sábado, 12 de dezembro de 2015

Futebol, amor e idolatria - Obrigado, Rogério Ceni

*por Guto Monte Ablas

O ÚLTIMO ATO O amor do camisa 10 do gol, simbolizado no beijo do distintivo
 tricolor (Imagem publicada no Instagram oficial do São Paulo, 
@saopaulofc)  
Rogério Ceni pode não ter sido o maior goleiro da história, sequer o maior do São Paulo, que teve Zetti, Gilmar, Valdir, Poy, King... mas, sem dúvida, foi o goleiro que mais amou um clube de futebol.

Juntar 60 mil pessoas numa noite de sexta-feira não é pra qualquer um! Rogério Ceni se aposentando é a última pá de terra no pior ano da história do São Paulo. Como será o ano que vem? Sem craques, sem técnico, sem dinheiro, diretoria batendo cabeça, SEM ÍDOLO!

Depois de 19 anos o Tricolor terá um novo dono da camisa 1 (camisa 1, pois a 01 ninguém nunca mais usará) e depois de 19 anos terá de aprender a idolatrar outros nomes. Não terá mais aquele que ontem, emocionado, pedia para suas cinzas serem depositadas no campo do Morumbi, de sua casa, de seu amor.

Caras como Rogério Ceni estão extintos do futebol brasileiro. Símbolos de amor a um clube e a uma carreira. Não me envergonho de dizer que chorei durante a festa e lamentei a falta que um ídolo fará em nossa história.

Obrigado, Rogério Ceni, por me ensinar sobre futebol, amor e idolatria; obrigado por, dos seus 26 anos de carreira, 25 você tenha dedicado a nós!

Todos tiveram goleiros; só nós tivemos Rogério Ceni: goleiro, artilheiro, atacante, guitarrista, são paulino e m1to. Você nos deu o mundo, nós te demos nosso coração.

Que apesar da imensa tristeza de sua aposentadoria, possamos lembrar com alegria de sua história da qual, apesar de fechadas as contas, você ocupa para sempre a página 01.


*Guto Monte Ablas, 28, é jurisfilósofo, jornalista e radieiro.
Trabalha com esporte desde 2008, é sãopaulino desde 1986
e Rogério Ceni desde 1997, além de Fábio Jr desde sempre.
Atualmente no iG Esportes

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Obrigado, M1TO!

Por Douglas Sato*
PARA A HISTÓRIA Titular e capitão na conquista da Libertadores
 da América de 2005 (Alexandre Batibugli/Abril)
Craque, líder, mito, capitão, artilheiro, goleiro e provavelmente o maior jogador da história do São Paulo. Esse é o tamanho de Rogério Mücke Ceni, mais conhecido como Rogério Ceni, no mundo da bola. É o jogador que mais representa o que é jogar no Morumbi, um dos templos do futebol, o que mais representou uma torcida que canta, apoia e emociona. Por volta das 19 horas do domingo (06), o árbitro Ricardo Marques Ribeiro encerrou o duelo entre Goiás e São Paulo, com vitória da equipe paulista por 1 a 0, no estádio Serra Dourada, em Goiânia, e decretou o começo de uma nova fase para o time do Morumbi. 

Aos 42 anos e mais de 1,2 mil jogos pelo São Paulo, o arqueiro se aposentou do futebol. “Se você pensar, 25 anos em uma mesma empresa em que você se expõe publicamente para ser julgado quarta e domingo, é bastante tempo. É uma carreira toda e chegar aos 42 anos jogando é difícil”, disse Rogério Ceni em diversas mídias.

O adeus do capitão faz o clube romper (pelo menos dentro de campo) com o último remanescente de duas eras vitoriosas. O goleiro estava no Tricolor durante o título mundial de 1993 e ajudou a reconduzir a equipe ao topo, com as conquistas do Mundial de Clubes da FIFA e a Libertadores de 2005, seguido pelo tricampeonato brasileiro nos anos seguintes e a Copa Sul-Americana de 2012.

