sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Com o lado da manteiga virado pra cima

Novos tempos no Monumental do Pari, o nosso Canindé.

No ano passado cansamos de ver a Portuguesa jogando muita bola, de encher os olhos mesmo, mas no final era sempre a mesma coisa. A ponto do Muricy Ramalho, na penúltima rodada, perguntar pra um repórter, ainda no campo, quanto tinha ficado o jogo da Lusa. Quando soube da nossa queda, disse, com tristeza: ‘não merecia, não merecia’.

Agora o que se vê é um futebol e resultados em estado bruto. Não digo que estejamos jogando mal. Estamos jogando feio, extremamente feio. Mas está dando certo.

Nossa estreia na Copa do Brasil, contra o Icasa, foi mais um jogo desses. Mas ao contrário dos outros jogos sob o comando do Mário Sérgio, nesse, sim, nós jogamos mal. Talvez por estar com a cabeça no clássico. Quero crer que sim.

O que me incomodou foi a postura inicial do time. É sabido que os times menores que jogam a Copa do Brasil querem, ao menos, garantir o jogo da volta, pois é na volta que eles aparecem, jogando em praças mais visíveis, digamos assim. Portanto, quem teria que sair pro jogo era justamente a Portuguesa. Mas o que vimos foi um time desinteressado, recuado. Só buscou o gol na metade final do segundo tempo. E conseguiu num lance de sorte, o que normalmente não acontece com a Lusa. Ou o estimado leitor é capaz de lembrar de um jogo, apenas um, no qual evitamos a derrota com um gol contra nos acréscimos?

Com o empate com golos, agora quem tem a obrigação de marcar gol é o Icasa. Zero a zero, dá Lusa.

Pois é. Nosso futebol não vem sendo dos mais bonitos, mas que fazia tempo que nosso pão não caía com o lado da manteiga virado pra cima, ah, como fazia…

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Nossos hooligans, os cartolas e a imprensa: um triângulo nada amoroso

"...Após o jogo ocorreram incidentes lamentáveis: corre-corre, torcedores pisoteados, policiais feridos..."

Não, este intróito não se refere ao espetáculo dantesco ocorrido após o clássico do último domingo, entre São Paulo e Corínthians. Mas poderia ser. Aliás, encaixa-se perfeitamente numa porção de episódios semelhantes. E todos têm pontos em comum: a intolerância, a suposta onipotência desses marginais travestidos de torcedores, a impunidade.

Soma-se a isso o papel de parte da imprensa e dos dirigentes, que além de dar espaço pra marginália, fomentam o ódio já enraizado nessas facções. Deve-se salientar que as torcidas organizadas são formadas na sua maioria por pessoas de bem, mas a ação dos bandidos nelas infiltrados é tão forte e constante que é praticamente impossível desvincular as torcidas em si das barbáries.

Caso o leitor não concorde com a tese deste humilde escriba, explicarei usando os episódios que antecederam o jogo de domingo, já que foi o caso mais recente da barbárie promovida pelas quadrilhas, ou gangues, ou "torcidas organizadas", como queiram.

Durante a semana os dirigentes de ambos os clubes usaram a imprensa pra trocar farpas publicamente. O motivo era o número diminuto de ingressos destinados à torcida do Corínthians, que, na condição de visitante, receberia apenas 10% da carga total de ingressos, que é o limite mínimo determinado por lei.

Não satisfeitos com a postura adotada pelos dirigentes sãopaulinos, seus congêneres corintianos (leia-se Mário Gobbi e Andrés Sánches) desfiaram um verdadeiros rosário de baboseiras via imprensa, acusando-os de arrogantes, mesquinhos, elitistas e outros adjetivos pouco ou nada abonadores. Como isso dá audiência, já viu. A imprensa, ávida por um quiproquó, parecia urubu sobrevoando carniça, e os cartolas apareceram mais que aqueles que deveriam ser os protagonistas do clássico, os jogadores.

Semana de clássico é sempre recheada de polêmicas. Inclusive, clássico recebe essa alcunha por ser diferenciado, por si só. Como dizem os ditos populares, vai além dos noventa minutos, ou das quatro linhas. Ou seja, não precisa disso.

E isso acaba passando pras arquibancadas. Ou alguém, em sã consciência, é capaz de imaginar que aquela horda que se dirigia ao estádio sob os gritos de "a violência voltou" o fizera apenas para ver o jogo, civilizadamente?

Há muitos anos, lá pros idos da década de 40, o grande Thomaz Mazzoni, d'A Gazeta Esportiva, batizou o São Paulo x Corínthians de 'O Majestoso'. Pra não perder essa aura, sugiro que "importem", do Reino Unido, a Margaret Tatcher. Só ela pra dar jeito nos nossos hooligans.

Ah, antes que me esqueça, o sal-de-fruta continua por minha conta.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Ronaldo, Ronaldo...não é por aí!

Hoje, na hora do almoço, assisti, como de costume, a dois ou três programas esportivos. Entre reportagens repetitivas, debates tão improdutívos quanto dispensáveis e corintianismos exacerbados - como a TV aberta é pobre! -, chamaram-me a atenção duas notícias, de forma ambígua: a punição imposta ao nadador estadunidense Michael Phelps e uma declaração sobre Phelps, por parte do Ronaldo (cada vez menos) Fenômeno.

Caso o leitor não estivera no Planeta Azul nos últimos dias e não saiba o que houve com o nadador mais completo da história, explico: Phelps fora flagrado fumando maconha numa espécie de narguile, durante uma "inocente" festinha universitária, no seu país natal. Como a foto rodou por todas as partes do mundo, restou a Phelps apenas pedir desculpas pelo - segundo o próprio - momento de fraqueza.

