terça-feira, 22 de março de 2011

O enterro do amor

Depois de tentar descansar, levantei-me da cama e me vesti respeitosamente. Meus olhos, vermelhos e inchados, denunciavam uma noite não mal dormida, mas em claro. Resolvi não colocar meus óculos escuros, pois não fazia a menor questão de escondê-los.

Saí calado, meditabundo. Nossas lembranças passavam em meus sentidos como um filme sem começo, nem meio, mas com final. Eu estava indo enterrar o amor.

Quando cheguei, cabisbaixo, pude notar nossos amigos todos lá. Queriam me confortar, cada um como podia, embora ninguém pudesse. Um abraço. Um gesto. Uma palavra. Ou o silêncio. Nada podia aliviar minha dor. Honestamente, preferi apenas ouvir o silêncio, pois não havia o que dizer, nem o que ouvir.

Nas paredes, coroas de flores homenageavam os momentos, alegres ou não. Afinal, o amor não está apenas nos momentos felizes. É na tristeza que ele tem o seu sentido em plenitude. Em momento algum me aproximei do féretro. Não era essa a imagem que eu queria levar na retina. A lembrança que eu quis cultivar era outra, a de um amor forte, eterno. E isso ele era mesmo. Forte como eu nunca imaginei poder sentir.

Claro que eu nunca fui prepotente a ponto de achar que era o maior amor que já se houve, mas eu não conheci outro tão grande quanto. Tudo bem, pode ser que o meu amor fosse como o rio que corta a aldeia do Alberto Caeiro, mas o fato é que era imensurável. Quanto maior é o amor, mais dolorosa é sua partida. O ocaso sempre é difícil. Custa-nos a alma admitir que ele está doente, que irá nos deixar, que está morrendo.

Quando a última pá de terra o cobriu, o único som que ouvi foi o que vinha do vazio do meu peito. Sequer vi alguém à minha volta. No mesmo silêncio, caminhei sozinho de volta para casa, tão vazia quanto meu coração. Lá chegando percebi o meu engano: o que eu enterrei foi a esperança; o amor voltou comigo.

Navegar é preciso, vencer também

Bons ventos voltam a soprar a caravela lusitana na luta pela chegada ao porto dos quartos-de-final do Paulistão. Não que eu me iluda com a goleada contra o Mirassol, embora se tratasse de uma equipa distante oito pontos da Lusa. Chegou a liderar, inclusive.


O que me deixa um pouco confiante, de fato, é o conjunto de fatores que cerca a evolução da Portuguesa, desde a chegada do treinador Jorginho "Cantinflas". Foram seis partidas, três vitórias e dois empates. A única derrota foi no clássico frente ao claudicante Santos.
O comediante mexicano Cantinflas


Não serei extremista a ponto de comemorar todas as jornadas bem conseguidas ou amaldiçoar o revés para o Cirque du Soleil caiçara, afinal perdemos por três bolas a zero para uma equipa em declínio, técnico e comportamental, mas naquela noite um Neymar inspirado pegou pela frente um Maurício de sempre. Da mesma forma, a vitória contra o Bangu, atual lanterna da Taça Rio, não foi suficiente para a apuração na Copa do Brasil.


Outro motivo para animar a gente lusa: Jorginho é cria da Lusa. Não só da base, mas das bancadas. Principalmente por isso ele conhece os meandros do clube e como o que se passa nos quiosques do Canindé tem peso no relvado. É inegável, pois, que o time evoluiu. Não toma tantos golos e passou a fazê-los.


Basta esperar para ver se a calmaria é definitiva ou o mar voltará a ficar revolto. Navegar é preciso; vencer também.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Vantajoso para quem?

por Thiago Albino*

Muito tem se falado durante as últimas semanas sobre a ida do “Imperador” Adriano para o Corinthians. Será que vale a pena?


Que o Adriano cairia bem em qualquer equipe pela sua qualidade dentro de campo, todo mundo sabe. Mas, as atitudes dele perante um clube e sua vida pessoal deixam a desejar, e muito.

Desde seus tempos de Internazionale, após o falecimento de seu pai, o Imperador vem enfrentando problemas que estão atrapalhando sua carreira, como deixar de ir a uma Copa do Mundo por culpa própria.

