NÚMEROS MENTEM Brasil venceu todos amistosos, mas fez uma Copa do Mundo bem abaixo do que poderia (Foto: Jewel Samad/AFP) |
A Seleção Brasileira fechou
o ano "positivamente". Foram 15 jogos, com 13 vitórias, um empate e
uma derrota, com 28 gols marcados e apenas três sofridos e um aproveitamento de quase 90%. Números superlativos,
que, em condições normais, mostrariam um trabalho com consistência, que atingiu
o sucesso esperado por dez entre dez torcedores - nos quais não me incluo. Em
condições normais, porém, os números mostram menos do que deveriam, apresentam
meias verdades.
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Trajando as vestes da
modernidade, Tite abriu a temporada sob a confiança da torcida, que o via como
o condutor ideal do hexa, o portador da boa nova após a trágica passagem de
Dunga. E os números, sempre eles, fiavam a imagem de Midas do futebol nacional.
Afinal, pegou a equipe em situação de extremo risco e a levou a uma
incontestável classificação à Copa, com brilho, intensidade, competitividade.
Enfim, "Titebilidade", como brincavam torcedores e mídia com o jeito
de falar do treinador, idolatrado por grande parte da imprensa dita especializada.
E é aí que morou o problema.
A unanimidade fez mal ao treinador, que chegou à Copa no pedestal da
genialidade. As entrevistas do "Professor Adenor" mais pareciam o
quadro do Profeta, do genial Ronald Golias, na Praça É Nossa. Nenhuma
contestação, Neymar fazendo o que queria, jogadores rendendo abaixo do que era
o necessário, sobretudo atuando em campeonatos de nível de competitividade
quase nula. Outros, chegaram à Rússia na curva descendente do condicionamento
físico e minguaram durante a competição, que era o único objeto do Brasil, que foi uma
espécie de estudante que tirou nota máxima em todos os simulados, mas que
bombou na prova porque chegou confiante demais e foi pra balada na
noite anterior.
UÁLA! Entrevistas coletivas mas pareciam palestras. (Foto: Youtube) |
15 jogos, 13 vitórias, um
empate e uma derrota, sofrendo só três gols, mas justamente quando não podia,
na Copa do Mundo em que jogou bem em apenas dois tempos, em partidas diferentes,
durante toda a competição. Realmente, os números mostram quase tudo, mas
escondem o essencial, como diria o Roberto Campos naquela analogia com o biquíni.
O lado bom é que agora o
manto da inquestionabilidade não cobre mais o "Professor", nem sua
primadona. Eis um passo necessário a ser dado para que o outrora país do
futebol recupere, pelo menos, a decência de suas atuações em campo.
Principalmente quando for valendo.