Apesar de o fato ter acontecido em novembro, portanto sem riscos de comprometer Phelps em algum exame antidoping, o supercampeão foi punido pela federação de natação daquele país com três meses de afastamento de qualquer competição, além de perder seu apoio financeiro enquanto cumprir a suspensão. Não obstante, ainda perdeu o patrocínio de uma empresa de cereais.

Do lado de cá do Atlântico, durante uma entrevista coletiva - até porque ele só concede exclusivas a uma certa rede de TV -, entre uma reclamação e outra, dada a marcação cerrada dos fotógrafos, por conta das últimas fotos tiradas numa boate paulistana, Ronaldo defendeu o nadador, dizendo que ele (Phelps), por suas conquistas, não teria que dar satisfações a quem quer que fosse e poderia fazer o que bem entendesse.

O que o Fenômeno esquece é que Phelps é um exemplo pra milhões de pessoas e todas as suas atitudes repercutem imensuravelmente, para o bem e para o mal, logicamente. O estranho é que, apesar de viver constantemente sobre o mesmo fio-da-navalha, o atacante parece não ter aprendido essa lição.

Ronaldo hoje é o herói de milhões de brasileiros, principalmente dos pequenos corintianos e, como tal, deve ter cuidado ao agir e principalmente ao falar, ainda mais quando se trata dessas sandices proferidas na referida entrevista.

Como diz meu tio Bino, "melhor ouvir isso que ser surdo." Mas, sinceramente, tenho cá minhas dúvidas...

Irmãos, é preciso coragem

O decepcionante empate frente ao Oeste, na última quarta-feira, foi um dos jogos que mais me deixaram na boca um "gosto de cabo de guarda-chuva" que eu me lembre, nos últimos anos. É difícil, muito difícil mesmo, aceitar que uma vitória certa se esvaia pelos dedos, como ocorreu.

Não que o jogo tenha sido um primor, longe disso. Qualquer terapeuta receitaria o VT do primeiro tempo pra ser usado por insones, na busca pelo sono perdido. Seria "tiro-e-queda", indubitavelmente. Mas a partir do segundo tempo a coisa mudou. Chances de gol sendo criadas- e desperdiçadas, como sempre -, nem a saída do Fábio, nosso ótimo guarda-redes, era motivo de preocupação, dada a fragilidade do adversário.

Com o César Prates numa noite inspiradíssima, a opção do Mário Sérgio, deslocando-o pra ala-esquerda pra fazer entrar no time o Wilton Goiano, e o Athirson indo pro meio, pro lugar do substituído Fellype Gabriel, foi das mais acertadas. Dos pés de Prates não só saíam as principais jogadas de ataque, como também o gol da Lusa foi fruto de uma jogada individual sua.

Eis que o Rei do Gatilho resolve tirar o Christian, que reestreava com a camisa rubro-verde, pra entrar o zagueiro Ediglê. Praxe de todo treinador retranqueiro, em vez de aproveitar o baque de quem sofre um gol e tentar aumentar o placar, recua o time pra garantir a vitória.

Não que a atitude em si tenha feito o Oeste tomar conta do campo luso, pois ainda assim a Portuguesa criava chances, mantinha a posse de bola e não era ameaçada. Mas ao fazer a mudança, o treinador luso assumiu todo o risco de ser responsabilizado no caso de a vitória escapar, o que, no fim das contas, aconteceu.

Uma das maneiras de um time inferior tecnicamente se igualar ao mais forte é levantando a bola na área. Isso é o básico do básico. E foi assim que o Oeste chegou à igualdade. Numa falta boba, mas boba mesmo. E ninguém teve a decência de impedir que o contrário ficasse sozinho, na entrada da pequena área, pra fuzilar, com uma cabeçada tão isolada quanto certeira, o goleiro Victor. Time que tem três zagueiros não pode, em hipótese alguma, tomar gol de cabeça numa cobrança de falta frontal.

Faltou entrosamento? Talvez. Faltou competência? Provavelmente. Faltou matar o jogo quando ainda estava 1 a 0? Pode ser que sim. A única certeza é que faltou coragem pra sufocar, dentro de casa, um time medonho, cujo destino deverá ser lutar contra o decenso.

O próximo jogo da Portuguesa é o clássico frente ao Corínthians, sábado, no Pacaembu, e estejam certos de que será um jogo bem mais difícil do que foi esse contra o "garboso" Oeste. E será a chance do nosso treinador se redimir dos erros cometidos. Ou de mostrar de uma vez por todas que está ultrapassado, e que o rótulo de retranqueiro lhe cai como uma luva.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

A vez do Rei do Gatilho

Mário Sérgio Pontes de Paiva foi um jogador dos mais brilhantes. Numa eleição recente, promovida pela revista Placar, ele ficou entre os maiores craques da história tanto do Grêmio, sendo campeão do mundo em 1983, quanto do Vitória. No caso do rubro-negro baiano, ele foi apontado como o número 1.

O polêmico craque recebeu algumas alcunhas durante sua carreira, duas a destacar: “Vesgo”, por olhar para um lado e tocar para outro  mais ou menos o que tenta fazer hoje o Ronaldinho Gaúcho –, e “Rei do Gatilho”, graças a um incidente ocorrido em 1981, após o jogo entre o seu São Paulo e o São José. A torcida do time do Vale do Paraíba estava apedrejando o ônibus em que estava a delegação do Tricolor  e ele sacou um revólver que estava em sua bolsa e atirou para o alto, dispersando os baderneiros. De acordo com o próprio, as balas eram de festim.



Como comentarista, foi um dos melhores, senão o melhor. Ao contrário da maioria de ex-boleiros que maltratam nossos tímpanos com comentários do tipo “ele pegou mal na bola” ou “a bola passou longe do gol” pra lances de desfecho infeliz – afinal, nós estamos vendo isso, não precisamos de um pseudo-entendido pra falar o óbvio 
, Mário não fazia pouco caso da inteligência do telespectador. Além de apontar a falha dos times em campo, sugeria quais seriam as correções.

