terça-feira, 25 de junho de 2024

BRASIL - Sem alegria, nem ousadia

ENGESSADO Brasil parou na marcação e na falta de
criatividade do sistema de jogo (Patrick T. Fallon/AFP)


No primeiro jogo oficial sob o comando de Dorival Júnior, um insosso 0 a 0 com a Costa Rica, o Brasil teve uma estreia muito abaixo do esperado na Copa América do Tio Sam, competição na qual tentará o décimo troféu.  

Como sempre, a seleção brasileira está exposta ao exagero, qualquer que seja a fase e o desempenho apresentado em campo. Como o Brasil partiu do nada deixado por Fernando Diniz para o aceitável com o Dorival - que recebeu a batata quente em forma de previsão de goleadas contra Inglaterra e Espanha -, a malta voltou a achar que o "futebol penta campeão" engrenar. E ainda há a passagem de bastão do Neymar, que não foi sombra do que poderia, para o Vinícius Júnior, favorito por ora à Bola de Ouro, mas que ainda não esteve à altura na seleção por uma série de fatores. 

Aí, é sempre bom lembrar que todos os adversários têm um trabalho em andamento. O Brasil, por absoluta incapacidade da CBF, ainda está engatinhando. Essa foi a quinta partida do Dorival, salvo engano. Não se faz um time em meia-dúzia de jogos.

E tem a estupidez da Conmebol, que aceita que a Copa América seja jogada em campos menores, $abe-$e lá por quai$ motivo$, e essa é mais uma dificuldade para quem tem que sair para o jogo. 

Longe de mim querer achar que sei mais de futebol que ele, mas um campo quatro metros mais estreito e cinco metros mais curto reduz a chance de sucesso contra times que jogam com uma linha de cinco atrás. Isso requer um jogo mais pausado, com paciência, com movimentação na frente e circulação da bola para  bagunçar a marcação e achar espaços. Aí existem dois problemas: sem um 9 de referência (Rodrygo não é centroavante) para incomodar os zagueiros e fazer aparecer esses espaços para o proveito dos que vêm de trás, o Brasil ficou correndo com a bola, afoito. Tinha dois volantes sem lá muita função e, para ajudar, Vini Jr foi anulado pela marcação costarriquenha, também porque não havia espaço para jogar como gosta no Real Madrid. Nas poucas vezes em que superou seu marcador, a jogada morreu na sobra. A presença de um 9 possivelmente criaria esse espaço.

Dorival Júnior, como qualquer outro treinador, deve pensar em um time base para que as rotinas de cada posição dentro do processo sejam assimiladas, mas alguns jogos requerem jogadores de características distintas. Contra uma defesa fechadinha, seria mais proveitoso que o lateral Yan Couto ocupasse a vaga de Danilo, pois é mais ofensivo e poderia auxiliar o ponta que estivesse em campo, fosse ele Raphinha ou Savinho. 

Com 10 ou 15 dias de treinos, além dos períodos de cinco ou seis dias espalhados pela Data-FIFA anterior, o máximo que dá para fazer é ver quem se encaixa nas ideias do treinador ou como o Dorival pode ser adequar ao que tem. Não é razoável achar que a seleção, em retomada de trabalho, chegaria à Copa América em ponto de rebuçado. Da mesma forma, a tendência é ter uma cara de time bem definida quando for disputar a Copa de 2026, para a qual obviamente se classificará.

Ser mais ousado, porém, não depende disso.

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