segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Benfica 2 x 0 Belenenses SAD - rodando para a História

ROTINA Quatro golos em dois jogos destravam veia goleadora de Darwin em Portugal (Guater Fatia)

A última vez que o Benfica arrancou no Campeonato Português com cinco vitórias em outros tantos jogos foi em 1981/82, quando era treinado pelo sueco Sven-Göran Eriksson. Naquela época, idos 38 anos, foram 11 vitórias seguidas no arranque do Campeonato. Ao longo da história, foram apenas nove as vezes em que os encarnados tiveram o registro intacto ao cabo de cinco jogos. Com Jorge Jesus ao leme, já é o melhor início, uma vez que ele havia alcançado 13 de 15 pontos disputados em três ocasiões. Só pelo Sporting é que o mister fez o pleno em seis jornadas (2017/18), o que estará em jogo de hoje a oito, com o Boavista, no Bessa.  

Esta, pois, não é uma marca vulgar. Bater o Belenenses SAD permitiu aos encarnados restaurar a diferença em cinco pontos para Porto e Sporting, tendo os Leões um jogo a menos, a ser cumprido esta semana contra o Gil Vicente, em Alvalade. E isto numa das partidas menos conseguidas do Benfica na temporada no que diz respeito à intensidade, excetuando-se, claro, a desastrosa digressão à Grécia, que ditou o afastamento precoce da Liga dos Campeões e, queiram ou não, condicionou o restante da temporada. 

Com o excesso de jogos no início da época pesando às pernas, com duas viagens ao meio, a rotação do time titular, que aqui no Brasil é motivo de dias de discussão e toneladas de tinta deitadas fora, já começou. E sem traumas. Gabriel, Pizzi e Waldschmidt não apareceram no 11 - o luso-brasileiro sequer ficou no banco -, dando seus lugares para Weigl, Rafa Silva e Seferovic. E foi por aí que o nulo do placar foi desfeito, em uma jogada que mostrou a sintonia e a sincronia das peças, sejam ou não habituais no time titular.

Eram cinco elementos encarnados - seis, se contar Weigl, que ficou à espreita na entrada da área - contra oito tipos todos em azul. Everton arrancou com a bola na meia esquerda tendo à frente a linha de cinco defensores mais para a direita do que deveria. O 7 buscou Rafa, que fez o movimento para sair da área e trouxe dois marcadores com ele, mas nenhum dos outros seis de Petit fez o combate a Grimaldo, que se aproximava e recebeu a bola sem marcação. No momento do cruzamento de primeira, outros dois estavam no encalço de Darwin, na entrada da pequena área; dos restantes, um tentou chegar em Grimaldo, outro seguiu Everton e houve um que guardou a sobra que nunca aconteceu, pois foi Seferovic quem testou no segundo pau, como se o marcador que sobrou, o lateral esquerdo Rúben Lima, nem ali estivesse, numa disputa desleal em que um, o vencido, tinha 1,75m, pouco para barrar o avança do suíço com seu 1,89m.

Pouco mais de um minuto depois, o segundo golo não saiu porque o pé esquerdo do guardarredes André Moreira impediu, na jogada que começou em Vertonghen, passou por Grimaldo, pelo pivô perfeito de Darwin na intermediária para a passagem em velocidade de Everton, que só parou no camisola 1.

Tudo bem que era um adversário muito manso, mas nota-se os frutos do trabalho de Jorge Jesus, ainda mais contra uma defesa que só havia sofrido dois golos nos quatro jogos anteriores, imaculada em três deles. Só que, se sofre pouco, o Belenenses SAD também cria quase nada, tanto que em meia hora a turma de Petit não havia sequer dado um chute no gol de Vlachodimos, expectador de luxo da partida. Naturalmente, o ritmo benfiquista baixou e a parte azul do que sobrou do Dérbi de Lisboa finalizou três vezes em cinco minutos, além do gol anulado pelo impedimento de Silvestre Varela.

Uma pachorrenta segunda parte só foi desfeita depois de um quarto de hora, quando os habitués titulares Pizzi e Waldschmidt renderam o apagado Taarabt e Seferovic, respectivamente. Weigl recuou para a cabeça-de-área, Pizzi postou-se à frente e Rafa subiu para fazer o quarto homem do meio, tendo o avançado alemão a fazer companhia para um Darwin um pouco mais espetado. Aí um festival de golos falhados começou: passe de Everton para Waldschmidt, que não viu Darwin e concluiu para fora; passe de Rafa para Darwin, que preferiu bater com força a servir o alemão em lance que André Moreira defendeu. 

A movimentação constante quase resultou quando o uruguaio até marcou, recebendo passe precioso de Waldschmidt, mas havia impedimento, primeiro do alemão quando acionado por Everton; depois, de Darwin, meia régua escolar à frente. Foi só o ensaio para o segundo golo da noite, finalmente o primeiro do 9 pela Liga. Gilberto, compondo pelo meia a marcação, desarmou Varela, Pizzi baixou para recolher a bola e chamar Weigl perto da própria área; e o alemão, outra vez em grande plano, deu um passe de 30 metros em progressão para o outro alemão, que deu a volta na marcação e serviu para Darwin tirar no mesmo drible um zagueiro, o goleiro e apenas rolar para matar o jogo, numa tranquilidade que contrastou com a dor de cabeça que terá Jorge Jesus para arrumar o time, que precisará de mais rotações, para a Liga Europa, a começar por Grimaldo, que saiu machucado.

Vlachodimos: um balde d'água teria a mesma serventia;
Gilberto: passei 90 e poucos minutos sem reclamar do gajo. Atípico, pois;
Otamendi: sobre a braçadeira de capitão estar com ele, só uma coisa: estou e pensar se recolhi a roupa do varal e o tempo está a mudar para chuva;
Vertonghen: a melhor escolha da vida dele foi ter a um campeonato mais calminho para a reforma. Chame a isso de planejamento de carreira;
Grimaldo: doeu na alma quando o pequeno Alejandro saiu de maca com as mãos no rosto. Que não seja nada (Nuno Tavares: desta vez não entrou para cumprir a cota da formação em campo);
Weigl: vi o Julian dando carrinho, buscando passes verticais e cada vez mais solto. Talvez as críticas deste de quem lês tenham sido injustas, mais pelos culpados, menos pelos motivos;
Taarabt: foi bonito o Adel a jogar para comemorar o prolongamento do contrato. Espero que o mister passe a usá-lo em jogos mais difíceis. Não gastemos talento à toa (Pizzi: de jogador mais festejado e de Seleção Portuguesa ao gajo que joga onde for preciso e sem reclamar. Se humildade tem nome, é composto e chama-se Luís Miguel);
Everton: não jogues tanto nos jogos com maior visibilidade, caro Cebolinha, ou então vem um Atlético de Madrid e te leva (Samaris: voltou, entrou e levou duas cacetadas sem dar nenhuma. Atípico, pois);
Rafa: caso exista justiça neste mundo, a Sega trocará o porco espinho azul por um tipo de barba escura e camisola vermelha (Pedrinho: ouvi dizer que o gajo já ganhou seis quilos de massa muscular. Já imaginaram quando aprender a chutar? Aí vai dar até para ponderar pagar por ele);
Seferovic: nem deram conta, mas o Haris já leva quatro golos neste começo de época (Waldschmidt: depois dizem que o Bayern não deixa escapar nada na Alemanha);
Darwin Núnez: que raio acontece que a multa rescisória do miúdo uruguaio ainda não é de 500 milhões? 


 


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