quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

PORTUGUESA - SAF-se quem puder?

Divulgação

Com a aprovação da Lei das SAFs (Sociedades Anônimas de Futebol), que permite transformar os clubes de futebol em empresas, sancionada recentemente pelo presidente da República, passou a ser o objetivo, ou melhor, o sonho de muitos torcedores de diversos clubes que o seu seja agraciado com a venda para algum multimilionário que estiver dando sopa por aqui e, ao ver que o distintivo está no mercado, atrás de investidores, perguntar a si mesmo “e por que não?” antes de despejar muitos milhões e transformar emblemas combalidos em potências do futebol mundial da noite para o dia.

Querem um "velho da lancha", um sugar daddy.

Essa espécie de loteria, desejo do torcedor, ficou ainda mais forte quando Ronaldo Fenômeno comprou o Cruzeiro e a venda do Botafogo para o investidor americano John Textor está a ponto de ser sacramentada. Textor, vale lembrar, detém 18% das ações do Crystal Palace-ING e andou balançando seu gordo cofre para a SAD do Benfica, que não quis saber de negócio.

Naturalmente, a torcida da Lusa não é diferente - ou ao menos a parte que costuma se manifestar em redes sociais. Quando a Red Bull tornou-se parceira do Bragantino, muito foi falado nas alamedas do Canindé que o negócio poderia ter sido feito com a Lusa. Aí está um ponto importante e pouco agradável de ser tocado: o Bragantino, à época, disputava a Série B do Brasileirão e a Série A1 do Paulista, estando numa posição muito mais interessante para a empresa austríaca, que já tinha seu time aqui, o Red Bull Brasil, que, como não conseguia avançar no cenário nacional ameaçava largar o projeto. Ou seja, a Portuguesa não tinha - e ainda não tem - condição de oferecer o que eles queriam. O que vinha depois, que era a mudança do distintivo, do nome e das cores, é outro ponto de discussão que não cabe aqui, no momento.

É isso o que a malta rubro-verde precisa perceber: o que temos a oferecer hoje, além da nossa tradição e da nossa história? Claro que isso é um cenário que pode mudar em dois ou três anos, mas até lá a Portuguesa ainda luta para voltar à Série D e à A1 do Paulista, e, é bom que se diga, não é algo lá que atraia os investidores mais graúdos para os nossos lados. E é importante também entender que um investidor não é um mecenas. Muito pelo contrário. Relações como a que tínhamos com o saudoso dono dos Armarinhos Fernando são bem diferentes de alguém - ou algum grupo - que queira usar a Portuguesa para ganhar dinheiro, que é, afinal, o resultado esperado em todo investimento.

A mudança para que a Lusa se transforme em uma SAF é o caminho natural - e até aconselhável -, mas que isso não faça o torcedor achar que todos os problemas serão solucionados. Não é raro haver uma espécie de fetiche com relação às chamadas gestões empresariais, como se elas significassem boa governança e garantia de sucesso. Empresas quebram todos os dias e por diversos motivos, e a Portuguesa, ou outro clube qualquer, não estão livres disso, mesmo sendo SAF ou não. Vejam casos como o do Desportivo das Aves, e d’Os Belenenses, em Portugal, ou no Chile, onde o Colo-Colo passa por aperto desde que foi comprado. São estes, bem como a Espanha, os países que serviram como modelos para os autores da Lei 14.193/2021. Para tanto, sugiro a leitura do livro “Clube-Empresa - Abordagens críticas globais às sociedades anônimas no futebol”, de diversos autores, organizado pelo jornalista Irlan Simões.

