quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Sorriso Verde e Amarelo


Depois de muito tempo, confesso que fiquei empolgadíssimo com os próximos jogos da Seleção Brasileira. Tudo por conta da vitória de ontem à noite sobre nossos hermanos queridos, conquistando o troféu no Superclássico das Américas. Com um time mais leve e objetivo, o Brasil ganhou da Argentina pelo placar de 2 a 0, no estádio Mangueirão, em Belém, com gols de Lucas, que poderia ser velocista, e de Neymar, cujo corte de cabelo não tem definição.

Não levo em conta o placar, poderia ter sido apenas 1 a 0, mas ressalto a maneira com que os jogadores do Brasil entraram em campo. No primeiro tempo, os hermanos só queriam se defender, e quando ameaçavam dar trabalho ao gol de Jefferson, o mesmo defendia como um digno goleiro de Seleção ou a zaga tirava com confiança. No caso da Seleção Brasileira, só faltava mesmo o gol, pois as jogadas eram criadas, o que não acontecia em jogos anteriores.

Ainda no primeiro tempo, comecei a perceber que ali estava uma equipe diferente, confiante, criativa e querendo vencer o jogo. Veio o segundo tempo e pude falar o que estava engasgado há muito tempo: esse é o Brasil que todos queremos ver. Esse é o time que impõe respeito.

Penso que já passou da hora de o Mano Menezes olhar com mais atenção para os jogadores que fazem a diferença e aos que não fazem, pois está na hora de definir o elenco para o restante dos amistosos, Copa das Confederações e Copa do Mundo.

Sem me alongar, parabenizo os jogadores pela vitória, destacando o lateral-esquerdo Cortês e o atacante Borges, que entraram em campo com personalidade.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Terça-feira gorda

Em um dia de tantos assuntos, não poderia ficar apenas comentando o jogo da Lusa. Teve a lei da mordaça, implantada pelo Felipão, no Palmeiras, a suíte do pedido de dispensa do Mário Fernandes do time caseiro da CBF, a rodada da Champions, com direito à ressurreição do Kaká, a vitória do Benfica e a esperadíssima falta de profissionalismo de Tevez, no City.


Começando pelo Palmeiras, onde todo mundo grita e ninguém tem razão, não por falta de pão, mas de controle, Luís Felipe Scolari baixou determinação proibindo declarações dos jogadores à imprensa. A desculpa, esfarrapadíssima, por sinal, é que assim evita-se declarações polêmicas de alguém do grupo antes do jogo contra o lanterna América Mineiro.


O estopim foram as declarações do atacante Kléber, que reclamou de o time só fazer golos de bola parada. Falando em golos, o Gladiador não os marca há 100 dias. Muita resenha, pouca bola e nenhum respeito pelos companheiros. Felipão, perdido, não percebe que não será amordaçando o elenco que resolverá o problema. O buraco é muito mais embaixo: está na politicagem do clube, onde todo mundo manda, ninguém obedece e é o próprio Palmeiras quem perde com isso.


No Grêmio, Mário Fernandes voltou aos treinos um dia após dar uma bica na seleção caseira da CBF. Tudo o que tinha que ser dito a respeito o foi ontem. A vida segue, o lateral gremista terá outras chances com a camisa amarela e a seleção continuará agonizando na banalização promovida pela própria CBF, que conseguiu a proeza de transformar um Brasil x Argentina em um Araçatuba x Paysandu, só para manter as cores dos fardamentos.


Indo para o Velho Continente, rodada nobre pela Liga dos Campeões, com destaque para a vitória do meu Benfica (apenas porque é meu time), contra o romeno Otelul Galati, a ressurreição do futebol de Kaká na vitória madridista diante do Ajax, em dia de show do trio Ronaldo-Kaká-Benzema, e de mais uma molecagem do argentino Carlitos Tevez, que se recusou a entrar em campo na derrota do nanico endinheirado Manchester City para o enorme e fortíssimo Bayern de Munique.


A atuação do meia merengue é um alento para a Seleção, pois não há um meia sequer capaz de segurar o rojão. Kaká pode ser esse homem. Ganso é uma incógnita e Ronaldinho Gaúcho liderando o Brasil é uma piada de gosto extremamente duvidoso.


Em Munique, Tevez fez o que sempre fez: deu uma banana para o contrato que assinou e forçou, mais uma vez, a saída de mais um clube, como já fez no Boca, no Corínthians e no Manchester United. O clima é insustentável e o treinador Roberto Mancini disse que, com ele, Carlitos não joga mais. Agora ou o City o vende por um preço bem baixo ou vai ficar rasgando dinheiro com um ótimo jogador (e péssimo profissional) mofando, encostado.


