ÓDIO GENUÍNO Javier Castrilli tirou a Portuguesa da final do Paulistão de 1998 (Alex Ribeiro/Folhapress) |
Nutro por Javier Castrilli um ódio tão genuíno que quase torna-se respeitoso, íntimo. Não sei sua idade, tampouco seu nome completo ou sua profissão. Não sei se é ou foi um bom filho, se tem irmãos, se é um bom avô, sequer se tem netos. Será que seus netos, caso existam, o chamam de Abuelito Javi? Não sei. Deve ser um bom avô.
Não conheço suas preferências políticas, se apoiou as torturas em meio à escandalosa Copa de 1978. Não faço ideia sobre o que ele pensa sobre a Asociación Madres de la Plaza de Mayo. Vibrou com a Guerra das Malvinas? Apostaria que sim, mas não sei.
Só o que sei é que pelo menos uma vez por ano me vem à mente aquele 26 de abril de 1998. É um looping eterno, no qual me recordo que ele tirou da gente a última chance de disputar uma final de um campeonato de elite ao marcar um pênalti obsceno no último minuto do segundo jogo da semifinal entre Portuguesa e Corinthians. Ganharíamos? Ninguém sabe. O que ninguém discute é que aquele time, com Evair, Alexandre, César, Leandro e tanta gente boa, era ótimo. E daria jogo na decisão.
Se o dia 25 de abril é o Dia da Liberdade (em Portugal), o dia 26 de abril de 1998 é o meu Dia do Cárcere. Desde aquele dia, estou preso no ódio a Javier Castrilli, que deve ser um bom avô.