Dirigiu, com sucesso, equipes como Corinthians, São Paulo e, mais recentemente, o Figueirense, sendo vice-campeão da Copa do Brasil. Colheu insucessos também, como no mesmo Figueirense, sendo demitido após poucas partidas no último Brasileirão.

Agora o Rei do Gatilho está no comando da Portuguesa, em substituição a Estevam Soares, que caiu após a primeira rodada do Paulistão. Com Estevam. a Lusa jogava um futebol vistoso, de bom toque de bola e várias chances de gol. Mas inacreditavelmente, a bola não entrava. Já a dos adversários conhecia muito bem o caminho do gol luso. Foram 70, em 38 rodadas.



Agora, sob o comando do Mário Sérgio, a Lusa tem tomado maiores cuidados defensivos. Ele, como grande conhecedor dos meandros da bola, sabe que deve se acertar um time a partir da defesa. O futebol vistoso dos tempos de Estevam não tem aparecido, mas é sob o atual comando que a Lusa conseguiu, após muito tempo, duas vitórias seguidas.

Que o Vesgo consiga enxergar melhor que seus antecessores.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

As listas de fim-de-ano

E o final do ano chegou!! Mais rápido do que eu esperava, confesso. Engraçado como depois de certa fase da vida os dias parecem passar mais rápido, a despeito da nossa vontade e/ou necessidade de que eles esperem por nós, mas no mundo atual, globalizado como está, tempo é artigo de luxo. Mas não é para falar de tempo que eu estou aqui, ocupando o seu.

Quero falar de outra coisa, que vem a reboque em todo fim-de-ano com os panetones, as rabanadas, o Especial do Roberto Carlos, as promessas que não serão cumpridas, as árvores de Natal e a busca por espaço na 25 de Março. Quero falar das listas, não de presentes, mas as dos melhores do ano, que pululam por aí afora em todos os segmentos.


Duas, em especial, me chamaram a atenção: a da seleção do Campeonato Brasileiro e a dos concorrentes ao prêmio de melhor do mundo, segundo a FIFA.

Sobre a lista do Brasileirão, fiquei surpreso, não com alguns nomes escolhidos, pois acho que em todas as posições foram indicados os melhores, com uma ou outra ressalva, mas o fato é que todos os eleitos mereceram, e não seria a humilde e quase insignificante opinião contrária deste que vos escreve que tiraria o seu brilho.


O que eu teimo em contestar são os critérios na escolha. Colocar jogadores que atuaram em faixas distintas do campo pra disputa da mesma posição foi de uma estupidez abissal. Para não ficar falando de todos os casos, vai o mais absurdo: a dupla de ataque titular do Palmeiras estava concorrendo na mesma posição. Ora, deixe-me tentar entender. Kléber e Alex Mineiro jogaram juntos, é verdade, mas não “tão juntos” assim. Um é primeiro atacante. Logo o outro é o segundo, como se convencionou dizer, no “futebolês” moderno. Mas estavam os dois lá, disputando o mesmo osso.

Apesar dessas coisas ínfimas, acabou ficando tudo em boas mãos, ou bons pés, como queiram. Parabéns aos eleitos, sobretudo aos dois grandes nomes da festa: Muricy Ramalho e Hernanes. Eles merecem todos os júbilos.

Por outro lado, lamentáveis os apupos (rubro-negros, presumo) ao árbitro Carlos Eugênio Simon. Tudo graças ao acerto que virou erro, por obra e graça da imprensa, ávida por polêmicas. É muito perigosa essa relação entre jornalistas e a necessidade pela audiência. Beira a promiscuidade.

Já sobre a eleição da FIFA, que desde 1991 premeia o jogador que mais se destacou durante a temporada, creio que os melhores acabaram na lista final. Caso algum leitor mais incauto não saiba, ela é formada pelo argentino Messi, o brasileiro Kaká, que é o atual detentor da honraria, os espanhóis Fernando Torres e Xavi e o português Cristiano Ronaldo, este o grande favorito pra ficar com o troféu.

O que me intriga é o fato de que muitas pessoas dão a este prêmio um valor maior do que ele realmente tem. E olha que já é valiosíssimo. Naquelas intermináveis e inevitáveis discussões sobre quem é ou foi melhor sempre surge o argumento de que fulano ganhou o prêmio de melhor do mundo, já sicrano, não. Acontece que esse prêmio é oferecido pelo que o jogador fez durante uma temporada. E rotula-se a carreira toda por conta disso.

Pra citar um exemplo, o português Figo foi eleito em 2001. Já o também português Rui Costa sequer foi indicado, entre os finalistas, durante toda sua vida. Isso significa que um foi muito melhor que o outro? Claro que não. Para ser sincero, pessoalmente sempre me agradou mais o futebol do Rui ao do Figo, e olha que sou fã incondicional dos dois.

Mas isso não passa de uma questão de fóro íntimo. Certamente há os que prefiram o Figo, o que é perfeitamente normal. O problema é que no já citado mundo globalizado, com sua escassez de tempo, também já citada, muitos procuram por notícias prontas em vez de se aprofundarem um pouquinho só, que seja, visando entender melhor a questão. Aí as Wikipedias da vida ganham força.

Só pra constar, para que entendam o quão é perigosa a “notícia pronta”, na própria Wikipedia: se você procurar pelo ganhador da Bola de Ouro deste ano, dada pela (revista) France Football, em vez de Cristiano Ronaldo, encontrará um tal de Daniel Bento de Souza.

domingo, 30 de novembro de 2008

Triste

Hoje, no Canindé, a Portuguesa terminou de escrever a mais triste página de sua história. Mais triste que o primeiro rebaixamento, há seis anos; mais até que a queda pra Série A-2 do futebol paulista, em 2006.