Enfim, depois da Inter de Milão, o Imperador passou por São Paulo, voltou para Milão. Nesse meio tempo, o jogador se desligou da equipe italiana e decidiu dar um tempo dos gramados, o que acabou não acontecendo. Dias depois assinou com o Flamengo.

Durante o tempo que ficou nesses clubes, o jogador foi alvo de criticas, pois fora de campo sempre aprontava.

Depois de ser campeão Brasileiro com o time carioca, Adriano acertou sua ida para a Roma, parecia que tudo estava voltando ao normal. Porém, o velho Adriano deu as caras novamente e começou a fraquejar. Não deu outra: o clube italiano rescindiu seu contrato.

Bem, agora o Corinthians quer ter o Imperador. Caso venha a ser uma jogada de marketing, é bom para ambos, pois o atacante, querendo ou não, chama a mídia para ele. Mas esse "chamar a mídia" pode ter alguns aspectos diferentes: como jogador, seria uma boa contratação; como marketing também. Agora, por que contratar um jogador que fora de campo sempre dá trabalho? Que pode acordar e perceber que não quer mais jogar pelo clube, não morar mais em São Paulo?

Não entendo algumas coisas: todos os clubes do mundo sabem o quanto Adriano causa problemas, mas mesmo assim querem sua contratação.

Falar que o Adriano pode ser recuperado já virou rotina. Ele teve oportunidades para isso e não soube aproveitar. A carreira desse rapaz está caindo aos poucos, só ele não percebeu.

Thiago Albino, 19 anos, estudante de Jornalismo.

terça-feira, 15 de março de 2011

A nova camisola da Lusa

Tenho perdido o tesão pelo futebol;

A Portuguesa está mal faz tempo;

O Benfica ganha um título a cada cinco anos;

A Seleção de Portugal só ganha algo nas categorias de base (como a Lusa);

As camisolas de futebol têm sido sistematicamente avacalhadas, ano após ano,

Mas a Penalty lançou, para este ano, uma das camisolas mais lindas que eu já vi.
É clubismo? Sim, é.

Para quem não viu, ei-las:


sábado, 5 de março de 2011

Um enorme balcão de negócios

Finalmente a máscara caiu. Agora tudo faz sentido. Ao reconhecer, oportuna e tardiamente, o Flamengo como campeão nacional de 87, a CBF colocou a peça que faltava no quebra-cabeças sórdido e mesquinho do futebol tupiniquim, que se transformou num enorme balcão de negócios. Vai um estádio aí, mano? Temos! Querem o quê? Título? Vieram ao lugar certo!

Não que nunca tenha sido, mas agora está escancarado, descarado e despudorado. e por uma pechincha: custa a fidelidade. Não a canina, pois esta é incondicional, é verdadeira. Os cães são leais; já os cartolas... Particularmente prefiro os cachorros.

O plano arquitetado pela CBF foi meticulosamente calculado: o primeiro ato foi boicotar o São Paulo, na questão do estádio paulista para a Copa populista de 2014. Assim cooptou o Corínthians, ávido por um estádio para chamar de seu. Passadas algumas vistorias, uma série de impropérios tracados entre os dirigentes/marionentes dos clubes contendores e o Morumbi estava preterido, o "Piritubão" concebido e a relação dos co-irmãos, azedada de vez.



Mas o zap ainda estava nas mãos de Don Corleone Teixeira: a Copa União. A demora para definir a contenda fez com que os clubes envolvidos, Flamengo, Sport e (de novo) São Paulo se estranhassem a ponto de levar a questão à justiça comum, mesmo o STJ tendo definido a favor dos pernambucanos em 1999.

Bom, aí era só dar uma banana para a justiça e a Taça das Bolinhas para o Rubronegro carioca e levá-lo para o seu lado da trincheira, fazendo ruir o Clube dos 13 justamente no momento em que são negociados os direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro. Sabe-se, pois, que esta é a principal fonte de renda dos times brasileiros.

Durante as aulas de História aprendemos que devemos conhecer o passado para entender o presente. No futebol brasileiro não funciona assim. Temos que esperar pelo futuro para entender o passado. Como diria Joelmir Beting, no império de D. Teixeira I, o Genro, "até o passado é imprevisível."