por Humberto Pereira da Silva*
ALERTA LIGADO Derrota em casa para o Cuiabá impede Fogão de alargar liderança (X- Cuiabá EC) |
O Botafogo pôs 13 pontos na frente do segundo colocado, no fim do primeiro turno do Brasileirão. E, vejamos, a diferença então do segundo para o primeiro da zona de rebaixamento era de 12 pontos.
Chegando no último quarto do campeonato, Fogão está 6 pontos à frente do segundo, o Palmeiras (tendo um jogo a mais a ser disputado). Por sua vez, a turma de Abel Ferreira está 21 pontos na frente do Goiás, primeiro na zona de rebaixamento.
Há algumas lições que se pode extrair, e que são solenemente desdenhadas. Não há termo de comparação entre o Brasileirão e as principais ligas europeias. O Atlético Mineiro é 6º colocado, ao longo do campeonato chegou a namorar a zona do rebaixamento e na reta final só alguém completamente insano para cravar que teria menos chance de ser campeão que, digamos, Grêmio e Flamengo. Isso é inconcebível nas grandes ligas da Europa.
Outra lição. No Brasileirão, é tão inconcebível especular que o Atlético não é candidato ao título no último quarto do campeonato quanto inconcebível o Fogão terminar o primeiro turno 13 pontos na frente. Ora, duas temporadas atrás o Fogão estava na Série B. Na temporada passada fez campanha pra se manter na Série A. Esse ano no inexpressivo Carioca não existiu. E de repente, não mais que de repente, é tratado ao fim do primeiro turno do Brasileirão como se fosse o Bayern na Bundesliga, ou o Manchester City, na Premier League.
O futebol jogado no Brasil é sujeito a chuvas e trovoadas. Isso o torna paradoxalmente tão imprevisível quanto previsível. No caso, uma previsibilidade que é até óbvio ululante, para recordar Nelson Rodrigues, brilhante cronista de futebol. Se o Fogão fizesse um segundo turno como o primeiro seria tão estranho quanto supor que o Fluminense, que já esteve entre os primeiros e agora só pensa na Libertadores, esteja na briga pelo título. Ora, na fria projeção dos números, o Flu está apenas 4 pontos atrás do Atlético Mineiro.
Ps: alertou-me o editor deste blog, Marcos Teixeira, que "o ponto de quebra do Botafogo foi a troca do treinador (Claudio Caçapa, interino, ex-ídolo do próprio clube e tampando o buraco deixado pela saída do Luís Castro, seduzido pelo dinheiro árabe e pela possibilidade de treinar Cristiano Ronaldo) por outro outro português, Bruno Lage, somente pela grife. Deu no que deu e Caçapa foi para o futebol belga para trabalhar no Molenbeek, que é do John Textor, dono do clube. Ele saiu depois de quatro vitória seguidas e o título bem encaminhado". Se for campeão, o será tendo tido quatro treinadores durante a campanha, mais um dos inúmeros paradoxos que tornam o Brasileirão previsivelmente imprevisível.