Eventual mudança de modelo de gestão não significa, necessariamente, a solução para os nossos problemas, como mostra o exemplo do Colo-Colo, quase rebaixado no Chile (Getty Images)

Além do mais, a legislação, por obra e desgraça do presidente, não obriga o investidor a ter sua identidade revelada sob o pretexto de que isso poderia espantar eventuais interessados que preferem se manter no anonimato (diferentemente do que era previsto no PL e foi um dos itens vetados pelo presidente. O Senado Federal ainda derrubou alguns vetos, mas este foi mantido), justamente o ponto que garantiria transparência no negócio. Em outras palavras, abre as portas dos clubes para quem quer lavar dinheiro sujo e não quer, obviamente, mostrar a origem da grana.

E é aí que está o negócio - ou o ponto mais importante dele. Devemos ter muito cuidado com quem irá colocar o dinheiro, de onde ele vem, o modelo da gestão e, principalmente, as diferenças no plano de negócios nas ações de curto, médio e longo prazo. É isso ou será mais um capítulo a ser lamentado na nossa história. E, convenhamos, capítulos lamentáveis não nos têm faltado.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Porto x Lisboa, capitão antifascista e uniformes da Casa Pia - há 100 anos, estreava a Seleção de Portugal


O primeiro jogo da história da Seleção Portuguesa, que perdeu para a Espanha por 3 a 1, foi uma esculhambação. Começou ainda na convocação. A imprensa, que já era chata pra diabo há um século, questionou a presença de Francisco Pereira, dos Belenenses, fazendo com que ele renunciasse à chamada. Com isso, outros jogadores da equipe lisboeta resolveram recusar a convocação, inclusive seu irmão, Artur José Pereira, considerado o melhor do país na época, o que fez com que Augusto Sabbo, que também era técnico do Sporting, entregasse o boné.

Resolveram então fazer uma junta, formada por seis integrantes da Associação de Futebol de Lisboa, para convocar os jogadores para o tal jogo com os espanhois, que estava de rosca desde 1912, quando nem havia ainda Federação Portuguesa de Futebol, e que não saiu na ocasião porque os vizinhos queriam que Portugal bancasse todas as despesas. O fato de a tal junta ter só o pessoal do Sul causou a insatisfação dos clubes da Associação de Futebol do Porto, principalmente os Dragões. Além do mais, somente Artur Augusto, que jogava no Porto, foi convocado para além dos jogadores de fora da associação lisboeta, o que era mais um motivo de queixa dos nortenhos, que proibiram os seus jogadores de servirem à debutante seleção. Inclusive, Artur Augusto ter nascido em Lisboa reforçaria a tese de que aquela não era uma seleção nacional, mas da Capital.

Ainda assim, Artur resolveu que jogaria. E jogou. E ajudou a escrever a história do futebol português, sofrendo o pênalti convertido pelo irmão, Alberto Augusto, que jogava no Benfica, portanto, o primeiro gol da história de "Equipa das Quinas". Destaca-se aqui o nome do goleiro espanhol: o mítico Zamora, que viria a ser o arqueiro da equipe na Copa do Mundo de 1934, quando defendeu um pênalti cobrado por Waldemar de Brito, o descobridor do Rei Pelé, que hoje dá o nome ao prêmio de melhor goleiro da Liga Espanhola.

A base do time era formada por cinco jogadores do Casa Pia, que também forneceu os belíssimos uniformes negros utilizados na partida. O capitão era Cândido de Oliveira, homenageado com o nome da Supertaça e que ainda foi jornalista e um dos fundadores do jornal A Bola, além de técnico e selecionador nacional. Notabilizou-se também no combate ao fascismo, tornando-se agente secreto a serviço dos aliados durante a Segunda Guerra Mundial. Capturado pela PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado, uma espécie de DOPS da desgraçada ditadura salazarista), foi enviado a um campo de concentração em Cabo Verde, sendo libertado após o fim da guerra.

Outro nome está ligado ao combate ao salazarismo: o benfiquista Vitor Gonçalves era pai do General Vasco Gonçalves, um dos militares que participaram da Revolução dos Cravos e que foi primeiro-ministro de Portugal no II, III, IV e V Governos Provisórios, o chamado PREC (Período Revolucionário em Curso). Outro fundador d’A Bola também alinhou no 11 português: Ribeiro dos Reis, também casapiano como Cândido de Oliveira, que posteriormente foi o treinador de Portugal na primeira vitória da seleção, contra a Itália, quatro anos mais tarde, cujo gol foi marcado pelo leonino João Francisco, que também esteve em campo naquele 18 de dezembro de 1921. 