Triste porque acabávamos de voltar pro lugar que julgávamos ser nosso, e sequer o esquentamos. Assim como o Ipatinga, subiu e voltou no ano seguinte. Mas é o Ipatinga, né? A Lusa é grande demais, demais mesmo.

Não cabe aqui recordar esquadrões pra justificar-me. Não é necessário revirar os porões de um passado remoto em busca de glórias e conquistas, sejam elas vitórias inesquecíveis ou títulos importantes. Não há porquê, nem condições pra isso.

O que estou sentindo é muito difícil de descrever. É forçoso segurar uma lágrima. Aliás, que besteira chorar por causa de futebol! Coisa de criança! Mas, pensando bem, quem disse que torcedor não tem um “que” de infantil? Que não tem um certo brilho jovial nos olhos quando seu time ganha? Que não faz beicinho quando perde? É claro que é! E comigo não poderia ser diferente. Creio que com você, caro leitor, também seja assim.

Em horas como essas há quem diga que é o momento de quebrar tudo, de mandar dirigentes, técnico e jogadores pros lugares mais impróprios para serem ditos, ou promover uma reformulação geral no plantel. Mas eu não. A ferida acabou de ser aberta, e vai demorar pelo menos um ano pra começar a cicatrizar. Prefiro assumir minha fossa e afogar as minhas mágoas num bom cálice de vinho do Porto até passar a ressaca - pelo menos essa.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Gênios da Bola III - Maradona

Esqueçam os casos de doping, a volta ao Boca 15 quilos acima do peso, o episódio dos tiros de chumbinho contra os jornalistas. Maradona foi, inquestionavelmente, o segundo maior jogador de todos os tempos. Sem dribles circenses ou pirotecnia. Apenas precisão e genialidade.

Não foi à Copa de 78 porque Menotti o achava jovem demais. Despediu-se de 82 com um coice no brasileiro Batista, mas em 86 foi o "Homem da Copa". Ganhou praticamente sozinho aquela Copa. Em 90 brilhou num time absolutamente comum.

No auge, fazendo do Napoli um time grande, mas foi pego pela primeira vez no exame anti-doping, por uso de cocaína. Começava o ocaso. Gordo, viciado, lutava pra voltar. Quando ninguém esperava, surpreendeu o mundo, chegando à Copa de 94 absolutamente impecável, esbelto, perfeito. E pela primeira vez não teria que carregar o time nas costas, afinal, a Argentina tinha um timaço: Batistuta, Claudio 'Piojo' Lopez, Redondo... Mas de novo foi pego por doping, num caso muito estranho. Depois do jogo contra a Grécia - quando fez um golaço - saiu de campo de mãos dadas com uma enfermeira.

Quase morreu no ano retrasado. Após anos e anos de tratamento duro, voltou à vida, e hoje tenta reviver os tempos gloriosos de jogador, no cargo de técnico da Seleção da Argentina.

Chamem como quiserem: "El pibe d'oro", "El D10s" ou simplesmente Diego Armando Maradona.

Gênios da Bola II - Eusébio

No fim da década de 50 o húngaro Bella Gutman indicou ao São Paulo um jogador que atuava no Sporting de Lourenço Marques (atual Maputo), Moçambique. A equipe paulista não foi conferir, mas o Benfica foi.

Conta-se que esse jogador teria ido a Portugal escondido na carroceria de um carro, a mando dos encarnados. Detestava o apelido Pelé Europeu. Disse num livro, após a Copa de 66: "A minha sombra é negra. Ela é Pelé. Na ânsia de arranjarem legendas bombásticas, têm-me chamado de 'Pelé da Europa'. Por favor, não me chamem disso. Pelé é Pelé. Meu nome é Eusébio".

Quem quiser vê-lo, basta ir à Lisboa. Na entrada do Estádio da Luz ele está, para sempre, na forma de um monumento em tamanho natural. Uma justíssima homenagem a esse extraordinário jogador. O maior da história do Benfica e de Portugal.

Eis o "Pantera Negra".


quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Gênios da Bola I - Rui Costa

Algumas pessoas não têm a real dimensão do que foi Rui Costa. Certamente, Rui foi um dos três maiores jogadores da história de Portugal, e o segundo maior da história do Benfica, a perder somente por Eusébio.

Era hipnotizante vê-lo jogar. Um simples canto batido por si tinha uma aura especial. No futebol de hoje, quiçá Ronaldinho Gaúcho tenha a visão de jogo mais próxima do que era Rui Costa, porém com uma magia diferente. Gaúcho é habilidade pura. Rui Costa, por sua vez, era a síntese da técnica.

Um dos gênios do seu tempo, da mesma estirpe de Zidane e Michel Platini. Um craque que, nos dias atuais, foi capaz de marcar contra seu time do coração e chorar. 

Deleitem-se, é por minha conta, ou melhor, do grande maestro Rui Costa.

sábado, 15 de novembro de 2008

Até quando?

A emboscada feita por membros da Mancha Verde no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, da qual foi vítima o técnico Vanderlei Luxemburgo, foi mais um ato da barbárie que esses bandidos travestidos de torcedores vêm cometendo há tempos, sem que haja atitudes realmente eficazes por parte das autoridades competentes.

Detê-los não é tão difícil assim, apesar de eles estarem se organizando, elegendo até vereadores nas últimas eleições. Lembram uma certa facção que age nos presídios paulistas.

Há alguns anos, a então Primeira-Ministra britânica, Margaret Thatcher, conseguiu banir os hooligans. Como? Com leis enérgicas, mais a ajuda da UEFA, que afastou os clubes ingleses por 5 longos anos de toda e qualquer competição organizada por ela, após a “tragédia de Heysel”, na Bélgica. Na ocasião, 39 pessoas morreram antes da final da Copa dos Campeões da Europa, em 1985, entre Juventus e Liverpool. Foram os torcedores ingleses que começaram o tumulto e a maioriados mortos era composta por torcedores italianos.

