REPUTAÇÕES ASSASSINADAS Paula Milhin, Icushiro e Maria Aparecida Shimada |
A imprensa comprou a história de duas mães desequilibradas e de um delegado desvairado e vaidoso. Em menos de 15 dias, ele perdeu tudo: patrimônio, reputação, paz. Dois meses depois o caso foi arquivado por falta de provas, mas o seu orgulho nunca foi recuperado.
O muro da casa de um dos casais acusados |
Nos primeiros dias, exceto o jornal Diário de São Paulo, todos, eu disse TODOS, os veículos da grande imprensa promoveram uma condenação sumária aos envolvidos, que eram inocentes. A escola foi depredada e saqueada, a casa de um dos casais foi pichada. Houve uma execução moral.
O delegado, que decretou as prisões mesmo sem provas concretas, foi afastado do caso e ninguém se lembra que seu nome é Edélcio Lemos, nem sabe onde ele trabalha e o que faz. Valmir Salaro, repórter da Globo e o primeiro a falar do tal caso dos donos de escolinha que violentavam crianças, seguiu a vida normalmente.
As mães que fizeram a denúncia não pagaram pelo dano causado e os veículos de imprensa foram condenados a pagar uma indenização ínfima ante o estrago que fizeram.
Treze anos depois,a esposa de Icushiro, Maria Aparecida, morreu de câncer. Passados 20 anos, ele ainda esperava receber algumas indenizações por parte da imprensa e do Estado, mas não teve tempo de receber tudo. No último dia 16, Shimada morreu em casa após sofrer um enfarte. Em silêncio. Sem holofotes. Sem paz. Sem nada.