O jogo? Bem, o jogo foi 3 a 1 para a Espanha, que já tinha alguma experiência internacional, tendo inclusive conquistado a medalha de prata nos Jogos Olímpicos da Antuérpia, no ano anterior. Com 10 minutos, Meana e Alcantara já haviam feito 2 a 0 para os espanhóis e, só depois, Portugal conseguiu equilibrar as ações e evitar uma goleada. No início do segundo tempo, a Espanha voltou melhor, mas fez o terceiro só aos 21, novamente com Alcantara. Nove minutos depois, Portugal diminuiu com Alberto Augusto, fechando o placar. 

Portugal alinhou com Carlos Guimarães (CIF); Pinho (Casa Pia) e Jorge Vieira (Sporting); João Francisco (Sporting), Vitor Gonçalves (Benfica) e Cândido de Oliveira (cap, Casa Pia); José Gralha (Casa Pia), António Augusto Lopes (Casa Pia), Ribeiro dos Reis (Casa Pia), Artur Augusto (Benfica) e Alberto Augusto (Porto), tendo Carlos Villar, presidente do CIF, como treinador. A Espanha foi a campo Zamora (Barcelona); Meana (Gijón) e Fajardo (Atlético); Balbino (Fortuna), Pololo (Atlético), Arrate (cap. Real Sociedad); Sesúmaga (Sama), Arbide (Real Sociedad), Pagaza (Racing Santander), Olaso (Atletico) e Alcantara (Barcelona) - Técnicos: Manuel Castro e Julian Ruéte.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

PORTUGUESA - Quase fomos

* Texto originalmente publicado no NetLusa


Era um dia diferente. Era um domingo diferente. Era dia de decisão do Campeonato Brasileiro, algo especial por si só. O pessoal de hoje, com seus extremos desequilibrantes, wingers, box-to-boxes e hat-tricks, não faz ideia, mas campeonato com final era legal pra caramba, não essa bobagem de pontos corridos em que “todo-jogo-é-decisivo”. O escambau que é!

Só que aquele 15 de dezembro de 1996 não era igual aos outros 25 dias parecidos que aconteceram desde 1971 (repitam comigo: “O Campeonato Brasileiro começou em 1971"): nenhum deles teve a honra de ter a Portuguesa em campo. E com a vantagem de ter vencido por 2 a 0 o primeiro jogo, numa quarta-feira de muita chuva e atuação de gala de Gallo, Caio, Zé Roberto e Rodrigo.


Para chegar ali, foi preciso passar pelas águas tortuosas das 23 rodadas da primeira fase, que distribuía oito vagas para o mata-mata. Na última delas, a gente estava em 11º lugar e dependia de uma combinação enorme para passar: era preciso torcer contra três dos quatro concorrentes às duas vagas que restavam (Goiás, que jogaria com o classificado Grêmio em Porto Alegre; Internacional, que visitaria o rebaixado Bragantino; Sport, que visitaria o também classificado Palmeiras; e São Paulo, que pegaria o eliminado Paraná, fora de casa), além de vencer o Botafogo, campeão em título, mas que não brigava por nada. 


Como o Canindé havia sido interditado porque alguns gênios resolveram atirar objetos no gramado na partida com o Vitória, os últimos dois jogos como mandante da primeira fase foram disputados longe, bem longe, da nossa casa. Pior: o time vinha de duas derrotas seguidas, para o Internacional em São Januário, no primeiro dos jogos em que cumpriu a punição, e para o Coritiba, uma sova de 4 a 0.