Ao invés disso, são tratados “a pão-de-ló”. Têm espaço não só nos clubes, mas também na mídia, em programas "esportivos" que, em troca de alguns televisores ligados, entrevistam esses bandidos, dando o que eles mais querem, que é status dentro da organização criminosa em que se transformou a torcida organizada.

Essa relação promíscua entre a marginália, os dirigentes, a imprensa e o poder público faz com que eles (os bandidos) cresçam a olhos vistos, fomentando um ódio que já custou o sangue de alguns inocentes e outros nem tão inocentes assim.

Essa “gente” age impunemente, quando deveria ser tratada no cabresto, na base da porrada, mesmo, em qualquer que seja o sentido.


Trata-se de uma escória, de um lixo de gente incapaz de encarar homem a homem, pois pra isso deveriam ser homens, coisa que, definitivamente, não são.

Não acho que devam ser presos, pois não quero que o dinheiro dos meus impostos seja usado pra dar de comer e dormir a esses vagabundos, que deveriam se alimentar de seus próprios dejetos.
Só pra constar, no caso da emboscada de Congonhas ninguém foi preso, nem pra averiguação. E não precisa ser especialista em direito criminal pra saber que os selvagens envolvidos poderiam responder por lesão corporal, formação de quadrilha e perturbação da ordem pública, no mínimo.
Pra terminar, peço desculpas a você, caro leitor, por fazê-lo ler sobre tão indigesto assunto. Se precisar tomar alguma coisa pro estômago, pode ir à farmácia e pôr o sal-de-fruta na minha conta.

Dias difíceis

Esses dias têm sido difíceis pra quem, como eu, torce pra Lusa.

Jogamos bem contra o Flamengo e contra o São Paulo. Em ambos os jogos até merecíamos melhor sorte, mas somamos apenas um ponto. Mas vínhamos jogando bem, o que, de certa forma, dá alento. Contra o tricolor carioca, hoje, as coisas pareciam que iriam bem. O Edno fez um Golaço, com “G” maiúsculo, mesmo. Até esqueci que o Bruno Rodrigo não estava jogando.

Mas depois eu me lembrei. Pior que isso: o Aderaldo estava. Sabe aquele jogador que ninguém sabe (talvez nem ele mesmo) como é profissional? Pois é. O Aderaldo é um desses. Pra ajudar, o Halisson também estava. Não que ele seja tão ruim quanto o outro citado, mas ele tem o raro talento de fazer besteiras, justamente nos momentos mais impróprios.

Ficar discutindo razões nos momentos que sucedem as derrotas não é das atitudes mais sábias. Até porque tudo o que é feito e dito tem um “temperinho” especial: a cabeça quente. Resta-nos apenas aplaudir o oponente, que ganhou com sobras e mérito. E pra falar a verdade, três foi pouco.

Temos, na seqüência, dois jogos em casa, contra Goiás e Sport. Teoricamente, não são jogos assim tão complicados, já que ambos não almejam mais nada nem têm a perder. Teoricamente, repito.

O grande Cláudio Carsughi, da rádio Jovem Pan de São Paulo, tem uma tese muito interessante sobre algumas equipes que melhoram quando estão à beira do abismo, mas voltam a cair de produção. Ele chama de “a melhora da morte”. Ainda não é hora de chamar o padre para a extrema-unção, mas que o estado de saúde do paciente é delicado, ah, isso é.

domingo, 9 de novembro de 2008

A estranha viagem nos sentimentos

No último fim-de-semana experimentei algumas sensações estranhas. Ir do êxtase à decepção em questão de segundos é muito interessante. Senti isso no GP do Brasil de Fórmula 1, por motivos óbvios. Um dia antes tinha sentido algo semelhante no Flamengo e Lusa, mas não com tanta intensidade.

Ontem, novamente, foi dia de me submeter aos meus sentidos. Mais um jogo da Lusa, mais um clássico, mais um líder, mais uma decisão, mais um jogaço de bola. E mais uma vez deu São Paulo.

Até o começo do segundo turno, ninguém dava bola pro Tricolor. Estando 11 pontos atrás do líder Grêmio, jogava muito mal. Aí, sorrateiramente, foi chegando, chegando, e chegou! Num ano em que fez tudo errado, quando se submeteu a ser reformatório de jogadores, tem sido ajudado, não pelas arbitragens, como está sendo a dupla moribunda do Rio, mas pela incompetência dos adversários.

Todos os outros que experimentaram o torpor da liderança tropeçaram, inebriados, nas próprias pernas. Como o São Paulo está acostumado ao cume, parece não padecer desse mal.

Voltando ao jogo, foi um clássico eletrizante. Logo de cara, gol do São Paulo. No finalzinho, gol da Lusa. Nos acréscimos, mais um gol do São Paulo. No segundo tempo os papéis quase se inverteram. Quase. A Lusa buscou o empate. Quase no fim, o São Paulo fez outro. Aí, nos acréscimos, o tipo de lance que dói, mas mostra quem é o escolhido pela sorte. Quando o Edno apareceu nas “fuças” do Rogério eu já estava pronto pra gritar, ensandecido, mas a bola, caprichosa que é, escolheu pelo travessão, ao invés de aconchegar-se às redes, a despeito do que fizera minutos antes, na outra baliza.

Estou maravilhado com o nível do jogo. Mas estou triste com o resultado. É um estranha viagem nos meus próprios sentimentos. Escrever é muito mais fácil do que falar, pois os dedos não soluçam, nem têm embargos, com os tem a voz. Estou com os olhos marejados, mas estou orgulhoso. É muito estranho sentir coisas tão diferentes, quase que ao mesmo tempo.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Um domingo daqueles...