Para fechar o dia, nada melhor que mais um espetáculo da Lusa. De manto novo e futebol à moda antiga, atropelou o Goiás no Canindé e abriu seis pontos do Náutico, segundo colocado. Rogério, Henrique e Marcelo Cordeiro marcaram, numa noite em que o maestro Marco Antonio desfalcou a equipa e Edno perdeu um comboio de golos, mas participou de dois dos que foram anotados. Mais Barcelusa do que nunca, o grená da camisa nova combina perfeitamente com o azul do céu que cobre as águas calmas que a nau lusitana navega em busca do porto seguro da primeira divisão.

sábado, 24 de setembro de 2011

Golzinho Cearense

Na última quinta-feira os palmeirenses respiraram um pouco mais aliviados com a vitória perante o Ceará. Foi um placar magrinho, é verdade, 1 a 0 no Canindé, com gol contra do zagueiro Thiago Matias, mas serviu para dar animo aos jogadores e encerrar um jejum de cinco partidas sem vencer. 
Os comandados de Luis Felipe Scolari jogaram um futebol raçudo, no qual a habilidade nem entrou em campo, como de costume. Porém, devido às turbulências nos últimos meses, não seria necessário apresentar um futebol arte, mesmo porque os jogadores que lá estão não possuem essa capacidade, mas era preciso dar uma resposta a torcida alviverde, ainda mais jogando no "seu" estádio.

Como um bom técnico gaúcho, Felipão armou muito bem sua defesa, fazendo com que seus pupilos marcassem bravamente os jogadores do Ceará, mas pecou quando escalou quatro atacantes, sendo que um deles ficaria com a função de armar o time. O atacante menos cotado para isso seria Kléber, devido ao seu estilo de jogo, mas foi ele quem ficou encarregado dessa tarefa. Resultado: não acrescentou em nada na partida. Sendo assim, o Palmeiras usou da sua melhor arma: cruzar a bola na área e quem pegar, pegou.

Quem sabe depois dessa vitória, a competência dos jogadores volte a circular pelos lados palestrinos. Mas calma, palmeirenses, ainda há muito uniforme para sujar dentro de campo.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Pra colocar o bacalhau de molho

Logo mais a Lusa tem o jogo mais complicado, sob o ponto de vista deste que vos escreve, na rota do título de campeão brasileiro da Série-B: enfrenta o embaladíssimo Bragantino, dono da melhor campanha do returno, no estádio Nabi Abi Chedid.

O Massa Bruta vem de seis vitórias seguidas e, com os golos de Léo Jaime, pode não ter encontrado a fórmula do amor, mas passou de ameaçado pelo descenço a sério postulante a ascender à primeira divisão do ano que vem. O último desaire do time da Terra da Linguiça foi diante do ASA, na penúltima rodada do turno.

Um rodada antes a Lusa sofreu sua última derrota, contra o Vila Nova, em pleno Canindé. De lá pra cá empatou quatro jogos e venceu três.


E o jogo de amanhã está longe de definir o que ambos os times farão no campeonato, mas ajuda a decidir muita coisa. Para o Braga, vencer a sétima partida consecutiva e, de quebra, acabar com a pose do líder disparado, pode dar o impulso que falta para consolidar de vez o caminho da volta à elite. Para a Lusa, que terá seis dos próximos sete jogos no estado de São Paulo, vencer o Bragantino significará não só manter a folga na cimeira da tabela, mas será a ratificação de que a turbulência da virada do turno já passou.

Um empate não terá sido dos piores resultados, ainda mais depois do tropeço do Náutico contra o Paraná, mas se a Lusa, que é o time com melhor campanha na condição de visitante, voltar de Bragança com mais três pontos, tratarei de garantir meu suprimento de sardinhas, tremoços e colocarei o bacalhau de molho.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Me engana que eu gosto

No fim da década de 1970 havia um ditado que rezava que "quando a Arena vai mal, mais um no Nacional; quando a Arena vai bem, mais um também" para explicar o inchaço do número de times no Campeonato Brasileiro, além de demostrar como os dirigentes, politicos ou dos clubes, usavam o futebol como instrumento de manobra.

Os políticos não usam mais a bola com tanta frequência por conta de uma mudança no comportamento do eleitor. Já os dirigentes dos clubes continuam useiros e vezeiros da prática, já que os torcedores se prestam ao papel de massa de manobra. No lugar de clubes no Nacional, contratações de impacto para o clube, mesmo que o caixa não suporte tamanha estripulia.

Pior que isso, não há critério técnico algum. O negócio é dar munição para os torcedores mais bravateiros fanfarronearem com os rivais. E ele, torcedor, aceita de bom grado, invariavelmente, mesmo que o risco de o negócio fazer água seja iminente.

Vejam o Palmeiras, em 2008: time redondinho, Jorginho, hoje na Lusa, com uma campanha irrepreensível. E o que fizeram? Além da troca pelo Muricy Ramalho, trouxeram o Vagner Love para o ataque, sem a menor necessidade. No caso do técnico, Muricy tinha história suficiente para justificar sua chegada ao Palestra. Já o Artilheiro do Amor, além de brilhar em uma Série-B, em 2003, nunca fez nada que justificasse o empenho para trazê-lo. Deu em nada, é claro.

Agora fazem a mesma coisa com o Valdívia. El Mago, como é chamado, nunca jogou o que pensam (ou ele mesmo pensa) que joga. Um ou outro lance esporádico, um ou outro chute no vazio, um ou outro gol e um ou outro dia fora do Departamento Médico do clube. E custou €7 milhões ao cofres do Palestra, que acaba de perder a chance de recuperar parte do investimento ao não negociá-lo com um Al qualquer coisa de algum país do Oriente Médio.