Aí, o inesperado: um incontestável 4 a 1 no Fogão, com direito a cai-cai quando o goleiro Clemer se preparava para bater um pênalti, combinado com as derrotas do sétimo colocado Inter (gol do ex-luso Esquerdinha) e do oitavo Sport, e o empate do Tricolor, bastaram para a Lusa avançar. Por força do imbecil regulamento da época, os jogos a partir das quartas-de-finais não poderiam ser disputados no Canindé, que não tinha a capacidade mínima exigida para dali em diante. Toca para o Morumbi, então.


Desde o milagre da última rodada, tudo parecia possível. Bater o líder Cruzeiro? Opa, tranquilo. Toma um 3 a 0 aqui com show do saudoso Alex Alves. Veio o grande Atlético Mineiro, que ainda não era esse troço cheio de grana de construtora e nova vitória “em casa”, mas pela margem mínima. Havia ainda, no Mineirão, mais de 80 mil vozes enlouquecidas gritando “lutar, lutar, lutar!”. Lutamos, viramos e seguramos um 2 a 2 com a força das nossas almas. Quase não deu, mas deu. 


Faltava a final com o copeiro Grêmio.


Que dias foram aqueles! Como o Guarani e o Palmeiras rodaram já na segunda fase - e cabe um adendo aqui: os quatro melhores colocados foram eliminados por quem teria que decidir a sorte longe de casa e as semifinais foram disputadas por Atlético Mineiro, Goiás, Grêmio e Portuguesa. Voltando, como o Bugre e o Verdão dançaram, a Lusa foi a única representante paulista dali em diante e, exceto os gremistas e um ou outro ser de coração ruim, todo brasileiro que não era indiferente ao futebol vestiu nossas cores. E foram todos muito bem-vindos. Eu mesmo cansei de levar amigos que não tinham a sorte suprema na vida de serem torcedores da Portuguesa ao Canindé. E todos com camisa da Lusa, emprestadas por mim, claro. Por que diabos não receberia de bom grado este reforço de última hora? Acho que todo mundo tem direito de ser feliz na vida, mesmo que por somente 90 minutos.


Desde que Clemer fez uma defesa sobrenatural no chute do volante Moacir - que seria um dos nossos no ano seguinte - e segurou o 2 a 2 no Mineirão, o Canindé havia se tornado o epicentro do futebol brasileiro. Imprensa todos os dias, páginas, páginas e mais páginas dos jornais, Globo Esporte na hora do almoço. Galvão Bueno gritando “ééééé da Luuuusaaa!” (com licença, Flávio Gomes) no domingo. Era tudo nosso e tudo era Lusa. 


No primeiro jogo, disputado sob um dilúvio, Alex Alves seguiu endiabrado. Foi ele quem sofreu a falta na qual saiu o primeiro gol. Marco Antonio, lateral que substituiu Arce, foi expulso e, segundos depois, a perfeição esteve no gramado, na forma da cobrança de Gallo, da meia lua, no ângulo de Danrlei. Um golaço. Mesmo com um a mais, o nervosismo lusitano era flagrante e o Grêmio, forjado para jogos como aquele, perdeu um caminhão de gols. Ainda assim, o 2 a 0, reforçado pelo tento de Rodrigo, outro jogador em estado de graça e craque daquele campeonato, nos levou ao Olímpico podendo perder por até um gol. A vantagem era grande demais. Até então, somente em uma ocasião um time havia conseguido superar uma desvantagem dessas.


Era o Grêmio.


O início do jogo foi o pior possível. Uma posse de bola besta perdida no campo de defesa, um escanteio. A bola mal rebatida e o gol de pé esquerdo do destro Paulo Nunes. Três minutos de jogo. 55 mil pessoas fazendo o Olímpico tremer. “Era tudo o que o Grêmio queria!”, disse Galvão Bueno. Avizinhava-se, pois, o inferno. Mas não. A Lusa fez-se cascuda nos jogos com os mineiros, quando segurou o melhor time nas quartas e virou o placar nas semifinais, cedendo o empate já no fim, mas era o suficiente. Com os nervos no lugar, a Lusa colocou a bola no chão, equilibrou o jogo e criou chances para empatar com Rodrigo e Caio. 