Tinha tudo pra ser um fim-de-semana sensacional. Lusa no Maraca, GP do Brasil de Fórmula 1 com chuva, o que deixa a corrida muito legal, e clássico na TV. Ou seja, um monte de atrações batutas para nós, amantes do esporte.

Jogo no Maracanã tem uma aura muito especial. Quando o adversário é o Flamengo, então, a coisa toma dimensões maiores. Mais de 40 mil pessoas empurrando o Flamengo. Pra começar, o Fábio Luciano marca um golaço, de voleio.

A vaca vai deitar - pensei comigo mesmo. No ápice do nervosismo, parei de ver o jogo e fui fazer outra coisa. Quando voltei, obviamente mais nervoso do que antes, a Lusa já tinha virado o placar e dominava amplamente a partida. Mesmo assim, a massa flamenguista continuava empurrando o time. Aí o sempre nefasto Héber Roberto Lopes resolveu empurrar o Mengo também. Falta escandalosa no Edno feita pelo Toró quando o luso estava na cara do Bruno, pronto pra matar o jogo. Pra expulsão! E o “árbitro” não marcou a falta, tampouco expulsou Toró. Na seqüência, o empate do Flamengo.

Depois que a raiva passou, mais ou menos passada meia hora do jogo (e após um esporro da patroa por causa da cara amarrada), ponderei e vi que o empate, no fim das contas, foi bom.

Logo depois, o Náutico venceu o Vitória com um gol de pênalti, daquele jeito. Houve de tudo. Gás de pimenta, voz de prisão ao goleiro do Vitória no intervalo, truculência. Como de praxe em jogos no Estádio dos (visitantes?) Aflitos.

Aí veio o domingo. Ah, o domingo...Confesso que dormi durante boa parte da corrida. Corridinha insossa! Massa na frente, sem ser ameaçado, Hamilton em quinto, tranqüilo, com o Kovalainnen logo atrás. Em condições normais, o Kovalainnen já não é de ultrapassar ninguém. Imaginem com o Hamilton na frente, então? De repente, o Sobrenatural de Almeida resolveu dar as caras. O inglês caiu pra sexto. Era o cenário perfeito. Mas aí a chuva apertou e o Glock, que estava com pneus pra pista seca, não conseguiu segurar o ímpeto do inglês, que foi campeão a UMA CURVA do fim.

Bom, tinha o restante da rodada ainda. O Galo recebendo o Fogão no Mineirão, Santos e Palmeiras na Vila, embaixo de chuva. No mais, de interessante pra mim, Atlético-PR e Sport, Grêmio e Figueira e o clássico dos Finados (literalmente), entre Vasco e tricolor carioca.

Os Atléticos ganharam (não foi bom), o Figueira empatou fora (idem) e o Vasco, na briga pra sair do buraco, puxou o time das Laranjeiras pra baixo. Acho que o empate seria, para nós, lusos, o melhor resultado.

Coisas curiosas costumam acontecer no Brasileirão. Justamente o jogo que menos interessava acabou chamando mais atenção. Curioso o Goiás, que perdeu em casa pro péssimo e moribundo Vasco por 4 a 2, ganhar do bom Cruzeiro, com sobras, por 3 a 0, fora o baile. Realmente é curioso, muito curioso...

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Os craques dos jogos fáceis

Na semana passada, antes do espetáculo dantesco que a “seleção” nos proporcionou no Maracanã, frente à Colômbia, o meia Kaká foi homenageado, passando a ser o jogador mais novo a ter seus pés imortalizados na calçada da fama do maior do mundo. Na mesma ocasião, Robinho também foi homenageado, ao ver seu belíssimo drible contra o Chile registrado numa igualmente belíssima seqüência de fotos.

O curioso, pra não dizer lamentável, é que eles foram homenageados por absolutamente nada, ou pouco mais que isso. O que eles fizeram pela Seleção a ponto de receberem tal honraria? Nada!




Kaká brilha no Milan. Na equipe canarinho a única conquista dele foi estar no grupo que foi campeão do mundo em 2002. Recentemente, quando Dunga precisou dele pros Jogos Olímpicos, foi operado no joelho e ficou de fora dos jogos. Depois reconheceu que poderia esperar pra passar pela cirurgia.

E o Robinho? Além das firulas, pouca coisa. Aquele drible foi bonito, mas dar essa importância toda? Ainda mais pra um jogador que fugiu da Olimpíada? Alegou uma contusão e durante a competição já estava fagueiro e serelepe, já recuperado. Contra a Colômbia, se contundiu e pediu pra sair, mas após o jogo estava “atuando” num pagode com alguns amigos. E disse que estaria à disposição do seu time, o Manchester City.


Temos o péssimo hábito de cultuar ídolos instantâneos. Um drible mais sofisticado chama muito a atenção. Gols, então, meia dúzia basta pra render contratos milionários, e infelizmente a Seleção, que era o ápice da carreira profissional de um atleta, hoje nada mais é que um mero trampolim, uma simples etapa pra se ganhar dinheiro, muito dinheiro. Não que eles não mereçam. Que ganhem milhões, mas que deixem a “amarelinha” pra quem tem vontade de jogar, de verdade. E não querer aparecer somente em jogos fáceis.

O preço do bacalhau

O afastamento do árbitro Leandro Pedro Vuaden por ter prejudicado o Tricolor do Rio não soa bem, principalmente porque outros árbitros tiveram atuações igualmente desastrosas e nem por isso foram pra geladeira. O carioca Marcelo de Lima Henrique causou danos claramente o Santos no jogo contra o Grêmio. Na ocasião, Henrique não anotou um pênalti claríssimo a favor dos paulistas, além de expulsar o zagueiro Fabiano Eller após este sequer ter cometido a falta que lhe acarretou o cartão vermelho.

