Sigmund Freud é o criador da psicanálise. Você pode não saber o que é isso, mas certamente já ouviu falar sobre ele. Com a sua ajuda, o homem passou a se conhecer melhor, passou a entender os meandros do comportamento.
Mas uma coisa eu duvido que, fosse vivo, Freud explicaria: a torcida da Portuguesa.
De algum tempo pra cá nos habituamos a comer o pão que o diabo amassou. Se antes o costume era entrar nos campeonatos pra fazer número, nossa realidade passou a ser tentar nos mantermos. Começamos a almejar o décimo lugar. Daí pra baixo.
Eis que vem um treinador experiente, conhecedor do “futebolês” em seu estado mais bruto, e nos devolve o prazer de lutar pelas primeiras posições na classificação, de voltar a disputar uma meia-final de Paulistão depois de ONZE anos. E ainda assim tem “torcedor” que faz questão de comprar seu ingresso só pra achincalhar o técnico! Sem contar que esses mesmos “sábios” dispendem o mesmo tratamento ao artilheiro do time, o meia-atacante Edno.
É verdade que ele andou dizendo que não queria ficar no time, que era jogador de primeira divisão. Mas ele ficou. E está jogando bem. Ainda assim insistem em vaiá-lo. Ambos são importantes no processo de reestruturação da Lusa. Não faz sentido serem tratados como estão sendo.
A impressão que fica é que essa meia-dúzia de pseudo-entendedores espera ansiosa as coisas irem mal pra poder bater no peito e dizer, orgulhosa: ‘Eu sabia!’. Os motivos é que são, ao meu ver, bastante duvidosos.
Basta o time tomar um gol, e lá vão eles pra trás do banco de reservas, mas até aí, tudo bem, pois paixão e racionalidade não andam juntas, ainda mais nas arquibancadas de um estádio de futebol. Até aí.
Vivemos numa democracia, e como tal, todos têm o direito de expressar seus sentimentos e opiniões. Isso é sagrado. Da mesma forma, também têm o direito de agir como idiotas, ou de aceitarem ser usados como massa de manobra. E é aí que mora o perigo. A quem interessa o time em crise? Por que não o deixar trabalhar em paz? Essas são perguntas que devem ser respondidas.
Quem há de respondê-las? Não sei, sinceramente. Talvez Freud pudesse. Mas pensando bem…