segunda-feira, 8 de julho de 2019

À Tite, Brasil conquista Copa América e seu treinador enfim volta a ter paz

YOU ARE THE CHAMPIONS Brasil, mesmo sem Neymar, conquista
 a nona Copa América de sua história (Foto: Vítor Caivano /AP)
Após a decepção causada pela Copa de 2018 sem brilho, Tite tinha como missão vencer a Copa América, fosse como fosse. Resolveu, então, dar uma bica no planejamento para o Mundial e garantir seu lugar sob o boné no Catar. Assim, convocou jogadores cascudos que, talvez, não cheguem em dezembro de 2022 (o evento foi transferido pela primeira vez para o fim do ano por causa das temperaturas desumanas do verão no Oriente Médio) em condições físicas, como Thiago Silva e Daniel Alves, dois dos três melhores jogadores da equipe na competição (o outro foi Gabriel Jesus, que, mesmo torto à direita, foi decisivo nas semifinais - talvez não tanto quanto a arbitragem - e na final - apesar da arbitragem). 
Com o cargo em risco e sem seu principal jogador, Neymar, o selecionador brasileiro gastou uma competição de importância secundária, na qual poderia, caso seu prestígio fosse o mesmo do pré-Copa da Rússia, fazer experimentos no ambiente de competição, que sempre é diferente de amistosos. Por isso, mudanças táticas foram quase inexistentes, e os nomes dos titulares, com exceção de David Neres, que realmente foi muito mal no jogo e meio em que atuou, só mudariam a partir do Departamento Médico. Obra do acaso ou da melhor distribuição em campo causada pelo fim das centralizações de jogadas em Neymar, o Brasil mostrou-se uma equipe mais sólida, embora pouco imaginativa por causa das opções táticas de Tite.   

A final com o digno time do Peru teve a cara do treinador brasileiro, assim como quase toda a competição: obediência tática, entrega e um ou outro brilhareco individual, o suficiente para conquistar o nono título da Copa América e manter a escrita de sempre vencê-la em território brasileiro, como já fizera em 1919, 1922, 1949 e 1989. Bonito ou não, pouco importa, como pouco será dito sobre a desastrosa arbitragem da decisão, que expulsou Gabriel Jesus sem motivo algum e marcou um pênalti  sobre Everton Cebolinha que nem Javier Castrilli marcaria. Mentira, aquele argentino desgraçado marcaria sim!

O Brasil abiscoitou todos os prêmios individuais: melhor goleiro (Alisson), artilheiro, melhor jogador da final (ambos para Everton Cebolinha) e craque da competição (Daniel Alves), e isso numa competição marcada pelo nível técnico nivelado por baixo, cujo grande jogo, entre Brasil e Argentina, não foi nenhum exemplo de partida para ficar na história. E olha que estamos falando de uma Copa América em que, exceto Neymar (que não fez a menor falta, diga-se), as seleções trouxeram seus craques (Sanchez e Vidal, pelo Chile; James com a Colômbia; os uruguaios Cavani e Suárez; e Messi). Ok, o Japão veio com o Sub-23 reforçado, mas também não é lá algo para se notar a ausência.


FEZ A LIMPA Todos os prêmios individuais ficaram com brasileiros, bem
como a taça de campeão e o troféu Fair Play (Foto: Mauro Pimentel/AFP)


O que interessa, de fato, é que o Brasil volta a conquistar algo relevante depois de quase 12 anos (o bicampeonato da Copa das Confederações não conta para uma seleção com tantos títulos) e Tite terá, enfim, fôlego para renovar a equipe que disputará a próxima Copa do Mundo, e também para corrigir o problema crônico de pouco criar contra times fechados. Para vencer na América do Sul foi suficiente; contra gente grande mesmo, são outros 500, mas seria muito rabugento de minha parte destacar isso poucas horas depois da conquista. De chato, basta o futebol da Seleção.

quarta-feira, 3 de julho de 2019

Para o gasto e sem o VAR, deu Brasil

BRILHANTE  Gabriel Jesus "renasceu" na Seleção (Foto: Eugenio Souza/AP)
Suficiente e letal. Assim pode ser considerada a atuação do Brasil na vitória sobre a Argentina, pelas semifinais da Copa América. Messi e Argentina fizeram seu melhor jogo na competição, o que não significa dizer que foram bem. 

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Da Albiceleste, o que dá para elogiar é a entrega, e só. Um catado de azul e branco, que não se armou para se defender porque não sabe e não atacou decentemente porque Messi não joga sozinho, e que tomou um gol patético, parando para pedir um pênalti (que não houve)* e com três jogadores desabando ao tentar tirar a bola de um Gabriel Jesus extenuado, quase se arrastando de cansaço. Ainda assim, o "time de Scaloni" acertou duas bolas na trave. 

Ainda sobre Messi: não se joga sozinho. Ele começa a jogada, passa a bola e o lance acaba. Contra uma defesa sólida, que não tomou sequer um gol no torneio, era preciso ter companheiros minimamente razoáveis, coisa que ele não tem.

Sobre o Brasil, uma partida com a cara de Tite: fria, calculista, sólido na defesa e com poucas chances de gol, mas com um aproveitamento exemplar. O Brasil fez um jogo burocrático, com Cebolinha e Arthur abaixo, mas com Gabriel Jesus brilhante (e sacrificado outra vez pela teimosia do treinador) e Daniel Alves fazendo uma partida gigante, de almanaque, de contar para os netos. Quiçá, a melhor exibição com a camisa da Seleção do jogador mais titulado da História do futebol.

Pode não ter sido vistoso, e não foi mesmo, mas jogos como estes não são feitos para que o brilho apareça, e sim a entrega, e, convenhamos, isso não faltou de parte a parte, quer pelo burocrático Brasil de Tite, quer pela tragicômica Argentina de ninguém. 

Enfim, um Brasil x Argentina raramente é um jogo excepcional e o Brasil teve o desempenho que se espera num jogo desses. Se pensarmos em atitude, todos foram brilhantes, pois não afinaram, não tiraram o pé. Assim, encaminhou uma vitória importantíssima.

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*PS. "Una VARbaridad". Esta é a manchete do Diário Olé, o principal jornal de esportes argentino. Vi os lances reclamados pelos argentinos após o jogo, no programa Linha de Passe, da ESPN. Eles têm razão. Daniel Alves faz um pênalti gigantesco no início da jogada do segundo gol do Brasil, que não teria acontecido caso tivesse sido marcado. Messi poderia perder, poderia cair num buraco na hora da cobrança, poderia ter sofrido um enfarte, uma porção de coisas, mas o pênalti deveria ter sido marcado. Antes que falem em interpretação, não era para isso. Foi pênalti em todas as interpretações possíveis. O segundo, do Arthur no Otamendi, também foi, mas o placar já estava praticamente definido. O VAR é uma vergonha e foi desmoralizado porque o péssimo juiz central simplesmente não quis ver o vídeo. Se o VAR avisou que não houve nada de anormal, fechem as portas e abandonem o recurso.