quinta-feira, 17 de setembro de 2015

O monstro e a bomba-relógio

Cena do filme "O Monstro", de Roberto Benigni
"O Monstro" é um dos melhores filmes do genial italiano Roberto Benigni. Lançada em 1994, a película traz a divertidíssima história do pintor de letreiros caloteiro Loris, vivido pelo próprio Benigni, que é acusado pelos crimes cometidos por um serial killer.

Na mesma Itália, "O Monstro" passou a ser o termo usado para designar o zagueiro brasileiro Thiago Silva por causa de suas estupendas atuações com a camisa do Milan entre 2008 e 2012. A transferência d'"Il Mostro Della Difesa" para o novo rico Paris Saint-Germain causou comoção entre os rossoneri, inconformados com a saída de seu capitão.

A consagração do defensor poderia vir na Copa do Mundo de 2014. Disputada no Brasil, seria a oportunidade de entrar para a história de vez. Afinal, o zagueiro poderia ser o primeiro capitão a erguer o troféu em casa e enterrar de vez o Maracanazzo. Isso após uma história de superação pessoal, que inclui até a cura de uma tuberculose. Mas não foi bem assim que aconteceu.     

No filme de Benigni, uma série de trapalhadas coloca o desastrado Loris na cena do crime diversas vezes. Diversão garantida. Com o "monstro" brasileiro, no entanto, não teve graça nenhuma. A imagem de impávido líder do jovem escrete nacional, responsável por arrancar de vez as correntes que se arrastam no imaginário ludopédico tupiniquim, começou a ruir já nas oitavas-de-final da competição, quando desabou num inesperado e inexplicável choro momentos antes da disputa de pênaltis contra o bom time do Chile.

DESTEMPERO DO CAPITÃO O reserva Paulinho consola Thiago Silva
durante a Copa do Mundo (Wilton Júnior/AE)
No massacre da Alemanha nas semi-finais, no Mineirão, ele estava suspenso e viu de fora os desastrosos Davis Luiz e Dante sendo dominados como juvenis pelos alemães, mas sua imagem já estava avariada para ser poupado.

Quase um ano depois, o destempero do defensor voltaria a ser destaque quando cometeu um pênalti imbecil pelas oitavas de final da Liga dos Campeões, contra o Chelsea. Naquela partida, porém, ele se salvou ao marcar o gol da classificação dos franceses, que seriam eliminados pelo campeão Barcelona já na fase seguinte.

Veio a Copa América do Chile, a primeira competição oficial da Seleção após o vexame de 2014 e, outra vez, Thiago Silva, que havia perdido a braçadeira de capitão e foi chorar as pitangas para a imprensa, colocou a mão na bola dentro da área em uma jogada que não representava o mínimo perigo ao gol do Brasil. O jogo, que era tranquilo, virou um pandemônio, foi para os pênaltis e o Brasil foi eliminado. Thiago, outra vez, não cobrou.

DÁ PARA CONFIAR? Dois pênaltis infantis (Montagem: ESPN)
Mesmo atuando em alto nível com a camisa do PSG (condição, inclusive, que ele não perdeu), o destemperado Thiago não cabe na equipe nacional que busca recuperar o lugar no primeiro nível do futebol mundial, mesmo tendo qualidade técnica para tanto. É como uma bomba-relógio com o visor tapado: não se sabe quando, mas vai explodir.     

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