São Paulo e Corínthians contrataram o Imperador Adriano, mesmo com toda a fama de jogador-problema que o atacante tem. Ele alterna jogos fabulosos com confusões homéricas, o que põe em risco o alto investimento que se faz ao contratá-lo. Além do mais, se não estiver fisicamente nos cascos, Adriano não passa de um jogador comum, mas com um chute muito forte. Lesionado assim que chegou ao Parque São Jorge, ainda não entrou em campo.

Agora é a vez de Luis Fabiano, que nunca ganhou nada de relevante no clube e sempre negou fogo nos jogos grandes, ser a bola da vez. Foi recebido por mais de 40 mil ensandecidos tricolores no Morumbi, se machucou e ainda não estreou. Pela história no clube do Jardim Leonor, não espero muito dele.

Mas a cereja do bolo está no Flamengo: Ronaldinho Gaúcho foi disputado a tapa por Palmeiras, com quem estaria apalavrado, Grêmio, que o revelou, e Flamengo, que acabou levando a melhor. Ou a pior, pois o ex-melhor do mundo até agora não justificou os milhões de reais tirados sabe lá Deus de onde para trazê-lo. Alguns golos, o título carioca, mesmo sem ter brilhado no campeonato e bons jogos enquanto o Rubro-Negro esteve bem como um todo, o que lhe valeu a volta à Seleção, onde jogará o mesmo de sempre. Agora o Flamengo, que ficou invicto por quase sete meses, está em queda-livre e ele se esconde em campo.

Aí o torcedor, que ria feito uma hiena, amaldiçoará o que meses antes havia abençoado. Mas não tem nada não. É só trazer mais um jogador com muito nome e pouca bola, que o pessoal da arquibancada continuará dizendo "me engana, que eu gosto".

domingo, 18 de setembro de 2011

Os tremoços do Johnny

Sábado fui ver o jogo da Lusa numa padaria aqui em Diadema, a convite de um amigo. Nada mais apropriado, não é mesmo? Portuguesa, cerveja e tremoços. Diferentemente do que podem os senhores imaginar, o nome do patrício da padaria não é Manuel ou Joaquim, mas João, ou Johnny. Johnny da Padaria.

Assim que cheguei, faltando uns 15 minutos para o início da partida, vi que o Johnny usava uma camisa igual à minha, um modelo retrô do ano de 1956, com o nome do grande Djalma Santos. Grande também foi o abraço que recebi do anfitrião, a quem eu já devia a visita há tempos.

Na TV passava o jogo do Barcelona, aquele time espanhol que se inspira na Lusa para jogar. No intervalo, o placar apontava 5 a 0 para os catalães, contra o Osasuña.

Fui à geladeira, peguei uma cerveja e sentei-me ao pé do balcão. À minha frente, uma generosa porção de tremoços e o Johnny, que contava histórias de jogos inesquecíveis e atendia quem chegava na padoca.

Enquanto isso o Guarani, que mandava o jogo em Araraquara, tinha a posse de bola e assustava uma Lusa desfalcada do seu principal armador, Marco Antonio. A primeira finalização rubro-verde aconteceu aos 10 minutos, dos pés de Boquita, o substituto do maestro. Bola na entrada da área, desviada na zaga e indo dormir dentro da cidadela bugrina.

Johnny e eu quase engasgamos, com tremoços, comemorando o golo. Daí em diante, uma pressão do verde campineiro, que fez do guardarredes Wéverton o nome do jogo. E foi assim até o final da segunda parte: sustos, pressão contrária, ótimas histórias, tremoços e cerveja, até o segundo golo da Lusa, num contra-ataque letal que terminou com o esférico no barbante, após a conclusão do avançado Junior Timbó, já nos estertores do confronto.

Depois disso, mais comemoração, mais cerveja e mais tremoços, claro. E a promessa de voltar à padaria do bom patrício Johnny para mais histórias, futebol e tremoços.

Sem sal e sem açúcar

* por Thiago Albino


No estádio Mario Kempes, em Córdoba, na última quarta-feira, jogaram as duas seleções de maior rivalidade mundial, por que não? Ambas só convocaram jogadores que atuam no próprio país, e claro, a Argentina veio com um elenco onde não tinha um jogador de destaque.

Como o Brasil é o país do futebol, seria estranho se a amarelinha não entrasse em campo com pelo menos um grande talento. Por isso, por falta de um, entraram dois: Ronaldinho Gaúcho, aquele que sempre fica devendo com o manto verde e amarelo, mas joga bem nos clubes por onde passa, e Neymar, a grande jóia brasileira, o que pode vir a ser melhor que Ronaldo “fenômeno”, segundo alguns comentaristas esportivos, que agora não vem ao caso.

É engraçado usar esse titulo se tratando de seleção brasileira. Mas, o que ficou no Superclássico entre Argentina x Brasil foi isso: um jogo sem tempero, sem aquela velha emoção que se sentia quando a canarinho entrava em campo, onde o placar foi um misero 0x0.

Enfim, com essa renovação entre os jogadores, fiquei esperançoso e ansioso para ver os jogos da Seleção Brasileira e o velho futebol arte de volta, o que não acontecia de 2003 até 2010. Agora, se for para a seleção jogar do jeito que está, chama o Zico, Rivelino, Bebeto, Romário que eles darão conta do recado.

