terça-feira, 29 de setembro de 2015

A vez de Warner

Sepp e Warner. Parceria na FIFA (Geoff Robins / AFP/Getty Images)
O ex-presidente da Concacaf Jack Warner foi banido do futebol. Ele era o operador do esquema de desvio dos pacotes de hospitalidade (ingressos e diárias em hotéis, que eram na teoria proibidos de serem vendidos juntos) em Copas do Mundo e demais eventos promovidos pela FIFA. Diversas vezes ele foi "punido" por causa da prática, afastado em outras, mas o negócio dos ingressos ficava a cargo dos filhos.

Warner estendeu seus tentáculos até sobre a política de seu país, Trinidad e Tobago, onde foi deputado entre 2007 e 2013, quando renunciou (adivinhem por quê?). Também era ele o responsável por cooptar e aglutinar os votos da região nas eleições para a presidência da entidade máxima do futebol mundial ou para definir as sedes das competições, que é a ocasião em que o vil metal mais corre nos lados de Zurique.

Entre outras peripécias do dirigente, está o desvio da verba destinada ao Projeto Goal, que fomenta (ou deveria fomentar) o desenvolvimento do futebol em países pobres e/ou lugares sem tanta tradição no esporte. A Concacaf, convenhamos, encaixa-se nos dois casos. E o Centro de Treinamentos que seria construído nas Ilhas Cayman nunca saiu do papel. Pergunte a Jack onde está o dinheiro.

Warner, um dos dirigentes presos neste ano em um hotel na Suíça, na véspera da eleição vencida por Joseph Blatter, também é acusado de ter abiscoitado cerca de US$ 1 milhão em doações para as vítimas do terremoto que devastou o Haiti em 2010. Um santo homem, portanto.

Não estamos habituados a ver figurões caindo, ainda mais no caso da FIFA (uma das mais obscuras organizações do mundo e envolta em denúncias desde os anos 1970, quando João Havelange derrotou o britânico Stanley Rous e, ao inaugurar o comércio de compra de votos na entidade, deu início a um dos maiores e mais corruptos impérios do mundo), mas que dá uma pontinha de esperança, isso dá.

Para ir além

Quem tiver interesse de conhecer o submundo da FIFA, leia: “Jogo Sujo” e “Um Jogo Cada Vez Mais Sujo”, do escocês Andrew Jennings; “O Lado Sujo do Futebol”, de Amauri Ribeiro Jr, Leandro Cipoloni, Luiz Carlos Azenha e Tony Chastinet; e “Jogada Ilegal” do português Luiz Aguilar. Mas é bom preparar o estômago. 

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