quarta-feira, 16 de setembro de 2020

PAOK 2 x 1 Benfica - o natimorto projeto europeu

A lei do ex mais merecida de todos os tempos (PAOK/Divulgação)

Entra ano, sai ano, e as noites europeias seguem causando pesadelo à toda malta benfiquista. Não bastasse passar vergonha em grupos acessíveis, o Benfica não chegou sequer para discutir a terceira eliminatória com o PAOK na Grécia. Os gregos, que jamais jogaram a Liga dos Campeões, seguem para a disputa a duas mãos com o Krasnodar-RUS - que também busca debutar na Champions - por uma vaga. Já o Benfica, que sonhava em encaixar mais €37 milhões com a presença na prova, está fora da liga milionária pela primeira vez desde 2010/2011, época em que começou a sequência interrompida em gramas gregas.

Bom, sempre que há Grécia e Portugal envolvidos em qualquer diabo que tenha uma bola, seria bom colocar os bigodes de molho, caso Jorge Jesus os tivesse. E ele, como fez Bruno Lage, deixou Florentino fora do banco e apostou em Weigl, que quase marca, quase arma, quase participa bem do jogo, quase convence.

Faltam-me palavras que não sejam de baixo calão para definir o que foi a prestação benfiquista, sobretudo no segundo tempo, quando Abel Ferreira - e toda a humanidade que resolveu gastar duas horinhas de sua vida para apreciar o fado lisboeta em terras helênicas - percebeu que não havia quem batalhasse com qualidade para recuperar a bola no permissivo meio-campo do time... não sei se chamo de encarnado com aquela camisola de cor indecifrável.

De qualquer forma, faltou ao Benfica preencher três requisitos fundamentais para aceder à eliminatória com o Krasnodar, a última antes do pote de ouro e de euros da fase de grupos: quem rompesse linhas de equipas a jogar compactadas, atrás da bola, como foi o PAOK na primeira parte, quando deu a bola ao Benfica e viu do que (não) eram capazes os rapazes de Jorge Jesus (o Gabriel estava sentadinho ao lado do mister, e assim ficou); quem fizesse a bola andar pelas beiradas quando o resultado já era desfavorável e os gregos entrincheiraram-se à frente de seu golo (Pizzi passou ao meio quando a vaca começou a deitar); e quem recuperasse a bola quando ela invariavelmente batia à porta (onde raios estava o Florentino, ó, Jesus?).

Para não dizer que não houve nada que se aproveitasse, dos quatro estreantes da noite, três estiveram em bom plano: Pedrinho, enquanto teve mais pernas que hematomas; Vertonghen, infelicidade à parte no gol contra, teve uma atuação bastante segura; e Everton, cuja produção caiu quando o time todo emperrou, mas de cujos pés saíram as melhores hipóteses de gol. 

Vai encaixar? Vai, mas isso só vem com tempo e treinamento, e toda a gente sabe que a temporada já começou condicionada pelas ausências causadas pelas convocações para as seleções, mas era algo previsível (ainda assim Rafa e Pizzi não foram chamados), como também era expectável que alterar a forma de jogar não era o ideal para agora, às portas do jogo mais importante da época.

O resultado, lápis e papel à mão, foi construído a partir de um gol contra e outro contragolpe muito bem encaixado e terminado no chute de quem foi chutado da Luz após uma temporada encostado no Seixal, mas é no fim das contas que se vê também que o futebol é isto.

Sobrou a Liga Europa, a competição europeia na qual o Benfica fez suas melhores campanhas europeias nos últimos anos, inclusive com Jesus ao leme, mas é pouco para quem voltou ao Velho Continente para estar sob os olhos das ligas mais poderosas. E pouco também para os objetivos eleitorais de Luiz Filipe Vieira. Bom, talvez esta seja a boa notícia na noite. 

Vlachodimos: olha, Ody, se queres um minuto de paz - ou 90 -, diz ao mister que precisa de trinco à porta na sua área. Não sabes o que é trinco? Ele sabe;
André Almeida: ó, Almeidinhos, não queiras que o Gilberto tome seu lugar no 11. Nem eu quero isto. Se calh
ar, nem ele;
Rúben Dias: o gajo que valeria 100 milhões, ao fim e ao cabo, está a ser vulgarizado jogo sim, jogo também, porque insistem em jogar sem quem proteja a entrada da área. Ao menos que o Jorge Mendes mostre os jogos da Selecção quando tentar vendê-lo;
Vertonghen: não confunda atuação de ferro com atuação à Ferro, SFF. No mais, tens estofo para dar alegria a toda a malta encarnada (ainda não sei se devo usar o adjetivo);
Grimaldo: saiu mal na foto quando foi tirado para dançar pelo Zivkovic, mas dança por dança as com o Cebolinha pela esquerda vão render quando o par estiver mais entrosado;
Taarabt: responda-me, Adel: se chegas à casa e a porta estiver fechada, tu corres e tentas abrir à força ou procuras por uma chave? Se não perceberes a analogia, não te preocupes, pois o mister também não entendeu (Rafa Silva: agradeço por não ter marcado o golo mais cedo para não dar esperanças falsas a toda a gente, Rafael Alexandre. Além do mais, se o Porto, que é o Porto, levou uma trepa do Krasnodar e depois descontou as frustrações em cima de nós, imagina o que nos aguardava? Deus nos livre! Em todo caso, é bom avisar ao mister que não és ponta de lança);
Weigl: Julian, Julian. Não sei o que pensar de ti
;
Pizzi: podias falar bem do Tino para o Jesus, Luis Miguel. Realces que ele é melhor que o Willian Arão, que é para o mister não andar com ideias ruins à cabeça. Já basta as de ontem;
Pedrinho: seria bom se disfarçasses essas olheiras de zumbi com alguma maquilagem para que os adversários parem de dar pancadas em ti. No mais, foi um começo bastante auspicioso do miúdo da 38 (Darwin: não consegui fazer nenhum trocadilho decente sobre a Teoria da Evolução e o Benfica. Por ora, isso não é possível, mas torço para que eu seja capaz em breve);
Seferovic/Carlos Vinicius: o primeiro perdeu um gol na frente do goleiro. O segundo, nem isso. Será que o RDT aceita voltar?   
Everton: imaginam os estragos que o Cebolinha causará na Liga dos Campeões 2021/2022?
Zivkovic: não é porque vestes outra camisola agora que não te incluo aqui, Andrija querido. O respeito que demonstraste ao não comemorares um gol que tirou-lhe um peso do tamanho da Sérvia de suas costas mostra que merecias pelo menos o mesmo respeito, que lhe negaram na última época com a águia ao peito. Bom, pelo visto, ainda veremos outros casos deste, como quando o Jota nos enfrentar por algum time inglês ou espanhol;
Jorge Jesus: ó, mister, agora que viste a bobagem que fizeste, é bom para ti que as coisas caminhem em bom plano para a próxima época. É isto ou terás que pedir desculpas à torcida do Flamengo.

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