O time não tem jogada trabalhadas, não tem ofensividade, joga o básico, com medo de errar. Por isso admiro Leandro Damião, um rapaz de personalidade, que arrisca, joga sem medo. Apesar de achar que o Borges também mereça uma chance.

Procuro entender porque o moço de Passo do Sobrado, no Rio Grande do Sul, não coloca o Lucas como titular, nem se quer o coloca para jogar 30 minutos das partidas. Convoca jogadores que não acrescentam em nada, só estão lá pelo nome: Ronaldinho Gaúcho, Kleber, Robinho e por ai vai.

Portanto, abra o olho Mano Menezes, senão você irá ver a Copa do Mundo de 2014 sentado no sofá da sala tomando chimarrão.

*Thiago Albino, 20 anos, é estudante de Jornalismo.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O não-jogo de ontem

Ontem Brasil e Argentina resolveram ofender o futebol. Nem o mais crítico dos torcedores esperava algo tão ruim, ainda mais se tratando de duas maiores escolas do futebol mundial. É difícil escrever sobre um jogo que não houve. Aliás, houve, mas aquilo lá não pode ser chamado de futebol.

Como é praxe nos jogos da seleção do Mano, uma ou outra jogada individual, incluindo a carretilha do ótimo Leandro Damião que acabou na trave. No mais, um time inteiramente dominado no primeiro tempo, montado com um meio de campo formado por jogadores que nunca deveriam passar perto da camisa da Seleção. Neymar apanhava um pouco e caia muito, Ronaldinho Gaúcho jogava o que sempre (ou nunca) jogou com a camisa amarela e Leandro Damião só via a bola de longe. Lucas, que poderia mudar o panorama do jogo, passou o tempo todo ao lado do convocador, no banco.

Pode-se alegar que só estiveram em campo os jogadores que atuam no país, mas o mesmo caso se aplica a nuestros hermanos, e a diferença é que, enquanto o Brasil contou com algumas estrelas, a Argentina não pode contar com seus dois principais jogadores, Veron e Riquelme, que estavam lesionados. No mais, um bando de jogadores esforçadíssimos que são o retrato fiel de um futebol falido financeiramente.

O não-jogo foi válido pela Copa Nicolas Leoz, antiga Copa Roca. A princípio torci o nariz para a homenagem a um dirigente tão danoso, ainda mais em se tratando de um torneio que já teve gente do nível de Sívori, Pedernera, Pelé e Didi. No entanto, após o desfutebol de ontem, não só aceito como concordo. Afinal, como se diz em Portugal, pra quem é, bacalhau, ou melhor, Nicolas Leoz basta.

Barcelusa voltou

Foi um banho de bola. Como se diz em Portugal, uma jornada bem conseguida. A Portuguesa voltou a ser Barcelusa e quem pagou por isso foi o Grêmio Itinerante, por ora em Barueri. O escore que se viu no esdrúxulo placar eletrônico do Canindé mostrou a superioridade dos comandados de Jorginho, o Cantinflas, ou Jorgiola, ou Jorginus Michels.


O golo que inaugurou o dito placar saiu dos pés dos visitantes, num belíssimo chute de Alex Maranhão. Depois disso, só deu Lusa, como numa luta de boxe em que o mais forte leva um soco, sente o gosto do próprio sangue e parte forte como um trator pra cima do contrário. Forte como a pedrada de Edno, que virou o jogo três minutos após o maestro Marco Antonio tê-lo empatado. O golo do gigantesco Ananias, ainda antes do meio tempo, serviu para mostrar quem é que manda.


E no Canindé manda a Lusa. Com um toque de bola rápido, envolvente, hipnótico, no melhor estilo Barcelona, ou melhor, Barcelusa! Ferdinando, até ele, marcou o quarto tento antes da metade da segunda parte. Como nem tudo é perfeito, depois da goleada alcançada houve um relaxamento em campo e o segundo golo do mambembe Barueri.


Mesmo com o jogo ganho Jorginho não suporta essas oscilações. Este talvez seja o segredo do seu Bacalhau Mecânico: a busca quase insana pela vitória, em casa ou no relvado do adversário. E o jogo acabou como gosta o comandante: com a bola no pé, os três pontos no bolso e a certeza de que a Barcelusa voltou.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Na bola e na raça

Jogo fora de casa, adversário embalado, dois a menos antes do intervalo. Esta era a situação da Portuguesa no jogo contra o Náutico, pela primeira jornada do returno da Série-B.

Se no jogo contra o Icasa o Jorginho abriu mão dos volantes para arrancar um empate na marra, frente o Timbu o negócio foi trancar o time, com a volta do trinco Rai, único remanescente da equipa que ascendeu à Primeira Divisão em 2007.

Apesar da quatro jornadas sem vitória, este empate com o Náutico não foi o desperdício de dois pontos, foi a conquista de um. Ponto este que pode ser o que faltou no ano passado.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

A lição do Velho Lua

Reza a lenda que o grande Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, foi convidado para cantar no Rio de Janeiro. Chegando à Cidade Maravilhosa, falaram para o Velho Lua que ele não poderia se apresentar com seu chapéu de cangaceiro nem com seu acordeão, pois não era esteticamente adequado. Luiz pensou, olhou no fundo dos olhos do seu interlocutor e disse: "Vocês querem que eu cante, mas não querem meu chapéu nem meu acordeão? Então vocês não me querem!"

