USO INTERNO Fazer o pleno contra os grandes em plano caseiro não foi suficiente para dar ao Braga o ânimo que precisava para superar os Rangers (Foto: Miguel Riopa) |
Das frases de efeito de Muricy Ramalho, a que eu mais gosto é "a bola pune". Não vou dizer que se encaixa no triste fado cantado no Minho, justamente onde os bailaricos são mais alegres e o vira é mais rasgado, pela Liga Europa, mas quem melhor trata a bola em Portugal em 2020 ficou de fora da sequência da Liga Europa.
A perda do jogo de ida, uma reviravolta dos comandados de Steven Gerrard por 3-2, foi um castigo a quem teve 60 minutos de Barcelona, abriu 2-0 podendo fazer 3 ou 4, mas pagou por ter virado um Sporting nos 30 minutos finais. Ou melhor, pagou por parecer o antigo Braga pré- Rúben Amorim.
O caminho para os oitavos não era dos mais penosos, afinal uma vitória simples bastava, mas não bastou ter o jogo construído a partir do trio defensivo ou ter dois laterais enfiados campo de defesa escocês adentro, além dos extremos que gostam de flutuar entrelinhas, completando um avançado fixo e em estado de graça. Não bastou porque a antiga glória do Liverpool armou o Glasgow Rangers para tirar justamente o que os de Rúben Amorim mais gostam: espaço.
Assim, com praticamente todo o time atrás da linha da bola, não havia construção de jogo prática no campo de defesa ou Ricardo Horta e Francisco Trincão (guardem este nome) a jogar entre a última linha de trincos e a primeira de defesas justamente porque este espaço não existiu. Era como tentar acender uma fogueira sem oxigênio no ambiente.
E foi assim que os visitantes sufocaram os arsenalistas, apostando nos erros que quem tem a bola invariavelmente comete. Primeiro Raúl Silva, um dos três zagueiros, perdeu uma bola na intermediária e Hagi, o filho do craque romeno, teve o gol à feição, mas perdeu. Matheus, irmão do ex-Portuguesa e Palmeiras Moisés, tentava livrar a cara de Silva, que cometeu pênalti em cima do intervalo, no qual o arqueiro aplacou o filho do craque, dando alento aos minhotos para a segunda parte.
Mas não houve jeito. Em um contragolpe letal, Hagi lançou Kent e ele, às costas de Sequeira, não desperdiçou. No fim, foi o Braga que tentou sufocar os adversários, mas a bola de Paulinho na trave não foi suficiente para tirar o ar de quem deu a bola, tirou os espaços e voltou para a Escócia com a vaga na mão.
Um castigo e tanto para a melhor equipe portuguesa do momento. E um aviso para o trio dos grandes, a quem o Braga de Amorim venceu nas cinco vezes em que enfrentou um dos três, e que ainda está na prova: brilhar em Portugal talvez não baste.
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