquerdinha 

(1985/1988)
Envolvido na troca com o Palmeiras pelo meia Mendonça, Décio de Abreu, o Esquerdinha, teve uma brilhante passagem pela Lusa. Era titular absoluto do time que quase venceu o Paulistão de 1985 e, apesar de baixinho, marcou de cabeça o gol da Portuguesa no segundo jogo da final contra o São Paulo. Saiu do Canindé para jogar no Marítimo, em Portugal, e voltou para treinar as categorias de base rubro-verdes. Curiosamente, depois que deixou a Lusa, ainda ajudou o time do Canindé a se classificar para as quartas-de-final do Campeonato Brasileiro de 1996, quando marcou o gol da vitória do Bragantino por 1 a 0 contra o Internacional de Porto Alegre que ajudou na quase improvável combinação de resultados que o time do técnico Candinho precisava para avançar às quartas-de-final da competição

Everton  
(1979/1986)
Ao substituir o goleiro Hélio “Show” em um clássico com o Corinthians em 1979, Éverton Machado Jaenisch agarrou a titularidade e manteve-se sob o travessão luso até 1984, quando sofreu uma lesão gravíssima contra o Palmeiras. Ao se chocar com o atacante Reinaldo, o arqueiro luso teve que extrair um dos rins e o baço. Voltou em 1985 para ver, do banco de reservas, a Lusa perder a decisão do estadual para o São Paulo, quando o titular era Serginho. Éverton ficou na Lusa até 1986.   


Jorginho 

(1984/1990) 
Embora tenha 256 jogos defendendo a Portuguesa, ter sido uma das grandes revelações, ao lado de Edu Marangon, da Taça São Paulo de Futebol Junior de 1983 e marcado o gol da Lusa na primeira partida da decisão do Paulistão de 1985, contra o São Paulo, Jorginho entrou para a história da Lusa mais pelo que fez na beirada do campo, como treinador. Ele foi o técnico do time que ficou conhecido como Barcelusa, que ganhou com sobras a Série B do Campeonato Brasileiro de 2011. 

Luis Pereira 
(1985)
Um dos maiores zagueiros da história do futebol mundial, Luis Edmundo Pereira chegou à Lusa já consagrado após passagens brilhantes por Palmeiras, Atlético de Madri e Seleção Brasileira para disputar a temporada de 1985, quando comandou o jovem time que tinha, entre outros, Jorginho, Edu Marangon e Toninho, e que foi vice-campeão paulista.

Roberto Dinamite
(1989)
Maior artilheiro da história do Campeonato Brasileiro com 180 gols, Roberto Carlos de Oliveira, o Roberto Dinamite, disputou o nacional de 1989 com a camisa da Lusa, com a qual marcou nove gols em 18 partidas, sendo o principal nome do time que terminou a competição em sétimo lugar, a melhor campanha rubro-verde até então na competição. Anotou mais dois gols em sua estreia, em um amistoso com a Caldense, vencido pela Lusa por 2 a 0. Naquele dia, foi substituído por ninguém menos que Dener, que fez assim seu primeiro jogo pelo time de cima da Lusa.   


Serginho 
(1985/1989)
Sérgio Roberto da Silva, o Serginho, chegou à Portuguesa em 1985 depois de duas boas temporadas defendendo a Internacional de Limeira quando o presidente Oswaldo Teixeira Duarte resolveu apostar na contratação de jogadores que se destacaram por equipes do interior, como Célio e Toninho, do XV de Jaú, e Esquerdinha, do Santo André, todos eles destaques da Lusa na campanha do vice-campeonato paulista no mesmo ano. Dono de um vasto bigode, chamava a atenção em campo pelas atuações seguras e também por provocar os adversários com declarações antes dos jogos

 

Toninho 
(1985/1990)
O meia Antônio Benedito da Silva surgiu no XV de Jaú e chegou à Lusa em 1985 para ser um dos principais jogadores do clube nos anos 1980. Com o número oito às costas, formou com Célio e Edu o fortíssimo meio de campo vice-campeão paulista de 1985. Em 1989, Toninho dividiu a artilharia da competição com Tony, do São José, marcando 13 gols e igualando o feito de Carioca e Pinga(posteriormente, Paulinho McLaren também seria o maior goleador do certame). Com a camisa da Lusa, que vestiu 297 vezes e marcou 83 gols, Toninho chegou à Seleção Brasileira, convocado por Carlos Alberto Silva e é o 13º jogador com mais jogos pelo clube e, na lista de artilheiros, ocupa a 12ª colocação.   

 

Toquinho
(1980/1985) 
Mais um jogador de boa passagem pela Lusa nos anos 1980, Luis Carlos Lombardi da Silva é o nome de batismo do rápido e habilidoso ponteiro-direito Toquinho, titular do time vice-campeão paulista de 1985. Nas seis temporadas em que envergou a camisa lusa, marcou 42 gols em 273 jogos.  

 

Wilson Carrasco 
(1978/1982)
O meia Wilson Carrasco vestiu a camisa da Portuguesa em 226 jogos e jogou ao lado de jogadores como Daniel Gonzáles e Enéas.  

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