segunda-feira, 26 de agosto de 2019

A Portuguesa e o centenário sem ter nada


Quando "saí" da Portuguesa, em 2015, o plano era disputar a Libertadores em 2020, ano do centenário do clube. O time estava na Série C do Campeonato Brasileiro e a classificação ao mata-mata estava praticamente definida. Dali, bastava superar as quartas-de-finais, com o segundo jogo em casa, para subir à de 2016, mas quem ficou com a vaga foi o Vila Nova. Foi a última campanha algo perto de digna do clube, que caiu para a Série D no ano seguinte e, de lá, para um lento e continuo desaparecimento, como na foto do Marty McFly.

Foto: Alex Silva/Estadão

Veio um presidente com discurso novo, mas com atitudes que fedem a mofo. Veio jogador que não jogou porque só poderia estrear na segunda fase de um campeonato em que o clube não passou da primeira; veio veterano que indicava técnico e jogadores; veio consultor que foi embora porque não era consultado.


E veio 2019 com a última chance de ter um calendário nacional no ano dos 100 anos, mas as práticas não mudaram. Aliás, mudaram para pior. Brigou contra o descenso durante boa parte da Série A-2 do Estadual, e não passou da primeira fase na semi-amadora Copa Paulista pela segunda vez nos últimos três anos, com direito a técnico brigado com diretor de futebol, reforço que não estreou por causa dos salários atrasados, reforço que não ficou porque não tinha a menor condição de jogar, mandos de campo em outra cidade porque preferiam usar o Canindé para cultos, baladas e Festas Juninas. O resultado, óbvio, foi a lanterna de um grupo de seis, incluindo o Sub-23 do Corinthians, em que se classificavam quatro. 

As eleições estão marcadas para o fim do ano e o presidente fala em reeleição. Ou seja, com o futebol parado até janeiro do ano que vem (ano do centenário), não há a menor possibilidade de que se antecipe a escolha do próximo mandatário, mesmo porque o futebol nunca foi a maior preocupação dessa gente.

Não adianta evocar 2013 como muleta para todas as desgraças do clube desde então. Há que se trabalhar para que o clube centenário não vire só história. 

Como na foto de Marty McFly, a Lusa desaparece, lenta e dolorosamente, mas não há Delorean nem o Doc Emmett Brown para conduzir a Portuguesa de volta para o futuro.

sábado, 24 de agosto de 2019

Benfica 0 x 2 Porto - não foi por falta de aviso




Uma partida para se esquecer do Benfica contra o Porto. Ou melhor: uma partida para nunca se esquecer. Se houve um treinador feliz desde o começo, este foi Sérgio Conceição, que armou seu time para explorar os defeitos defensivos que a equipe da Luz apresentou em todas as partidas nesta temporada. 

Zé Luiz, um touro, dominou a dupla Ferro-Dias. Marega abriu em cima do desastroso Nuno Tavares, que tem sido o calcanhar de Aquiles encarnado na temporada. Luiz Diaz não deixou Florentino respirar, matando a saída de bola do Benfica, que tinha a posse, mas são sabia o que fazer com ela. Romário Baró ficou em Grimaldo, jogando Rafa para o meio, onde Danilo era rei e o que passava parava em Pepe. O resultado disso foi que o forte do Benfica de Bruno Lage, que são os corredores com Rafa e Pizzi, ficaram fechados. Como desgraça pouca é bobagem, o 21 fez, seguramente, sua pior partida em anos, muito em função de não haver quem combinasse jogadas com ele.

No segundo tempo, o Porto deu espaço e especulou, tendo em Pepe o melhor jogador em campo, anulando um inoperante Raúl De Tomas. Quando quis dar mobilidade no ataque colocando Chiquinho, Lage, que já tinha perdido Samaris por lesão, tendo que puxar Pizzi para a posição do 6, perdeu o 19, que sentiu a coxa e só fez número em campo. E poderia ser mais, não fosse a ruindade de Marega, típico caso de jogador que é melhor sem a bola e que precisou de duas chances claras para matar o jogo.

A lição que fica para Bruno Lage é que nem sempre será possivel vencer jogando mal como jogou. As vitórias por 5 a 0 sobre Sporting e Paços de Ferreira esconderam defeitos, sobretudo os defensivos de Nuno Tavares, e a conta chegou na primeira derrota do treinador pela Liga desde que assumiu o time no fim do primeiro turno do campeonato passado.

Para Sérgio Conceição, porém, pode ser a redenção que precisava para remontar o time, que perdeu peças importantes e nada melhor que uma vitória incontestável num clássico para fazê-lo em paz.

sábado, 17 de agosto de 2019

Os Belenenses SAD - 0 x 2 Benfica - defeitos do relvado e no relvado


Quando as coisas caminham mal, ou o caminho atrapalha ou o caminhante é quem tropeça. Podemos resumir assim o trabalho que o Benfica teve para vencer o único adversário que tirou pontos a Bruno Lage na época passada. 