Você, caro leitor, deve estar pensando por que raios estou a falar do Gonzagão. É para ilustrar um assunto que volta e meia vem à baila: a possível troca de nome da Portuguesa.

Desta vez quem levantou a lebre foi o próprio presidente Mané da Lupa, insatisfeito com o baixo comparecimento da torcida lusa nesta Série-B, a despeito da excelente campanha rubro-verde. Da Lupa consideraria que o nome, atrelado à colônia portuguesa, espanta o torcedor, que não quer torcer para um "time de colônia", ainda mais de um país tido como vilão desde os bancos escolares.

Ora, deixe-me pensar um bocadinho: o Vasco da Gama tem sua história ligada aos portugueses. Antes que venham me dizer que o nome do navegador PORTUGUÊS pouco ou nada tem a ver com a nossa pátria-mãe (sim, senhor), alerto-vos que a cruz que a equipa da Colina carrega no peito não é a Cruz de Malta. É a Cruz da Ordem de Cristo, que financiou as expedições marítimas daquele país no século XIV. E o mascote bigodudo de caneta da orelha não me parece um escocês ou um búlgaro. Se não bastar, é só o incauto leitor ouvir a última estrofe do hino do clube carioca, que diz "no futebol és um traço de união Brasil-Portugal", ou então a clara referência à A Portuguesa na introdução. Mais lusitano que isso é impossível, ora pois!


Por que o Juventus não tem torcida, apesar de ser uma equipe tradicional e simpática, tal qual a Lusa? Pelo nome? Não! E o Nacional? Quer nome mais ufanista que este? Claro que não! Ambos não têm torcedores em profusão por um simples motivo: a falta de títulos.


Ah, mas o São Caetano foi campeão há pouco e nem assim tem adeptos, você pode argumentar. Pode também completar dizendo que o nome do Azulão o restringe à sua cidade. Fosse assim o Santos também não os teria. Times como o São Caetano não conseguiram angariar torcedores porque não houve tempo pra maturar a paixão pelo clube. Foi um título e só.

Quero crer que o mais novo dos devaneios do presidente Da Lupa seja apenas uma forma de protestar, pois enquanto a Portuguesa não levantar troféus não terá como cooptar torcedores. É tão óbvio quando a bola é redonda. Pode ter o nome que for: Real Paulista, Bandeirante ou FC do Bacalhau. Sem conquistas, sem torcida.

Se a Lusa, que não ganha nada de relevante há quase 40 anos, engatar uma série de conquistas e nem assim seduzir novos adeptos, aceitarei discutir o assunto. Enquanto isso não acontece, sugiro aos descontentes: troquem de time, pois, se o nome, a Cruz de Avis e as cores da bandeira de Portugal não servem, a própria Portuguesa não servirá, assim como o Velho Lua.



domingo, 21 de agosto de 2011

Turbulência natural

A Portuguesa passa por um momento de turbulência na reta final do turno da Série-B. O futebol vistoso que deu ao time o apelido de Barcelusa, apelido este cunhado por mim numa conversa via twitter com o também luso Flávio Gomes, da Estadão-ESPN e que caiu no gosto não só da imprensa, mas dos torcedores, de um modo geral, minguou.

Primeiro, a inesperada derrota em casa frente ao apenas esforçado Vila Nova; depois, o empate com o lanterna Duque de Caxias, que havia perdido 11 dos dos 17 jogos e conquistara a única vitória apenas na rodada anterior ao confronto com a Lusa. Antes do desaire com os goianos, as vitórias surgiram, porém, com muitos percalços.

Na maioria dos jogos a Lusa teve dificuldades na primeira parte, mas voltava do balneário invariavelmente melhor. Mérito do grupo de jogadores e do treinador Jorginho. Em via de regra a Lusa nunca volta para a segunda parte pior do que esteve na primeira.

Mesmo sobrando num campeonato tão desgastante como a Segunda Divisão, o elenco luso tem deficiências. Falta uma opção na lateral-direita, que tem apenas o atacante improvisado Luis Ricardo para o setor, além de um centroavante de ofício. Jorginho não tem um especialista no elenco, apesar de contar (ou não) com os jovens Ronaldo e Lucas Gaúcho para a função.

O campeonato é longo e é praticamente impossível cumpri-lo sem percalços. O campeão da temporada passada, o Coritiba, colecionou resultados ruins em sequência nas últimas sete jornadas do primeiro turno, perdendo cinco partidas.

É hora, pois, de ter calma. É uma questão de encaixar de novo e a Barcelusa estará de volta.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Noite escura, muito escura

O Vila Nova aplacou a líder Portuguesa. Não vou falar que a Portuguesa perdeu para o Vila, pois isso seria não reconhecer os méritos de quem venceu, mesmo que este tenha ficado o tempo todo no campo de defesa.


Futebol também é isso. A Grécia foi campeã da Eurocopa em 2004, desgraçadamente contra Portugal, jogando numa retranca de dar inveja ao austríaco Karl Rappan, o criador do ferrolho suiço, ou ao Catenaccio do argentino Helenio Herrera, na Internazionale da década de 1960.


