domingo, 20 de setembro de 2020

Porto 3 x 1 Braga - a primeira rodada do terceiro turno

ÚLTIMO ATO? Pode ter sido o último jogo de Alex Telles no Porto. Obrigado por nada, rapaz (Getty Images)

Se alguém se confundiu com o calendário nestes tempos estranhos e assistiu à estreia dos campeões nacionais de Portugal contra a atual terceira força do país, é bem possível que imaginou não ter acabado a época passada se não percebeu os novos jogadores em campo. O Porto começou a época como terminou a última: vencendo, com os pormenores todos a vestirem azul e branco, e o Braga fez mais uma grande partida, sobretudo na segunda parte, e poderia ter a sorte a sorrir-lhe aos fim dos 90 e tantos minutos.

Como naquele meme (existe outro termo para isso?) do Tobey Maguire, porém, era só botar os óculos na cara para ver que eram equipas diferentes, sobretudo os minhotos, seja em peças ou em postura. Não começou à Carlos Carvalhal, com o time a jogar a partir dos centrais e buscar ela mesma ter a iniciativa da partida. O treinador tratou de dar a bola ao Porto, para tirar dos de Sérgio Conceição o conforto de jogar a partir do erro do oponente. Era, pois, uma boa tática.

E foi até o período de compensação da etapa inicial. O Porto até então havia criado pouco, e, quando o fez, teve o gol de Otávio anulado, com o correto apoio do VAR, graças ao impedimento de Corona. Na verdade, até a segunda dezena de minutos, essa havia sido a única ocasião de gol. Quando Carvalhal abdicou do 3-4-3 com pouca mobilidade para recuar Ricardo Horta e Fransérgio é que os bracarenses arrumaram algo.

E que algo! Esgaio cruzou de qualquer jeito, com tensão, para Sequeira se virar no segundo pau e deixar a bola à feição do ex-portista Castro, que vinha sem marcação nenhuma e sentou o pé com gosto para buscar o canto direito de Marquesín. Meio minuto depois, nova fuga, agora pelo meio, e o argentino foi vencido por Abel Ruiz, mas que um pormenor de oito centímetros fora de jogo, detectado com precisão pelo VAR, manteve o placar.

A partir daí os campeões arrefeceram-se, mas uma queda de atenção dos visitantes foi fatal, já depois dos 45 minutos. E foi com os suspeitos de sempre que o Porto deu a volta em três minutos: Alex Telles tirou da cartola um cruzamento de cartilha e Sérgio Oliveira foi mais feliz que todos os minhotos na área e mandou, inapelável para Matheus Magalhães, que saltou só para sair à fotografia. Depois apareceu Marega sendo Marega. Praticamente convenceu um infeliz Raúl Silva a derrubá-lo na área. Chamado a bater, o lateral esquerdo da Seleção Brasileira colocou o Porto à frente.

Não é porque correu mal no final que Carvalhal mudaria. A segunda parte começou com o Braga em cima, dominante, e que só não empatou ao terceiro minuto porque a bola picou na grama e subiu o suficiente para fazer com que a finalização de Ricardo Horta, com Marquesín passageiro da própria sorte - ele e o eixo defensivo todo do Porto -, passasse por cima do travessão depois de uma jogada das mais bonitas que o Dragão já foi palco (Sequeira para Castro no meio, o passe em profundidade, com capricho, buscando Abel Ruiz, que fez a parede e deu de primeira para Horta, que cruzou-lhe a frente para desmarcar-se com uma finta seca sobre Danilo, Pepe e quem mais estivesse entre ele e a baliza).

Aí Conceição resolveu que era mais negócio não jogar, nem deixar que o Braga jogasse, colocando Laúm e todas as obrigações defensivas, no lugar de um Sérgio Oliveira um bocado apagado, e o jogo ficou morno. Seja qual fosse a medida tomada por Carvalhal, que tentou de tudo, ora a mexer nos avançados, ora a desfazer o trio de defesa, o jogo se arrastou até o fim, quando Taremi arrancou outro pênalti, já ao pé do minuto 90, para fazer de Alex Telles o defensor com mais golos anotados de sempre com o Dragão ao peito.

Marquesín: que bela a vida de quem sofre golos, mas sempre sorri no final; 
Manafá: sabes quando o jogo é atípico quando o Manafá está em campo e isso não é propriamente um problema para o Porto;
Mbemba: no dia em que perder a mania de marcar golos ao Benfica, terá meu apreço pelo grande zagueiro que parece que será; 
Pepe: julguem-me: gosto do Pepe. Gostava mais ainda se o drible que tomou do Ricardo Horta terminasse em gol, mas a vida é isto; 
Alex Telles: fez história ao chegar a 26 golos pelo Porto e superar os 25 de Jorge Costa e Zé Carlos. Agora pode ir embora e nos deixe em paz, SFF;
Danilo: meus olhos sangram quando vejo que, pela ducentésima vez, Danilo veste azul e branco e o Weigl veste vermelho (ou aquela cor parecida com o vermelho nesta época). Que o alemão não invente de atingir a marca;
Sérgio Oliveira: foste tu que disseste à malta do PAOK, quando estivestes por lá, como era possível ganhar ao Benfica, pá? (Zaidu: entrou porque o Lorenzo Lamas de Paços de Brandão estava a fazer má figura. Manteve o padrão);
Uribe: um dos milhares de colombianos que escolheram jogar no Porto, em vez de defenderem o Benfica. Eu poderia falar em desprendimento, mas me parece que sou eu que padeço disto (Loum: por ora, sou incapaz de qualquer chiste sobre isso);
Corona: o multi-homem não foi o maior responsável pela vitória do Porto. Que tempos estranhos, meu Deus! (Taremi: ó, rapaz! Quanta ingratidão ao Carlos Carvalhal, que foi seu técnico até outro dia. Isso lá não foi bonito!); 
Otávio: raios que o partam! Quando não há Corona no seu melhor, me aparece este gajo (Fábio Vieira: ó, Nuno Espírito Santo, leva logo este também, antes que nos cause algum embaraço);
Marega: o de sempre: tropeçou na bola, fez rir toda a gente, mas, no fim, só quem é do Porto é que achou graça.

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