Desperdício. Fatalidade.


Já no fim do jogo, um aparentemente inofensivo arremesso lateral cobrado à altura do meio-campo encontrou Carlos Miguel desmarcado. Aos 39 minutos do segundo tempo, a única tática para quem precisa marcar é a absoluta falta de alguma tática. Daí, a bola esticada para ver no que dava. Ninguém avisou que o lance era morto e César, impecável até ali, cabeceou mal e a bola caiu no pé esquerdo de Ailton, destro como Paulo Nunes. E o chute saiu indefensável, na veia, tão improvável quanto a combinação de resultados da 23ª rodada da primeira fase. 


Frustração. Tristeza. Estávamos tão perto. No dia seguinte, fui à escola vestindo a camisa da Lusa, pronto para partir pra porrada com quem risse da minha desgraça. Mas não riram e, em vez de ser alvo de toda troça, plenamente justificável, ouvi aplausos, o que me deixou irritado na mesma. 


Jamais tive coragem de rever aquela final e este relato pode ter alguma das confusões que a memória nos prega e, 25 anos depois, ainda me pergunto o que teria sido de nós se Caio tivesse marcado o gol depois da saída errada de Danrlei, se Rodrigo tivesse devolvido a bola para o Alex Alves quando eram os dois contra um zagueiro só. Ou se Rodrigo não chutasse em cima do Arce a última das chances claras da Portuguesa antes do Sobrenatural de Almeida vestir a camisa gremista. 


25 anos depois, agora me pergunto: o que será de nós?


quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

PORTUGUESA - O ano que não terminou

Texto originalmente publicado no NetLusa*


“Lemniscata” é um termo originado do Latim que significa, no Esoterismo, a eterna recriação e a repetição do Universo. É a infinitude representada por uma espécie de 8 deitado.

Este é um número cheio de significado para mim, na minha relação com a Portuguesa. Era o número do Toninho, meu primeiro ídolo; Dener, o craque que o tempo nos negou, usava a oito na histórica Copa São Paulo de 1991; Enéas, o gênio esquecido, que aterrorizou defesas adversárias com a Cruz de Avis ao peito e o 8 às costas, tornou-se eternidade oito anos depois de ter saído da Lusa.

Era um 27 de dezembro, exatos 25 anos antes do dia 27 de dezembro de 2013, dia em que o farsante STJD condenou a Portuguesa à Série B graças à escalação do meia Héverton na última rodada do Brasileirão daquele ano, no último jogo da Lusa na Série A.

O dia? Oito de dezembro. Há exatos oito anos.

Não vale a pena relembrar nestas linhas o ocorrido, pois uma simples busca no Google traz toda a sorte de informações e opiniões, estas nem sempre corretas, do que aconteceu para que a Portuguesa pusesse-se a jeito, como diz-se em Portugal. Como também não faz sentido nenhum não admitir tantos erros que nos deixaram ao alcance da armação que teve lugar na malfadada Rua da Ajuda.

Mau fado este, o nosso. Um fado cantado com melancolia, como todo bom fado deveria ser, caso este fosse bom. Não se enganem: faça o que fizer, a Portuguesa só começará a sair do limbo em que se encontra no dia em que exorcizar seu maior fantasma. No dia em que o ano de 2013 deixar de ser eterno.

Só depois disso é que será possível retomar alguma coisa. Até lá, o samba do mestre Cartola, que nasceu em 1908 e partiu em 1980, cairá como uma luva para o fado lusitano: “Em cada amor tu herdarás só o cinismo, quando notares, estás à beira do abismo. Abismo que cavaste com seus pés”.

E este abismo já dura oito anos de um sofrimento perene, contínuo, uma eterna recriação, uma repetição de um pesadelo que não acaba.

Lemniscata.