Por Douglas Sato*
A temporada de 2015 já está quase no fim, graças a Deus para
a torcida tricolor, e as previsões feitas para o São Paulo se confirmaram.
Após fiascos no Estadual e na Libertadores, o caso Maidana, contrata CEO, demite CEO, o soco de Ataíde Gil Guerreiro no “presidente” Aidar, Cinira, Juan Carlos Osorio, Doriva. Alguns falam em uma crise mais
duradoura, que deve alcançar o próximo ano, outros falam que o time do Morumbi subirá
um pouco de produção (tem como descer?), e uma meia dúzia afirma que apenas uma
reestruturação total dará jeito na situação.
Em meio a este cenário, demissões, saídas de atletas e
dirigentes, ir além de uma reorganização interna é comum. Afinal, ninguém quer
ficar no vermelho e correr riscos no próximo ano. Porém, em tempos de crise, a
primeira coisa a ser feita é não perder a cabeça, manter a calma e ter uma
atitude positiva, e não conformista. Por enquanto, existem previsões e nenhuma
certeza, e, por isso, esta é uma boa hora para identificar as oportunidades e tentar
se reerguer.
Primeiro ato
Aproveitar o dinheiro
extra: O fato é que a folha salarial do São Paulo aumentou
exorbitantemente. Entretanto, com as saídas de Rogério Ceni, que se aposentará,
de Luis Fabiano, que irá para a China, e Alexandre Pato, que voltará ao
Corinthians, o clube poderá economizar cerca de R$ 1,65 milhão por mês, que é
aproximadamente o que o trio, somado, recebe, o que não é pouco. E essa
dinheirama poderá ser utilizado em contratações e outras despesas importantes
do futebol do clube.
Segundo ato
A base: O São
Paulo é um bom vendedor: Lucas para o PSG por R$ 86,5 milhões, Lucas
Piazon para o Chelsea por 16,9 milhões, Oscar para o Internacional e
Chelsea por 15 milhões, Casemiro para o Real Madrid por 13,4 milhões
e Boschilia para o Monaco por 34,7 milhões. Porém, quando necessita da
assistência da base, vide este último Brasileirão, o clube vendeu seus
jogadores mais promissores e dependeu de jovens apostas, inexperientes,
afobados e sem responsabilidade. Uma das soluções para 2016 é cuidar de Cotia, manter
os bons atletas, trabalhá-los com calma e, na medida do possível, dar espaço na
equipe profissional.
Terceiro ato
Jogadores que voltarão de empréstimo: Ao todo são seis laterais, dois zagueiros, um volante, dois meias e
dois atacantes os jogadores que voltam para defender (ou não) as cores do São
Paulo na próxima temporada. Entre eles estão Luis Ricardo e Carleto (Botafogo),
Cortêz** (Albirex Niigata-JAP), João Felipe (Tricolor carioca), Luiz Eduardo
(Juventude), Wellington (Internacional-RS), Maicon (Grêmio), Ademilson
(Yokohama Marinos-JAP) e Ewandro (Atlético Paranaense). Já que o dinheiro é
sempre pauta, o clube bem que poderia aproveitar grande parte desses nomes na
equipe de 2016 (para evitar gastar montantes em taxas de transferência de
atletas) ou até vender alguns nomes excedentes para fazer caixa e investir em
um plantel qualificado.
Quarto ato
O Presidente do Clube: Juvenal Juvêncio é o dirigente que mais venceu na história do São Paulo
se for levada em conta também a época em que comandava o departamento de
futebol na gestão do saudoso Marcelo Portugal Gouvêa. O time época de Juvenal
resistiu à ruptura do Clube dos 13, em 2011, e contribuiu para a queda de
Ricardo Teixeira como presidente da CBF.
No entanto, Juvenal mudou o estatuto social
do clube e acabou passando por cima de tudo e de todos, centralizou o poder e,
ainda assim (ou talvez por causa disso), perdeu a abertura da Copa do Mundo de
2014 para o co-irmão Corinthians. No novo estatuto, o tempo de mandato
passou de dois para três anos. Além disso, adotou uma interpretação do estatuto
que lhe permitiu a reeleição.
Assim ele praticamente virou um posseiro no Morumbi e conseguiu cumprir, na mão-de-ferro, oito
anos no comando. Mas, apesar de tudo isso, Juvenal Juvêncio, ou JJ, como é
conhecido, era respeitado pelos jogadores, diretoria e a torcida. Já seu
sucessor Carlos Miguel Aidar, com quem rompeu logo depois de ajudar a eleger,
fez do clube um salão de festas, onde pessoas entram e saem a todo momento. As
declarações do ex-presidente, incluindo brigas com equipes rivais, fizeram do
São Paulo um exemplo de desorganização e fragilidade.
Agora nos resta
saber qual será a posição que o atual presidente Carlos Augusto de Barros e
Silva, o Leco, adotará em 2016, primeiro, em 25 anos, sem o capitão Rogério
Ceni. Será bom o suficiente para reorganizar o outrora exemplar São Paulo? Terá
respeito e respaldo? Ou será apenas mais um a conduzir o barco para outro
iceberg?
* Douglas Sato tem 26 anos, é músico e jornalista (nesta ordem)
e, nas horas vagas, é imitado pela dupla Cesar Menotti e Fabiano.
**NE Que ele, responsável pela derrota do Benfica na
última Eusébio Cup com o Pantera Negra ainda vivo, encerre a carreira na obscuridade
de uma quarta divisão de algum campeonato qualquer.