Tá certo que a Lusa não jogou absolutamente nada. Marco Antonio esteve irreconhecível, Edno acertou pouco, Henrique e Ananias não estiveram bem, Ivo foi horroroso e Mateus foi expulso. Muito também pelo bom trabalho defensivo da equipa goiana, que foi um time mais centrado durante o jogo todo e mereceu o êxito.


Não é de hoje que a Lusa tem feito maus primeiros tempos. A diferença é que, desta vez, a sorte foi madrasta e o time tomou o golo quando estava se encaixando em campo.


Foi um jogo atípico mesmo, ou melhor, foi uma noite diferente, pois o Duque de Caxias, após 16 rodadas, venceu seu primeiro jogo. Aliás, é o time carioca o próximo adversário da Portuguesa, já na sexta-feira. Jogo para se recuperar e espantar de vez a estigma de emperrar quando todos esperam que tenha chegado a hora do "agora vai!"


Que o desaire de ontem tenha sido apenas fruto de uma jornada má conseguida, numa noite escura, muito escura.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Vitória e trajes de gala

Sábado, após 11 intermináveis dias de intervalo entre os jogos da Portuguesa, tive um compromisso inadiável e inevitável. Fui tirar as medidas da roupa que usarei no casamento do meu irmão, do qual serei padrinho. Justamente no mesmo dia e hora em que a Lusa jogava contra o Sport, na Ilha do Retiro. E lá estávamos nós, meu pai, meu irmão e eu, em São Bernardo do Campo, para provar os fatos da cerimônia.

Apesar de todos sermos lusos, eu era o mais incomodado por não poder assistir à partida. Nada que não pudesse disfarçar, mas depois de 11 dias sem um jogo de futebol sequer que prestasse, não ver a Barcelusa em ação era um castigo, ainda mais em um jogo tão complicado. O jeito, então, foi ouvir no bom e velho rádio, companheiro inseparável de jornadas épicas e, naquele momento, meu único aliado.


Entre uma passada de fita em volta do pescoço e uma piada descabida do meu pai, grão-mestre em contar piadas de gosto duvidoso e a quem puxei neste aspecto, eu ficava de ouvidos no que se passava na Ilha do Retiro, lugar de boas lembranças para nós lusos. O jogo, como era de se esperar, estava difícil, ainda mais porque o trinco Guilherme não estava em campo. Assim, o chute de longe, tão usado durante o certame, deixou de ser uma das armas mais postas em campo.

No fim do primeiro tempo, após alguns sustos, devidamente registrados por todos os que estavam no local, e todas as medidas apanhadas, finalmente fomos embora, sem antes parar num restaurante para marcarmos o almoço do Dia dos Pais, que caiu no mesmo dia do aniversário da Lusa. Para minha alegria, havia uma televisão ligada no jogo. Tratei, então, de aboletar-me ao pé do balcão e ver o jogo. Para minha surpresa, tinha lá outro patrício com a camisola rubro-verde.


Enquanto algum engraçadinho insinuava que iria tirar uma foto para registrar o alto número de lusitanos (estávamos em quatro) no local, o ótimo Marco Antonio batia falta como quem coloca com a mão para abrir o placar e começar a encaminhar a quinta vitória seguida no campo do adversário, a décima primeira em 16 jogos. Depois, só para dar um pouco de graça, o jogo pegou fogo e vencemos por três golos a dois, com Henrique e Edno anotando os outros tentos lusos. Os do Sport eu nem me lembro de quem fez, pra ser bem sincero.


Apesar da alegria pela vitória, descobrimos que o restaurante não abriria no domingo. Assim resolvemos comprar umas sardinhas, uns tremoços, algumas cervejas e uma garrafa de um bom vinho verde de Castelo de Paiva e fomos comemorar o Dia dos Pais na casa do nosso, à margem de todo e qualquer jogo ruim que estivesse passando. Só depois me lembrei que na Espanha se enfrentariam Real Madrid e Barcelona, que jogam um futebol quase tão bonito quanto o nosso. Sabem como é, né? Depois de ver a Lusa em ação é normal o padrão de exigência se elevar.

No fim das contas, comemoramos as datas e ficamos com a certeza de que estaremos todos impecáveis no dia do casório, tanto quanto o irretocável futebol da Portuguesa.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Deliciosa chatice



Já virou rotina. A Lusa venceu mais uma na Série-B. A vítima da vez foi o Criciúma, que até o jogo contra o Bacalhau Mecânico tinha tomado só 10 golos em 14 jornadas. E até que o Tigre segurou por um tempo o ímpeto luso. Acontece que a Lusa está iluminada.

Outra vez a Lusa encontrava seríssimas dificuldades. Não por conta de problemas do time, mas os adversários passaram a visar a equipa lusitana. O Criciúma povoou o meio de campo e conseguiu neutralizar a troca de passes, que é o forte da equipe treinada pelo Jorginho. Percebendo isso, o Cantinflas do Canindé deixou Ivo no balneário e mandou a campo o veloz Ananias, que voltava de lesão, e demoliu a marcação, ao lado do igualmente rápido Raí.