Outra arbitragem polêmica foi a do paranaense Evandro Rogério Roman, que apitou o jogo entre Portuguesa e Flamengo, quando validou dois gols em que houve o uso das mãos, ambos marcados pelo Flamengo.

Em comum nos três está o fato de que todos foram muito contestados, mas somente Vuaden foi punido. Foram usados, como reza o ditado, dois pesos e duas medidas. Fatos iguais existem aos cântaros, para justificar a preocupação da diretoria da Portuguesa, que, gato escaldado que é, já solicitou à Federação Paulista que envie observadores para acompanharem os próximos jogos da equipe, a começar já no próximo sábado, quando a Lusa vai a Recife encarar o Náutico. Aliás, os visitantes do Timbu não costumam encontrar um clima dos mais aprazíveis.

E a direção rubro-verde está certa, aliás, certíssima, pois enquanto continuarem vendendo o bacalhau de acordo com a cara do freguês, todo cuidado é pouco. Afinal de contas, como diz o velho Jorge Ben, ”canja de galinha não faz mal a ninguém”.

Sobre fantasmas

Essa semana, o ex-todo poderoso do Vasco da Gama, Eurico Miranda, reapareceu na mídia ao fazer ameaças diretas ao atual presidente do clube da colina, Roberto Dinamite. Entre outros impropérios, o que mais chama a atenção é o truculento Euricão querer imputar a Dinamite a péssima situação atual o clube, inclusive afirmando, em recado direto, que irá acabar não só com a vida política, mas também com a vida particular do dirigente caso o Vasco seja rebaixado para a segunda divisão do futebol brasileiro.

O que me estranha não é a atitude do ex-presidente e dublê do igualmente indigesto Hugo Chávez, aquele que se fez Rei da outrora democrática Venezuela. Isso é bem do seu feitio. Causa-me espécie mesmo é esse troglodita (que me perdoem os trogloditas) ainda encontrar espaço pra poder destilar seu veneno por aí. Nada contra o repórter da rádio Bandeirantes que fez a entrevista, mas eu não teria estômago para tanto.

Eurico deve ter se acostumado aos tempos de deputado, quando assistido pela im(p)unidade parlamentar fazia e dizia o que bem lhe conviesse. Agora os tempos são outros, embora a justiça seja a mesma. O que ele reluta em admitir é que está morto. Sua morte política foi decretada nas urnas, há dois anos, quando não conseguiu se reeleger. Sua morte esportiva se deu quando o grupo do Dinamite assumiu o poder no Vasco.

O ápice do desespero é atirar pra tudo o que é lado, querendo se esquivar da culpa por ter deixado um clube tão grande, como é o Vasco, na penúria em que está. Os tiros, porém, só acertarão seu próprio pé, mas ele nem sentirá. Afinal, fantasmas não sentem.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Nada como um fim-de-semana gordo

Nesse fim-de-semana gordo, esportivamente dizendo, eu estava chato. Principalmente sábado. Sabe aquele dia em que se puder, você sequer sai da cama? Pois é, era um dia daqueles.

Tempo encoberto, Lewis Hamilton cravando a poli-position na Fórmula 1, campeonato português sem rodada, início de horário de verão (não estamos na primavera?), um tédio só! Enfim, um dia daqueles! Pra não falar que nada se aproveitaria do sábado, tinha um churrasquinho pra ir à noite. Mas à noite, choveu, e muito...

Mas como tudo na vida tem remédio, o sábado chegou ao fim. Após assistir com minha esposa a um filmaço na madrugada, acertei o despertador pra poder acordar às 5 horas, pois queria “secar” o Hamilton.

Pois bem, acordei às 6:45, e só vi a festa do inglês, já no pódio. Pelo visto o domingo seria “tão bom” quanto o dia anterior. E o pior é que a Lusa ainda jogaria com o Grêmio, o líder do campeonato, e sabe como é, né? Como dizem os espanhóis, “lo que empéza mal...”

Nem fiz questão de assistir à final do Mundial de futsal, mas me disseram que Brasil e Espanha fizeram um jogo contra-indicado para cardíacos, até as últimas conseqüências, ou melhor, disputa de tiros-livres, e o Brasil levou a melhor.

Na hora do almoço assisti maravilhado ao banho de bola que o Manchester United deu no West Bromwich, pelo Campeonato Inglês. Que maravilha! Sem contar que o público foi de 75 mil pessoas, na oitava rodada. Raro um clássico que atraia tanta gente no Brasil atual.

Era um sinal de que o domingo poderia ser bom. Tinha “Choquei-Rei” no Morumbi, e o clima antes do jogo já estava carregado por conta das declarações de ambos os lados, principalmente por parte do presidente são-paulino, Juvenal Juvêncio, useiro e vezeiro em criar factóides antes de jogos dessa envergadura. Ou seja, prenúncio de um jogão.

E foi mesmo! Teve tudo que um clássico de verdade deve ter: rivalidade, lances ríspidos, expulsões, gols e polêmica, muita polêmica. No fim o empate traduziu muito bem o que foi o jogo. Mas faltava o prato principal: o jogo da Lusa! E que jogo! Fazia tempo que a Portuguesa não jogava com tanta frieza e inteligência. Torcida cantando o tempo todo, futebol raçudo, vistoso... Teve maior volume de jogo, mais tranqüilidade e paciência para esperar o momento certo para “dar o bote”, sem deixar possibilidades para o líder.

Enfim, um desfecho perfeito para um fim-de-semana gordo.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Triste sina

Após ver uma evolução no time da Lusa nos últimos jogos, sábado passado resolvi conferir de perto a quantas andavam as coisas pelos lados do Canindé, principalmente após ouvir dos próprios jogadores lusos que a nossa casa seria o principal trunfo na reta final do certame nacional, para que permaneçamos na elite.