Os quase 20 títulos em sua carreira, incluindo a Copa do Mundo de 2002, ganharam ainda mais destaque pela habilidade paralela como batedor de faltas e pênaltis. Foram 131 gols, recorde no futebol mundial para um arqueiro, feito acompanhado pela liderança fora de campo.

CEM VEZES CENI Rogério comemora o centésimo gol
da carreira (Wagner Carmo/Inovafoto/Vipcomm)
  
Agora, caro leitor, sei parece estranho. Afinal, após todos esses dados, aonde quero chegar? Nem eu realmente sei. Como posso falar ou opinar sobre um cara que por 90 minutos foi maior do que o Liverpool? Um cara que pode ter superado a mística de Telê Santana no São Paulo? Que desbancou ídolos como Serginho Chulapa, Luis Fabiano, Raí, Zetti, Poy, Valdir Peres, Fórlan e é considerado o maior atleta de um clube profissional de futebol? É uma tarefa difícil para mim e ainda maior para o São Paulo.

O MUNDO ÀS SUAS MÃOS Após atuação antológica, Rogério
 ergue a taça de campeão do mundo (Getty Images)
Fora Pelé, ninguém é insubstituível. Mas, como preencher a lacuna deixada por um goleiro que suspirou? Suou. Superou. Mitou. Volto a dizer: não sei. E o São Paulo? Só o tempo dirá. Mas, enquanto não tivermos resposta, só posso dizer que Rogério Ceni fez muito dentro e fora de campo para o São Paulo. Merece todas as festas e honrarias, e vindo deste singelo texto uma palavra de carinho. “Até breve, capitão. Para sempre campeão!”

Principais títulos pelo São Paulo (ordem cronológica):
1992: Campeonato Paulista; 
1993: Copa Libertadores da América, Recopa Sul-Americana, Supercopa da Taça Libertadores da América, Mundial de Clubes; 
1994: Copa Conmebol, Recopa Sul-Americana; 
1996: Copa Master Conmebol; 
1998: Campeonato Paulista; 
2000: Campeonato Paulista; 
2001: Torneio Rio-S. Paulo; 
2005: Campeonato Paulista, Copa Libertadores da América, Mundial de Clubes; 
2006: Campeonato Brasileiro; 
2007: Campeonato Brasileiro; 
2008: Campeonato Brasileiro; 
2012: Copa Sul-Americana.



Pela Seleção Brasileira:
1997: Copa das Confederações; 
2002: Copa do Mundo 2002. 

* Douglas Sato tem 26 anos, é músico e jornalista (nesta ordem)
e, nas horas vagas, é imitado pela dupla Cesar Menotti e Fabiano.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

As tuas glórias vêm só do passado?

Por Douglas Sato*

A temporada de 2015 já está quase no fim, graças a Deus para a torcida tricolor, e as previsões feitas para o São Paulo se confirmaram. Após fiascos no Estadual e na Libertadores, o caso Maidana, contrata CEO, demite CEO,  o soco de Ataíde Gil Guerreiro no “presidente” Aidar, Cinira, Juan Carlos Osorio, Doriva. Alguns falam em uma crise mais duradoura, que deve alcançar o próximo ano, outros falam que o time do Morumbi subirá um pouco de produção (tem como descer?), e uma meia dúzia afirma que apenas uma reestruturação total dará jeito na situação.

Em meio a este cenário, demissões, saídas de atletas e dirigentes, ir além de uma reorganização interna é comum. Afinal, ninguém quer ficar no vermelho e correr riscos no próximo ano. Porém, em tempos de crise, a primeira coisa a ser feita é não perder a cabeça, manter a calma e ter uma atitude positiva, e não conformista. Por enquanto, existem previsões e nenhuma certeza, e, por isso, esta é uma boa hora para identificar as oportunidades e tentar se reerguer.