Primeiro porque o gramado do Estádio Nacional estava um campo de batatas, e segundo porque a dupla de atacantes Seferovic e Raúl De Tomás poderia estar até agora a atirar bolas contra a baliza de Koffi, que nada aconteceria.

Em noites assim, os que estão em forma acabam por resolver, e são quatro os que o fizeram: Pizzi (que marcou o segundo), Vlachodimos (que impediu ao menos dois golos certos dos de Belém), Chiquinho (que deu outra cara ao time quando saltou do banco) e Rafa, o grande nome da jornada ao anotar o primeiro e dar o segundo a Pizzi.

Há que se ter cuidado com alguma inconsistência, sobretudo do miolo de zaga encarnado, que permitiu algumas hipóteses sem maiores resistências. E há de se enaltecer o trabalho de Florentino, há muito o grande ladrão de bolas do futebol português.

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Lusa, 99 anos




São 99 anos sem o que comemorar, a não ser uma história rica, repleta de realizações e motivos para se orgulhar. São 99 anos em que, durante boa parte deles, as cores da bandeira portuguesa, dos nossos antepassados, foram honradas com suor, sangue e lágrimas, mas muito orgulho por tudo o que este distintivo representa. 
É bobagem falar que é o pior momento do clube, que pode fechar e o caralho a quatro. Tudo isso é muito claro. A Portuguesa de Desportos definha a cada decisão equivocada, a cada mostra de incúria, a cada diretoria incompetente, a cada minuto em que o descalabro virou normalização. A Portuguesa de Oswaldo Teixeira Duarte não merece a Portuguesa de Alexandre Barros, somente para ficar no mandatário atual. A Associação Portuguesa de Desportos é maior que tudo isso que está aí. 

Apesar de tudo, parabéns, Portuguesa. Que você sobreviva para o Centenário, aquele em que diziam trazer CR7, jogar Libertadores. Não, Portuguesa, não é hora de sonhar acordada. É hora de se manter viva. Faça isso por nós, que carregamos no peito esse orgulho que te mantém viva.

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Benfica 5 x 0 Sporting - bastou meio tempo




Quem olha somente para o placar da decisão da Supertaça Cândido de Oliveira pode imaginar um Benfica que segue avassalador contra um Sporting completamente destroçado. Mais ou menos isso, mas mais para menos, principalmente no primeiro tempo, quando o Sporting apresentou argumentos para ir ao balneário com um ou dois golos à frente.

Ainda contando com Bruno Fernandes, que pode ter tido sua última aparição como leonino, a mudança notável dos comandados de Marcel Keizer era a presença do terceiro zagueiro, o ex-Zenit Luís Neto. O Benfica, por sua vez, fez seu primeiro jogo a valer sem o genial João Félix, e foi preciso reestruturar a equipe sem seu atacante de mais movimentação, por ora substituído por Raúl De Tomás, jogador de área como Seferovic, mas com menos mobilidade que o suíço.

Tais premissas indicavam um jogo parelho no Algarve, e foi isso o que aconteceu no primeiro tempo. As primeiras chances claras de gol foram do Sporting, que parou três vezes no ótimo Vlachodimos, como que o grego a dizer: "Não precisamos de outro guardarredes". Só no meio do primeiro tempo é que o Benfica ajustou seu time em campo, trazendo um pouco Pizzi para dar apoio a Nuno Tavares, que substituia André Almeida e que, pelo seu setor, era onde os de Alvalade conseguiam chegar com mais facilidade.

Sendo Seferovic o responsável por fazer a do agora jogador do Atlético de Madrid, foi preciso haver uma maior interação dos alas Pizzi e Rafa Silva. E foram justamente eles os grandes nomes da partida. O 21 bisou e deu um passe para o 27, que retribuiu com duas assistências para ele, além do gol que abriu os trabalhos já perto do intervalo. Observa-se aí o grande trabalho tático de De Tomás, que passou a ocupar os espaços que eram atacados por Pizzi.

O segundo gol benfiquista, no início do segundo tempo, evidenciou o maior dos problemas do Sporting: a falta de autoconfiança e poderio para reverter situações contrárias, a ponto de o comentador da RTP, no 3 a 0 apontado por Grimaldo, dizer que " o Benfica está a vulgarizar o Sporting". Um duro golpe para quem terminou a época passada confiante por ter sido campeão da Taça sobre o Porto.

Quanto ao Benfica, será preciso ter calma para perceber que o placar dilatado não pode esconder as deficiências que surgiram quando Pizzi atuou mais próximo dos atacantes, e que só não foram devidamente aproveitadas graças à atuação em grande plano de Vlachodimos. Seferovic não é João Félix, obviamente, e caberá a Bruno Lage encontrar, seja com RDT ou com Taarabt, uma forma de manter os encarnados com o equilíbrio visto na última época.

PS: feliz é o time que tem Rafa Silva.
PSII: sem Bruno Fernandes, o futuro desenha-se nebuloso em Alvalade.