E foi Ananias, do alto dos seus 1, 63 m, quem de cabeça abriu o placar. Time iluminado é assim mesmo, tudo dá certo. Depois o lateral Pirão foi expulso e, para resolver de vez, o estreante Boquita marcou, no primeiro toque que deu na bola, o segundo tento da Lusa. Foi o 35º em 15 jogos.

Mais uma vez a Lusa volta melhor e vence o jogo na segunda parte. Não foi brilhante, mas foi lutadora e buscou a vitória o tempo todo.

O que pode atrapalhar é a janela de transferências aberta até o final deste mês. Edno e Guilherme, que outra vez foi gigante, têm sondagens do Velho Continente. Se não perder seus principais valores, a dúvida será apenas em qual rodada o acesso será alcançado.

Na tua glória toda a certeza que tu és grande e o seu lugar é a Primeira Divisão, ó Portuguesa.

sábado, 30 de julho de 2011

Implacável

A Lusa segue irresistível na sua campanha de volta à divisão maior do futebol brasileiro. Hoje, em Campinas, enfrentou a segunda colocada Ponte Preta e simplesmente não tomou conhecimento do oponente. Aplicou um categórico 3x0, com todos os tentos marcados na segunda parte.


Entre as diversas qualidades do time luso está o fato de nunca voltar pior do intervalo. Esta é mais uma mostra de como o Cantinflas do Canindé, o Jorginho, conhece do negócio. No Moisés Lucareli a Ponte foi mais perigosa no truncadíssimo primeiro tempo, impondo, inclusive, uma bola à barra de Wéverton.


Foi um jogo em que, individualmente, ninguém brilhou. Tanto que os dois primeiros golos surgiram em bolas alçadas na área, anotados pela dupla de beques Leandro Silva e Mateus. Edno não brilhou, embora tenha lutado muito. Henrique e Ivo não tiveram uma jornada bem conseguida, tanto que ficaram no balneário no intervalo. No entanto, Jorginho foi feliz na substituições e a Lusa triturou a Ponte Preta, abrindo quatro pontos na cimeira da tabela.


Outra qualidade que pode ser vista na Lusa é o extenso leque de possibilidades. Num dia em que não seria no toque de bola que se resolveria a fatura, o jeito foi lançar mão da bola levantada na área pelo excelente Marco Antonio. Foram dois golos assim. O terceiro foi consequência do desespero dos anfitriões, que se lançaram à frente e deixaram todo o espaço do mundo para o reserva Rai dominar, cortar a marcação e marcar um belo golo.


E assim segue a nau lusitana, implacável rumo ao porto seguro da Primeira Divisão.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Quem quer passar além do Bojador

Sabe quando você olha na tabela do campeonato e pensa "aqui a gente não ganha nem na marra"? Sábado foi um jogo desses. No Pituaçu, contra o Vitória, a Portuguesa contou com a sorte para trazer na bagagem mais três pontos.

O time estava desfalcado, já que não contava com o médio Henrique e o defesa central Mateus, entrando Leandro Silva e Ivo em seus lugares. Para complicar, o Rubro-Negro baiano jogava com a casa cheia, contava com quatro estreias e vinha de derrota.


E o Vitória, como era de se esperar, tomou conta do jogo. Foram duas bolas atiradas ao poste luso, além da (novamente) ótima atuação do guardarredes Wéverton. Fora os golos incrivelmente perdidos pelo Leão, ora sem goleiro, ora com jogadores livres à frente da moldura lusitana. Em condições assim a Portuguesa costuma perder, ainda mais quando a equipa passa a ser a mais visada, dada a condição de ponteira do certame.

Bolas atiradas ao poste a Lusa também teve. A diferença é que, no caso, ela voltou para o mesmo jogador que a havia atirado, o zagueiro Leandro Silva, que não desperdiçou o troco no lance que abriu o marcador. O mesmo Leandro quase deu o golo de empate, mas a sorte não foi madrasta com a Portuguesa e a igualdade não aconteceu. A boaventurança deu as caras outra vez no segundo golo luso, que nasceu após uma falha igualmente bisonha de um defesa leonino. Entretanto, diferentemente do contrário, Edno não desperdiçou, dando números finais ao escore e a vitória aos comandados de Jorginho.


Jorginho, aliás, foi o maior destaque no dia em que, individualmente, apenas o goleiro luso brilhou. Soube armar o time para segurar a pressão, ter paciência e ser letal no contragolpe.


Quem quer passar além do Bojador tem que passar além da dor, já dizia Fernando Pessoa. E, para tanto, a sorte é fundamental, já que, além de uma boa caravela e uma grande tripulação, é bom que o mar ajude.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Hora da verdade

A campanha da Lusa na Série-B chama a atenção. Além de estar ponteando o certame, o futebol praticado pelos comandados de Jorginho é vistoso, de encher os olhos. E o fato de estar brilhando em uma divisão menor acaba tendo o lado ruim, uma contra-indicação: o interesse dos clubes da Primeira Divisão.