Ledo engano. O que eu vi foi um time acuado dentro de sua própria casa, por um adversário que veio com o intuito de voltar pro Sul com 1 ponto na bagagem, pois se quisesse mais, certamente conseguiria.

Não faltou raça, em momento algum. O sempre questionado Dias foi um guerreiro, o Jonas correu feito maluco e saiu cuspindo marimbondos ao ser substituído. Faltou inspiração. Os únicos lampejos de lucidez couberam ao lateral Athirson, ainda assim pouquíssimas vezes acionado.

Quando o Estevam Soares quis mexer no time, fê-lo muito mal. Sacou um volante (Rai) para a entrada de um meia (Fellype Gabriel), fazendo permanecer em campo o meia Preto, mas a bola sequer passava pelos seus pés. Tirou o atacante que mais lutava em campo (Jonas), para pôr o inoperante Vaguinho, que não fez uma única jogada que prestasse. A nossa sorte é que o garoto Keirrisson fez uma das piores partidas da sua vida, o Carlinhos Paraíba só ciscou e o argentino Ariel Nahuelpan é muito ruim.

Como o campeonato é nivelado por baixo, e muito por baixo, ainda há tempo, embora faltem apenas 9 rodadas para o seu término. Apenas 2 pontos nos separam, momentaneamente, da permanência na elite.

O próximo adversário é o líder Grêmio, novamente no Canindé, e não há mais margem para erro. Ou ganha ou terá que buscar pontos fora de casa, onde, aliás, somou apenas 4 até o momento. Hoje ficou provado que apenas transpiração não será suficiente. E se cair, a impressão que eu tenho, cada vez mais forte, é que não subirá tão cedo.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

A inversão dos valores

No ano passado, após a derrota contra o Sport, pelo Campeonato Brasileiro da Série A, os “torcedores” do Corinthians protagonizaram novas cenas de revolta e indignação devido ao caos que se instalou no Parque São Jorge. Foram cobrar “raça” e “determinação” por parte dos atletas da equipe, responsabilizando-os pela fase tenebrosa a qual o clube vem atravessando de uns tempos para cá. O mesmo aconteceu no Rio de Janeiro com a “torcida” do Botafogo, depois que o time foi incrivelmente eliminado da “importantíssima” Copa Sul Americana pelos argentinos do River Plate, estando com um jogador a mais e podendo perder por um gol, após estar ganhando por 2 a 1!

Durante a semana passada foi preciso uma viatura de polícia para que os jogadores do Vasco pudessem treinar. Com tanta pressão, é óbvio que o resultado em campo não foi dos mais satisfatórios: derrota vexatória frente ao Figueirense, em pleno São Januário. E queda livre rumo ao rebaixamento.

É compreensível que o amor incondicional pelo time do coração somado ao fanatismo leva o indivíduo a tomar atitudes que em condições normais não tomaria. É certo afirmar que num país de tantas injustiças sociais e negociatas políticas o futebol é usado como válvula de escape para as agruras do dia-a-dia. Políticos populistas se aproveitam de conquistas desportivas para distrair a atenção do povo. Em Portugal, por exemplo, durante a ditadura de Oliveira Salazar criou-se a figura dos 3 Fs (futebol, fado e Fátima), o que consistia na idéia de que enquanto o povo tivesse diversão, sentimento e fé, não precisaria de mais nada. Progresso? Esse verbete soa como um palavrão numa ditadura. O problema é que isso funciona. E é aí que mora o perigo.

Se não, vejamos: 15 dias antes, o Presidente do Congresso Nacional, o Senador Renan Calheiros, foi vergonhosamente absolvido pelos colegas (ou seria melhor “comparsas”?) de Senado, e qual foi a reação imediata das pessoas? Revolta, indignação e todos os sinônimos que as valham.

Perfeito, mas apenas num primeiro momento. Depois, tudo voltou ao normal. Enquanto isso o Corinthians se preparava para outro jogo do Brasileirão e, como num jogo de roleta-russa, qualquer resultado que não fosse a vitória desencadearia reações intempestivas por parte dos torcedores profissionais.

Outro exemplo: no fim da década de 1980, quando o Palmeiras já amargava 13 anos de jejum de títulos, sua torcida se enchia de esperança ao ver o time dirigido por Telê Santana chegar à fase decisiva do Campeonato Paulista de forma invicta. Aí veio o jogo contra o Bragantino em Bragança Paulista, a derrota por 3 a 0, a eliminação e o fim da esperança alviverde, e, juntos, esses ingredientes se transformaram em nitroglicerina pura, o que culminou com a depredação do patrimônio do clube, que teve a sala de troféus destruída pela ira desses “torcedores”. No ano seguinte, a caderneta de poupança foi confiscada pelo governo Collor, em tempos de inflação desenfreada, e adivinhe qual foi a reação do povo (incluindo os que destruíram a sala de troféus)? Estupefação momentânea, apenas isso.

Mas, caro leitor, antes de se "orgulhar", saiba que isso não é exclusividade do Brasil. Pedro Santana Lopes, ex-Primeiro-Ministro de Portugal, dava uma entrevista a uma rede de TV, quando foi interrompido pela sua interlocutora para que fosse mostrada a chegada de José Mourinho, o super vencedor ex-técnico do Chelsea e considerado - pasmem - herói nacional (!) pelo povo português, ao país. Foi então que Santana Lopes se recusou a continuar com a entrevista e disparou: “O pais ficou doido”. Realmente, quando vemos a derrota do time do coração ou o destino da heroína da novela importar mais que o futuro do país, devemos refletir. O técnico italiano Arrigo Sacchi certa vez declarou que “o futebol é a coisa mais importante dentre as menos importantes”. Amém.