quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Ame

Certa vez alguém me perguntou o que é o amor. Parece uma resposta fácil, já que todos, sejam bons ou maus, ricos ou miseráveis, alegres ou tristes, leais ou cafajestes, já experimentaram a sublime sensação de amar, mesmo que não tenham sido correspondidos.

Parece, pois, mas não é. Com precisão, quem é capaz de definir o que é o amor? Pode ser um aperto no peito, um descompasso do coração, uma dificuldade para respirar, o suar das mãos, o embargar da voz ou o rubor da face na primeira suspeita de ter sido descoberto. São meras conjecturas (ou não).

Lembro-me que, quando criança, apaixonei-me pela menina que sentava na carteira ao lado da minha, na escola. Seu nome era Fátima. Pele clarinha, cabelos cacheados e um olhar... Ah, aquele olhar! Olhos negros como a noite, mas que brilhavam feito a lua cheia. Evidentemente, nunca disse a ela. Amor infantil é assim mesmo. Você sonha, pensa nela, quer estar sempre junto, mas ela não pode saber!


Por quê? Quem é que sabe? Medo, talvez; timidez, sei lá. Até porque o amor não se explica. Sente-se, apenas, e isso basta. No amor você não escolhe. Não se ama o de melhor conduta, o de boa família, o mais bonito, o mais popular. O que determina por quem irá bater o coração pode ser a voz, o olhar, o jeito de andar ou de segurar o cigarro, ou nem isso. Conjecturas, apenas e tão somente hipóteses. Quem sabe? Ninguém, a não ser o coração.

O coração. Ah, o coração, esse matreiro! Ele não avisa, tão pouco escuta a voz da razão. É independente. Às vezes, dá uma dica aqui, outra acolá, dá uma acelerada. O problema é que a gente não dá bola, nem percebe. Aí, quando vemos, é tarde demais, pois o cupido já fez seu serviço.

Há quem diga que o tempo é capaz de entender o amor. Discordo. O tempo é o senhor da razão - reza a sabedoria popular -, e amor e razão são imiscíveis como água e óleo.

Ainda que seja, não se deve dar tempo ao amor. Ame hoje, e intensamente, sem querer nada em troca. Ame o sol, que te dá a luz; ame a lua, que clareia a imensidão da noite; ame seus pais, seus filhos e seus irmãos; ame os animais, os amigos, que são com quem podemos contar nos momentos de incerteza; ame as dificuldades, pois são elas que nos fazem dar valor aos momentos de paz; ame a tristeza, que faz a alegria ter sentido; ame a tudo e, principalmente, a Deus, que nos dá a vida e tudo o mais que podemos ter.

Enfim, apenas ame, incondicional e imensuravelmente, mesmo sem saber o porquê ou o "para quê", pois o amor alimenta os sonhos e estes são o combustível da vida.

Falando nisso: por onde andará a Fátima?

2 comentários:

Laize disse...

Nossa, que lindo esse texto!!!
Parabéns!!
Bjs,

Carol disse...

LindO, ProfundO, e real...
Amar é bOm...mesmo quandO parece Loucura...PARABENS...nunca pensei ler um texto desses em um blog direcionado ao FutebOl...bjOO..=D