O primeiro a ser sondado foi o próprio Jorginho, que teve propostas de Grêmio e Atlético Paranaense, além de ter seu nome envolvido em boatos vindos do Morumbi, onde a fritura do então treineiro Carpegiani já se encontrava em óleo fervente. Como o Cantinflas do Canindé é luso desde as bancadas e não abandonaria a caravela nem para ir ao Barcelona, não houve mudanças no comando técnico rubro-verde.


Agora o assédio é sobre o elenco. As informações são de que o atacante Jael, o Cruel, que já esteve na ordem do dia de Santos e Grêmio, está prestes a se transferir ao Flamengo. Embora seja um jogador que conta com o apoio dos adeptos lusos, não seria uma perda das maiores, já que mais tem estado suspenso do que jogando. Tem boa técnica, sabe abrir espaços, é raçudo, carismático e fazedor de golos, mas é uma bomba-relógio, pronta para explodir a qualquer momento.


Outro atleta visado é o jovem volante Guilherme. Um volante completo, mesmo aos 20 anos. Marca forte sem dar pancada, dificilmente erra um passe e tem um chute forte e certeiro à longa distância (a torcida esmeraldina que o diga), além da excelente chegada à frente. Seria titular em qualquer time do Brasil. Este sim, caso saia, fará uma falta enorme à Lusa.


É este o momento mais delicado do campeonato. Se a Lusa resistir às investidas dos "co-irmãos", tem tudo para navegar tranquila o revolto mar da Série-B. Caso contrário, a tormenta poderá pôr a pique a nau rubro-verde.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Este é Jorginho



Não é de hoje que venho tecendo elogios ao treinador Jorginho (a quem costumo chamar Jorginus Michels), da Portuguesa, que, além de ser um treinador competente mostra-se uma das pessoas de maior humildade e retidão de caráter. A entrevista que o eterno Cantinflas do Canindé concedeu ao jornalista Renato Pereira, do Blog da Portuguesa, mostra bem quem é Jorginho.

Blog da Portuguesa: Você jogou na Portuguesa nos anos 80, quando o clube fez belas campanhas. O que mudou no clube de quando você era jogador, para hoje, quando você é técnico?

Jorginho: Mudou tudo, a Portuguesa é outra. A começar pela estrutura. Na época, não havia Centro de Treinamentos e aumentaram as dimensões do campo. Os vestiários foram renovados e até o banco de reservas está modificado. Há, ainda, a implantação da sala de musculação e a separação do departamento de futebol profissional do amador. Nem os túneis,que no meu tempo de jogador era horríveis, alagam mais.

BP: A Portuguesa então evoluiu...

J: Sensivelmente. É de fato um outro clube. Não é à toa que o Palmeiras adora jogar aqui. O gramado está muito bom. É uma estrutura de alto nível.Chegamos à nona rodada da Série B, ou seja, quase metade da primeira fase já passou. Já é possível definir quais são os pontos altos e baixos da Portuguesa 2011?A Portuguesa é um time rápido, tem muita muita velocidade. Há a mescla de jogadores experientes com novos. Alguns têm a habilidade como referência; outros o bom toque de bola.Um setor que eu estou tranquilo é a defesa. Desde que cheguei ao clube, não tomamos gols de bolas paradas. Já no ataque, ainda não foram definidos os titulares. No decorrer do jogos,é que eu vou ver quem tem condições de ser titular ou não.


Imagem: Fernanda SO/Portuguesa

sexta-feira, 1 de julho de 2011

A dona da bola e a pasteurização

Há algum tempo fui assistir a uma palestra do apresentador do Globo Esporte, Tiago Leifert, na sede da ACEESP. Na ocasião, o animador do programa esportivo da hora do almoço afirmou que a Globo tem o direito de determinar horários dos jogos e de dar palpites até no regulamento, pois paga, e bem, por isso. Leifert representa a renovação na forma de falar de esporte, mas o comportamento dele é ultra reacionário. Ele reza na cartilha global e defende, com unhas e dentes, aquele que paga seu salário.

Mas não é do apresentador que eu quero falar, e sim da sua emissora. Desde o monstrengo da Copa União em 1987, quando o Clube dos 13 proclamou-se a nata do futebol nacional, a Rede Globo de Televisão tornou-se posseira deste mesmo futebol. Ela, Globo, que é detentora dos direitos de transmissão de quase todas as grandes competições no país, mantém os clubes sob seu jugo com a prática de pagar pouco e adiantar cotas de outros anos.

Assim os clubes, que têm no DNA a má-administração e o clientelismo, vivem com o pires na mão e nas mãos do canal da família Marinho. Ainda sobre mãos, é o conceito do uma-mão-lava-a-outra que deixa os clubes com as suas atadas, clientes da benevolência global.

Como se não bastasse ser a dona dos corpos, agora a TV do plim-plim quer também a alma do futebol. Até a comemoração do gol eles tentam usurpar, com aquele João-Bobo grotesco que vem pululando nos gramados nacionais, e que, desgraçadamente, caiu no gosto de outros bobos, os de chuteira e os de controle remoto nas mãos.

Palmeirenses comemoram gol com a odiável
coreografia (Djalma Vassao/Gazeta Press)
E é exatamente o que a Globo quer: um futebol parecido com a sociedade: pasteurizado, quadrado, adestrado, incapaz de subverter a ordem que ela ajuda a estabelecer desde o golpe de 1964.