Primeiro ato
Aproveitar o dinheiro extra: O fato é que a folha salarial do São Paulo aumentou exorbitantemente. Entretanto, com as saídas de Rogério Ceni, que se aposentará, de Luis Fabiano, que irá para a China, e Alexandre Pato, que voltará ao Corinthians, o clube poderá economizar cerca de R$ 1,65 milhão por mês, que é aproximadamente o que o trio, somado, recebe, o que não é pouco. E essa dinheirama poderá ser utilizado em contratações e outras despesas importantes do futebol do clube.

Segundo ato
A base: O São Paulo é um bom vendedor: Lucas para o PSG por R$ 86,5 milhões, Lucas Piazon para o Chelsea por 16,9 milhões, Oscar para o Internacional e Chelsea por 15 milhões, Casemiro para o Real Madrid por 13,4 milhões e Boschilia para o Monaco por 34,7 milhões. Porém, quando necessita da assistência da base, vide este último Brasileirão, o clube vendeu seus jogadores mais promissores e dependeu de jovens apostas, inexperientes, afobados e sem responsabilidade. Uma das soluções para 2016 é cuidar de Cotia, manter os bons atletas, trabalhá-los com calma e, na medida do possível, dar espaço na equipe profissional.

Terceiro ato
Jogadores que voltarão de empréstimo: Ao todo são seis laterais, dois zagueiros, um volante, dois meias e dois atacantes os jogadores que voltam para defender (ou não) as cores do São Paulo na próxima temporada. Entre eles estão Luis Ricardo e Carleto (Botafogo), Cortêz** (Albirex Niigata-JAP), João Felipe (Tricolor carioca), Luiz Eduardo (Juventude), Wellington (Internacional-RS), Maicon (Grêmio), Ademilson (Yokohama Marinos-JAP) e Ewandro (Atlético Paranaense). Já que o dinheiro é sempre pauta, o clube bem que poderia aproveitar grande parte desses nomes na equipe de 2016 (para evitar gastar montantes em taxas de transferência de atletas) ou até vender alguns nomes excedentes para fazer caixa e investir em um plantel qualificado.

Quarto ato
O Presidente do Clube: Juvenal Juvêncio é o dirigente que mais venceu na história do São Paulo se for levada em conta também a época em que comandava o departamento de futebol na gestão do saudoso Marcelo Portugal Gouvêa. O time época de Juvenal resistiu à ruptura do Clube dos 13, em 2011, e contribuiu para a queda de Ricardo Teixeira como presidente da CBF. 

No entanto, Juvenal mudou o estatuto social do clube e acabou passando por cima de tudo e de todos, centralizou o poder e, ainda assim (ou talvez por causa disso), perdeu a abertura da Copa do Mundo de 2014 para o co-irmão Corinthians. No novo estatuto, o tempo de mandato passou de dois para três anos. Além disso, adotou uma interpretação do estatuto que lhe permitiu a reeleição.  

Assim ele praticamente virou um posseiro no Morumbi e conseguiu cumprir, na mão-de-ferro, oito anos no comando. Mas, apesar de tudo isso, Juvenal Juvêncio, ou JJ, como é conhecido, era respeitado pelos jogadores, diretoria e a torcida. Já seu sucessor Carlos Miguel Aidar, com quem rompeu logo depois de ajudar a eleger, fez do clube um salão de festas, onde pessoas entram e saem a todo momento. As declarações do ex-presidente, incluindo brigas com equipes rivais, fizeram do São Paulo um exemplo de desorganização e fragilidade.

Agora nos resta saber qual será a posição que o atual presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, adotará em 2016, primeiro, em 25 anos, sem o capitão Rogério Ceni. Será bom o suficiente para reorganizar o outrora exemplar São Paulo? Terá respeito e respaldo? Ou será apenas mais um a conduzir o barco para outro iceberg?

* Douglas Sato tem 26 anos, é músico e jornalista (nesta ordem) 
e, nas horas vagas, é imitado pela dupla Cesar Menotti e Fabiano.


**NE Que ele, responsável pela derrota do Benfica na última Eusébio Cup com o Pantera Negra ainda vivo, encerre a carreira na obscuridade de uma quarta divisão de algum campeonato qualquer.