terça-feira, 3 de junho de 2014

Com muito gosto

Não é de hoje que um sentimento anti-Seleção Brasileira cresce no país. Mesmo representando uma parcela diminuta da população, sobretudo formada por jovens que têm acesso ao futebol internacional e acabam se identificando mais com o futebol visto na ecrã de um computador ou pela TV a cabo do que aquele praticado a poucos metros do seu quintal, é um fenômeno que chama a atenção pelo fato de que, até bem pouco tempo, era impensável alguém que não torcesse pelo escrete nacional.

Vários motivos podem ser apontados: o "complexo de vira-latas" rodrigueano, de achar que tudo o que vem de fora é melhor, mesmo o Brasil sendo exportador do pé-de-obra usado lá fora para encantar o incauto tupiniquim insatisfeito; a ida cada vez mais precoce deste pé-de-obra, que pouco acrescenta na história dos clubes formadores e o consequente distanciamento da própria equipe nacional; o arroubo rebelde e questionador resultante dos protestos que começaram em 2013 e que fizeram com que nada prestasse no Brasil. 

Acontece que a Copa não é, e nunca foi, a culpada pelos desmandos e barbaridades feitos no Brasil desde nossos antepassados portugueses cá aportaram (vocês também têm sangue português. Nem tentem negar isso). A Copa não traz estrutura. Em lugar nenhum isso aconteceu e não seria aqui que aconteceria. É compreensível que o desalento esteja à flor da pele, uma vez que há uma enorme carência no que diz respeito às necessidades básicas das pessoas, mas se o problema é o evento, depois de junho não haverá motivo para reclamar?

Mesmo assim, faço parte do ínfimo grupo que torcerá para que a Copa do Mundo fique com qualquer umas das outras 31 seleções que estão chegando. Particularmente, já não torço pela Seleção desde que entendi que ela é instrumento de manobra não de um governo (pura alienação, má vontade e pobreza nos argumentos de quem se diz anti-PT e nem sabe por que, achar que é), mas de um grupo que usurpou o futebol do Brasil e desde 1987 virou posseiro dele.

Assistir aos jogos do Brasil me causava o mesmo furor de uma partida entre Figueirense e Goiás, pela oitava rodada de qualquer campeonato modorrento de pontos corridos. Só que depois do que foi feito com a Portuguesa no ano passado, a indiferença se tornou aversão a tudo o que lembre ou tenha a chancela da CBF.

Eu poderia torcer pela Alemanha pela forma que eles tratam não só o futebol, mas de tudo. Ou pela Argentina, já que seria divertidíssimo ver a cara da pachecaiada se entreolhando enquanto Messi erguesse a taça. Ou por Portugal, por uma questão óbvia.

Mas não. Apenas torcerei contra. E com gosto, muito gosto.

2 comentários:

Unknown disse...

Boa noite Marcos,você faz muito bem em tomar esta atitude,eu faço o mesmo mais há muito mais tempo.
O que fizeram com a Portuguesa foi imoral,como um tribunal despreparado,com advogados incultos conseguiu triunfar, e o pior foram os "co-irmãos" paulistas que não a ajudarem.
Na Copa do Mundo eu gostaria que qualquer time fosse campeão,menos o Brasil,se possível eu gostaria que a Argentina ou o Uruguai fossem um dos campeões,no caso do Uruguai seria divertidissímo que no mesmo país,cidade,estádio repetisse o feito de 1950. As pessoas me perguntam se eu tenho alguma coisa contra o país,eu falo que não,falo que eu tenho contra quem o administra.
Abraços, e boa sorte na jornada do seu blog e da Portuguesa.

luiz gomes disse...

Me sentiria mais um ignorante ao torcer pelo time da CBF e apoiar esses indecentes bandidos do mais baixo nível. Só um pais como o nosso suporta uns tipos como marins, neros, havelanges, ricardos e agora mais um para a gangue, sr scolari que se faz de sonso no caso de sonegação.