sábado, 3 de outubro de 2020

Benfica 3 x 2 Farense - os de casa também resolvem

Obrigado, Ody. Se não fosses tu... (Foto: José Sena Goulão/LUSA)

Quando voltou ao Benfica,
Jorge Jesus prometeu uma equipe jogando o triplo em relação à época passada para fazer frente aos compromissos da época. Naturalmente, isso não se consegue em meia dúzia de semanas ou quando o time ainda está a receber peças, coisa que somente cessará com o fecho da janela de transferências, que acontece neste dia 6 de outubro, mas contra equipas menos celebradas, como o recém promovido Farense, é preciso haver Benfica por 90 e tantos minutos.

Até houve, mas somente nos primeiros e nos últimos quartos de hora da partida. Quem esperava o Farense a fazer jus ao inacreditável retrospecto em partidas de primeira divisão, o tempo todo atrás da linha da bola e a jogar por uma falha para fugir do irremediável destino dos perdedores, se enganou redondamente. O sinal já havia sido dado no recente jogo particular de pré-epoca entre as equipas, em que o Benfica venceu no Seixal por 5 a 1, mas com três golos marcados nos últimos 10 minutos

Daquela partida, que também teve gol de Pizzi e o bis de Seferović,  houve Rúben Dias, que também marcou um golito. Agora, teve Otamendi na sua pior versão na segunda parte, depois de um primeiro tempo em bom plano. O debutante argentino, que não vinha sendo aproveitado pelo técnico Guardiola, esteve envolvido diretamente nos dois golos do Farense, que ainda não havia marcado no retorno à Primeira Liga.

Além disso, uma postura pouco combativa de um Benfica estranhamente conformado com as dificuldades impostas pelo 4-5-1 de Sérgio Vieira, com o ex-sportinguista Gauld e Oudrhiri abertos e Isidoro, Falcão e Jonatan a sufocarem a saída de um time lento para retomar a bola e a trocar passes para chegar ao golo de Rafael Defendi, ditaram as dificuldades que quase fizeram falhar o ataque à liderança. 

Em jogos assim, golos normalmente acontecem quando alguém erra. E os centrais dos dois lados foram os portadores da mudança do placar, mas da pior forma. A primeira rateada foi dos visitantes, numa altura em que o Benfica já começava a tomar conta do jogo, ao menos territorialmente: Cássio procurou Fabio Nunes na esquerda, mas Rafa interceptou o passe, apanhou a defesa desorganizada e avançou sem protestos até encontrar Pizzi. Isidoro e Falcão, como que estivessem a respeitar o distanciamento social, nem tentaram diminuir o espaço ao 21, que bateu sem marcação e ainda contou com o desvio de César Martins para abrir os trabalhos. E a primeira parte terminou com o Farense a atirar mais vezes que o Benfica e a obrigar Vlachodimos a ser a figura mais importante da primeira parte.

Aí veio o segundo tempo e o Farense seguiu agressivo e a reforçar Vlachodimos como nome do jogo. Também aqui houve a colaboração da dupla Jardel e Otamendi, após primeiro tempo em grande, que ao final tornou-se numa desastrosa estreia. O interminável brasileiro errou o bote em Stojiljković e Otamendi, que vinha na sobra, errou quase tudo: tempo, bola, exceto o pé do sérvio, flagrado pelo VAR. Aí seguiu o show do Ody: Gauld bateu, ele defendeu e na recarga Falcão marcou, mas o árbitro invalidou o lance por invasão de pelo menos dois elementos de Faro. Nova cobrança, nova defesa, mas para escanteio. Na cobrança do canto, Otamendi não saltou a altura de uma fatia de presunto, errou novamente o tempo da bola e Jonatan empatou, de cabeça.

No minuto seguinte, JJ causou uma revolução. Rafa, Gabriel e Waldschmidt, em má jornada, deram lugar para Pedrinho, Weigl e Seferović respectivamente. Não em tempo de evitar que o VAR salvasse, com correção, a cambalhota no placar imposta pelos visitantes, quando o impedido Gauld assistiu Fabricio dois minutos depois do empate. Mais um par de minutos e Stojiljković exigiu nova intervenção de cinema do arqueiro benfiquista.

Numa noite em que quase todos os reforços estiverem em mau plano, os da casa resolveram. Se o primeiro golo teve Rafa e Pizzi, o segundo saiu a partir do lançamento de Ferro para Grimaldo, que colocou na medida para Seferović recolocar os encarnados à frente. E foi o suíço a bisar na jogada que passou por André Almeida e Weigl antes de chegar ao generosos pés de Darwin Núñez, que deu o quarto passe para gol em outros tantos jogos pelo Benfica.

Ao fim, ainda houve tempo para Otamendi fazer outra das suas, demorar para passar a bola e ser desarmado ridiculamente por Patrick, que diminuiu e deu uma certa justiça pelo que o Farense apresentou.

Ao fim e ao cabo do mercado de inverno, o Benfica investiu €98,5 milhões, mas, às vezes, principalmente no início do trabalho, são os da casa que resolvem.

Vlachodimos:  pergunta ao mister se vai ser assim sempre, já que não é normal um guarda-redes ter que ter mais a bola que o Weigl, por exemplo. Bom, aí é até preferível;
André Almeida: Almeidinhos, meu caro. Estás sossegado assim porque o gajo que veio do Brasil chumbou os exames? 
Otamendi: pronto, já mostraste ao Weigl que é possível ser pior que ele. Já está bom;
Jardel: e não é que estás aí? Seria de bom tom manter-se inteiro até o Ferro recuperar a confiança. É pedir muito? (entrou Ferro: ora viva, Francisco! Nem parece o mesmo da época passada. Quero crer que não é porque ao lado do Otamendi tu parecias o Rúben Dias);
Grimaldo: podias agir como se a época toda fosse véspera do fechamento do mercado, que é quando jogas mais. Ou então até o Nuno Tavares aprender a cruzar;
Gabriel: não nos apetece essa imitação de Weigl (Weigl: nos apetece esta imitação de Gabriel. Esperamos que o Nuno Espírito Santo tenha visto, ó, rapaz. Ainda há dois dias de mercado);
Pizzi: ó, Luís Miguel, torço para que o mister pense no 11 como tu mais dez. Queira facilitar com atuações melhores que a de hoje, SFF;
Rafa Silva: já vás pensado, ó, Rafael Alexandre, em como jogarás quando notarem que és tu aquele gajo com a barba bem feita. Sugiro pintar o cabelo, por exemplo (
Pedrinho: ainda acho que deverias usar algo pra diminuir as olheiras, pá. No mais, sigas assim, rendendo bem em todos os 35 minutos por jogo em que estiveres, começando ou terminando);
Everton: bom, nem sempre as coisas vão correr bem. Sorte que contra equipes mansinhas, como o Farense ou o Sporting, o estrago não é notado;
Waldschmidt: estavas a se guardar para os jogos da Alemanha, Gian-Lucca? (
Seferović: podias fazer aquele gesto do Cristiano Ronaldo a apontar para o relvado e falar "Ich bin hier". Nem sempre é possível. Bom, quase nunca é);
Darwin Núñez: calma lá, rapaz. Ainda vais evoluir do gajo que dá passes de golo para o gajo que faz ele mesmo os golos. Não falei que conseguiria um bom chiste que envolvesse Darwin e evolução? (Chiquinho: gastei minha criatividade no comentário de cima. Entrar aos 88' também não ajuda).

Sem comentários: