sábado, 28 de setembro de 2019

Benfica 1 x 0 Vitória de Setúbal - Pra ficar ruim precisa melhorar um bocadinho

Foto: Rodrigo Antunes/Lusa

Ó, Bruno Lage, cá estou eu a andar aos queixumes outra vez. Não me leve a mal, mister, mas é que tu acostumaste mal toda a gente com a máquina encarnada de triturar adversários, fosse na Luz ou longe de casa.


Aí perdes o miúdo que nos deu tantas alegrias e, claro, trabalhas para ter outras soluções. Entre todas as que tentastes, juro que nao entendi ainda que raios querias hoje com o Gédson a avançado. Ora, o miúdo é um canivete suíço e pode executar várias funções, mas avançado não é uma delas. Por falar em suíço, o de verdade, cuja função é meter os golos, anda muito longe do guardarredes, não achas? A conduzir a pelota, o rapaz se enrola todo e, assim, voltará a ser o funcionário do mês que não só queimou as batatas, mas ateou fogo à cozinha toda, pá.

No mais, mister, agora tens de volta o Gabriel, este sim um gajo capaz de fazer a equipa jogar à bola. Fejsa é para destruir e o Samaris ainda é um bocadinho melhor, mas me parece que ele não está lá muito bem depois de renovar o contrato, e o Florentino ainda não é pra agora. Faz, de todo modo, com que seus avançados possam segurar os defesas com eles na área para que as linhas deles possam ter o espaço que o Pizzi tanto gosta. Afinal, se ele joga, toda a gente joga, principalmente o Rafa, que, aliás, não é lá a mais feliz das escolhas a correr na ponta direita, tal como o Fernando Santos insiste em fazer com o Bernardo Silva. Deixa lá, mister.

Só mais uma coisa: o Vinícius, que era zagueiro aqui no Brasil, virou um avançado de 17 milhões e fez o golo da vitória, mas não acredite nesta solução. Se era para ter um avançado a mais na área dos setubalenses, ok, compreende-se, mas não caias na tentação de ir pelo caminho mais fácil.

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

O louco futebol brasileiro e a dança das cadeiras




Vamos brincar de “Explique a um europeu que gosta de futebol o fim de setembro de 2019 no futebol brasileiro”? Quero ver quem consegue. Ok, pode até ter sucesso ao elencar as peripécias dos dirigentes e – pior ainda – jogadores, mas se ele vai achar normal são outros quinhentos. Ontem, Cuca (que "caiu a si mesmo") e Rogério Ceni deixaram seus cargos; hoje, Zé Ricardo e Oswaldo de Oliveira foram demitidos. Todas as trocas foram bizarras, sem exceção.


Cuca não conseguiu dar padrão ao estrelado time do Tricolor e entregou o cargo de forma até inesperada. Rogério foi fritado em óleo bem quente pelos medalhões do elenco do Cruzeiro, o que mostra que ele ainda não está pronto para ser treinador de ponta, o que é absolutamente normal para quem acabou de iniciar a carreira à beira do campo. Ter sido o craque sob as traves não é garantia de nada ao mudar de função. Ter sido um líder no gramado também não.

Ao que parece, sobrou para o Zé Ricardo, que teve o pescoço colocado na guilhotina quando o ex-goleiro foi demitido e a dúvida sobre o retorno de Ceni ao Fortaleza não é se vai, mas quando vai.

Por fim, a ópera bufa do Maracanã, que envolveu um quase ex-craque - e possivelmente a maior decepção do futebol brasileiro no século XXI - e um treinador que sempre chega com a certeza de que será demitido. Neste caso, todos erraram. Ganso, mimado desde o Santos, não é mais o menino que se recusou a sair na final do Paulista de 2010, desacatando o então técnico Dorival Júnior.  Oswaldo, por sua vez, mostrou o dedo do meio para o torcedor, que ficou ao lado do camisa 10. Um profissional com a experiência dele não poderia jamais entrar nessa pilha. Se a coisa já não estava boa pra ele, ficou insustentável. "Burro pra c*" pra lá, "Você é vagabundo" pra cá, a demissão era questão de horas.

Quem quiser descascar o abacaxi azul de Minas Gerais, terá à disposição - não sei exatamente se este é o termo mais adequado - um elenco que acabou de derrubar o treinador. Não que isso seja raro, mas poucas vezes se viu de forma tão explícita. O mesmo se aplica ao time das Laranjeiras. 

Assim caminha o futebol brasileiro. De surpresa em surpresa, a única certeza é que não há certeza nenhuma. E nenhuma surpresa também.

Atualização:

i) Rogério, que pediu demissão do Fortaleza para acertar com o Cruzeiro, voltou ao Fortaleza, que recebeu dos mineiros uma indenização de R$ 1 milhão pela quebra de contrato do treinador quando este foi para Minas, o que só deixa a situação mais estarrecedora ainda.
...
ii) Abel Braga foi anunciado como treinador do Cruzeiro.
...
iii) Fernando Diniz, que foi demitido do Tricolor carioca, foi contratado pelo Tricolor Paulista. Vagner Mancini, coordenador técnico do clube e que havia sido anunciado como substituto de Cuca, pediu demissão ao saber que havia a intenção de trazer Diniz. 

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Benfica 1x2 RB Leipzig - Carta ao mister Lage

CALVÁRIO Não foi dessa vez que a superioridade em Portugal
foi vista em jogos pela Champions (Foto: Nurphoto)
Ó mister Lage, gostamos um bocado de ti. Gostamos mesmo, a ponto de perdoar a jornada infeliz contra o Porto, quando Pizzi e Florentino foram anulados sem maiores protestos, ou quando fizemos uma partidinha mequetrefe contra o Gil Vicente. Afinal, neste caso, tínhamos o jogo da Champions.

Mas aí, no jogo da Liga dos Campeões, me colocas o Cervi e o Jota para render Rafa e Seferovic? Nada contra, até gosto deles, mas os gajos estavam a ver o jogo das bancadas até outro dia. Não seria o caso de fazer o contrário? Talvez fosse mais interessante deixar descansar os dois que saíram do 11 para estarem mais frescos à altura do jogo mais importante.

Aí, sem o Rafa, deixas tudo às costas do Pizzi? Ora, o Nagelsmann colocou dois nele e resolveu o problema, ainda mais porque não havia Gabriel ou Florentino. Nem o Rafa. E havia Taarabt, mas era pouco. Tu te lembras de que falei?

Tá, o Pizzi falhou uma hipótese que não costuma antes do primeiro golo, e o Cervi praticamente desfez o tento que empataria o jogo antes que o Werner fizesse o bis. Mantiveste o De Tomás quando poderias começar com o Seferovic, que até fez um golito no fim.

A propósito, por que raios deixá-lo no banco? Se é pra fazer de conta que o Jota é o João Félix, finge que o Seferovic é o Seferovic, oras.

E coloque os melhores pra começar o jogo, pá.
Ajuda a toda a gente a seguir gostando de ti.


sábado, 14 de setembro de 2019

Benfica 2 x 0 Gil Vicente - para o gasto

O homem do passe de mágica para destravar o jogo
 (Imagem: Antonio Cotrim/Lusa)

Não se esperava muita coisa do jogo de hoje entre o atual campeão e a equipe que recuperou nos tribunais o lugar que haviam lhe tomado (e a única que solidarizou-se pela filhadaputagem feita com a Portuguesa por aqui em 2013). Afinal, há pouco tivemos os compromissos das seleções e, já na próxima terça, há Liga dos Campeões e o adversário é o Red Bull Leipizig, favorito à cimeira da chave e líder da Bundesliga.



Isto posto, o Benfica ainda perdeu Florentino, o dínamo do time, o maior ladrão de bolas do universo, o que fez com que Fejsa fosse recuperado do limbo diretamente para o onze.

Do outro lado, o time de Barcelos, que derrotou o Porto na abertura do Campeonato Português e também vinha com novidades, como Nogueira, de quem falaremos adiante.

O time gilista, claro, apostou nas linhas bem próximas para não deixar espaços para Pizzi jogar entre elas. A tática poderia ter dado errado se o 21 não desperdiçasse o pênalti que ele mesmo sofreu de Nogueira já aos 8 minutos. Denis, aquele - sim, aquele mesmo -, pegou no canto direito, à meia altura.

Depois disso o jogo ficou numa nhaca desgraçada, com uma chegada aqui, um chute acolá, um sono em toda a gente que assistia, uma boa defesa de Denis em novo chute de Pizzi, mas Taarabt resolveu reivindicar o lugar no meio para quando Gabriel voltar. Com um passe à Gabriel, descobriu André Almeida na direita. O passe buscava Raúl De Tomás e ele já estava pronto para fazer seu primeiro gol encarnado, mas apareceu o desastrado Nogueira para empurrar contra.

O segundo tempo foi um troço meio protocolar, com o Gil Vicente podendo pouco e o Benfica querendo menos ainda. No pouco que conseguiu, o time de Barcelos por pouco não empatou com Kraev, mas o chute saiu à direita de Vlachodimos, que viu o jogo de dentro do gramado.

Se o gol não saiu lá, saiu cá. E foi de Pizzi, artilheiro do campeonato, escorando de primeira no segundo pau o canto batido por Grimaldo para finalmente superar o goleiro brasileiro (que um dia foi chamado pelo genial Rogério Centrone de "falso 1". E foi só, num dia em que Taarabt bastou. Para terça, porém...

terça-feira, 10 de setembro de 2019

Lituânia 1 x 5 Portugal - Deixa jogar, mister

IMPLACÁVEL Mais quatro para a conta (Ints Kalnins/Reuters)
A única preocupação portuguesa nesta partida deveria ser como jogar no gramado sintético de Vilnius. Só que Fernando Santos resolveu que seria fácil demais colocar Cristiano a sair da área e trazer os zagueiros com ele, ou então deixar Bernardo Silva e João Félix livres para jogarem entre as linhas muito espaçadas da defesa lituana. Então fez o que melhor sabe fazer, quando está à procura de ideias: abriu Bernardo Silva na ala, onde ele nunca rende; deixou João Félix sumido na ponta esquerda, onde ele nunca joga; e esperou que Bruno Fernandes fizesse com a camisa de Portugal o que ele faz no Sporting, o que ele nunca faz.


O primeiro gol foi obra do acaso, um pênalti discutível, que Cristiano tratou de abrir os trabalhos e anotar o seu 90º pela seleção. E acabou aí no primeiro tempo, justamente pela falta de repertório de um time talentoso mal escalado, como um rancho com as concertinas desafinadas, o bumbo frouxo e o cavaquinho a faltarem as cordas.

Com Bruno Fernandes perdido e William Carvalho errando até o nome, caso perguntassem, parecia que Portugal havia voltado ao fim dos anos 1980, era uma equipe trivial, sem talento. E até gol tomou, do grandão Andriuškevičius, que era marcado por João Félix. Ora, isso não daria certo.

Foi preciso jogar fora 55 minutos para o teimoso treinador perceber que não se toca um corridinho sem uma tocata bem composta. Então saiu Bruno Fernandes e entrou Rafa Silva. Mais que isso, a entrada do 15 permitiu que Cristiano, Félix e, sobretudo, Bernardo Silva (figura nula na primeira etapa) tratassem de ocupar o campo de ataque todo, com Cristiano revezando com Félix e Bernardo a ir pelo meio também. Tudo bem que o segundo gol de Cristiano na partida foi um troço difícil de escrever. O goleiro Šetkus, que fazia boa partida, conseguiu se enrolar num chute safado do CR7 e a bola quicou, bateu em suas mãos, subiu, bateu em suas costas - ou braços, ou cabeça, ou ombro, tanto faz - e foi para o gol.

O terceiro e o quarto, pra variar, saíram dos pés de Bernardo para os de Cristiano, que fechou a noite com 93 tentos anotados por Portugal. Nota-se o grande trabalho de João Félix, que atraiu dois marcadores para que Ronaldo recebesse livre, no quarto gol. Nota-se também que ele, Félix, já se soltou mais e a camisola das Quinas veste-o melhor a cada dia. E nota-se, por fim, que William Carvalho também deixou o dele.
Nem precisávamos sofrer tanto, mister.   

Em campo, um por um:
Rui Patrício: teve lá algum trabalho;
João Cancelo: esteve abaixo, mas a culpa é do mister, que abre Bernardo Silva e segura-o na defesa. Em todo caso, André Almeida deveria fazer-lhe sombra nos próximos jogos;
Rúben Dias: assistiu ao jogo de dentro do campo;José Fonte: fez-lhe companhia;
Raphael Guerreiro: chamem o Coentrão!
William Carvalho: passes errados aos montes e um golo. Nada mau;
Rúben Neves: só não foi o pior de Portugal porque Bruno Fernandes está aí pra isso;
Bruno Fernandes: a julgar por esta partida, se retira no Sporting (entrou Rafa Silva: foi o revolucionário do jogo);
Bernardo Silva: precisa fazer ouvidos moucos para quando Fernando Santos mandar abrir para a lateral (imaginam o lado direito com Cancelo, Bernardo e Pizzi? Não foi dessa vez, pois o 21 entrou no lugar de Bernardo. Deve ser para impedir que haja tanto talento em campo);
Cristiano Ronaldo: quatro gols. E só (entrou Gonçalo Guedes para fazer Cristiano ser aplaudido sozinho);
João Félix: calma, miúdo, que o golo vem.
Fernando Santos: ó mister, já sabes que o formato inicial não funciona, pá. Deixa lá a rapaziada a se divertir e a divertir toda a gente, pá! 

Foto: EPA

sábado, 7 de setembro de 2019

Eu amo um homem

O gênio, o operário e o craque silencioso (Getty  Images)

Sim, admito, amo um homem. E este homem é Bernardo Silva. E que homem! É o craque silencioso e humilde. Abre na ponta, some do jogo, se sacrifica pelo sistema meio sem sentido de Fernando Santos, que o larga na ponta para dar amplitude e espaço para Bruno Fernandes, mais ou menos como esperar que o Xororó faça a segunda voz para o Chitãozinho. E está lá, impávido, à disposição, sem mandar um "que raio é isto, mister?" Tem muito jogador que não tem metade do talento dele e dá chilique quando joga fora de posição. Ele não!

Repitam comigo: ELE NÃO!

Aí o mister resolve libertá-lo dos grilhões da ponta direita e o que ele faz? Uma assistência de almanaque para o semideus Cristiano Ronaldo e um gol. Simples, dominando e batendo no canto. Silencioso e genial, como só ele poderia fazer.




Admito. Eu amo Bernardo Silva.

Sérvia 2 x 4 Portugal - Não foi pra tudo isso

Os donos do Velho Mundo (Pedja Milosavljevic/AFP/Getty Images)
Portugal tem uma equipe movida a desconforto. Começou o jogo contra a Sérvia melhor que os mandantes, com volume de jogo, mas sem espaços porque Ljubisa Tumbakovic armou a defesa com cinco jogadores atrás, ao passo que Fernando Santos voltou a insistir em Bernardo Silva preso na direita. O gol, é claro, saiu quase sem querer dos pés de William Carvalho e das mãos desastradas de Dmitrovic. A ideia seria dar mobilidade para Bruno Fernandes, mas o leonino não esteve bem no Marakana.

Leia também:
A Portuguesa e o centenário sem ter nada

A etapa complementar começou com os campeões europeus achando espaços na intermediária sérvia, que tinha a essa altura Ljajic para incomodar Portugal. Aí brilhou Gonçalo Guedes, herói improvável da Liga das Nações, que fez um golaço em jogada individual. Aí o jogo ficou morno, Portugal começou a cozinhar o galo e esqueceu de jogar. Voltou ao jogo só quando os de vermelho diminuíram na cabeçada de Milenkovic.

Placar diminuído. Pressão dos donos da casa? Não! Portugal tratou de aumentar a concentração e manter a posse de bola para impedir o crescimento dos anfitriões, em vez de se encolher e jogar no contra-ataque, como qualquer time faria. Santos, então, mandou a campo João Félix, e, com o colchonero em campo, Bernardo Silva se libertou dos grilhões da ponta esquerda. Pelo meio, achou Cristiano Ronaldo tão sozinho que estava impedido no terceiro gol português, o primeiro do CR7 nestas eliminatórias.



Claro que a Sérvia ainda diminuiu na paulada de Mitrovic, mas a resposta veio um minuto depois com Bernardo Silva, que dominou e bateu colocadinho, por baixo das pernas de Kolarov, mandando a bola para dormir na cantinho. Melhor jogador de Portugal em campo, Bernardo é o mais pronto para receber o bastão quando Cristiano resolver que já deu.



Tomara que demore.


Em campo, um por um:
Rui Patrício: segurança tem nome (e é composto);
Nelson Semedo: estava sendo engolido pelo Kolarov até levar uma pezada dele. Entrou João Cancelo: encontrou Kolarov já de barriga cheia;

Rúben Dias: um ou outro susto. O de sempre;
José Fonte: pra ficar à altura de Pepe só faltou dar pancada;Raphael Guerreiro: volta, Coentrão!Danilo: dormiu no primeiro gol sérvio;

William Carvalho: achou o primeiro gol português. No mais, foi gigante como sempre;
Bruno Fernandes: jogou? (entrou João Moutinho: participou da comemoração do quarto gol);
Gonçalo Guedes: testa a paciência de toda gente jogo sim, jogo também. Mas tem estrela (entrou João Félix: um bom passe, um drible errado e uma tentativa de jogada que não deu certo);
Cristiano Ronaldo: grande figura portuguesa, pra variar. Estava impedido no gol que fez;
Bernardo Silva: o melhor em campo. Se sacrificou em boa parte do jogo para dar amplitude ao time. Quando teve liberdade, deu o passe para o terceiro gol e marcou o quarto.
Fernando Santos: contra cinco defensores, não adianta tentar abrir o jogo. Entendeu isso, reforçou o meio de campo e Portugal rendeu. Ainda precisa descobrir como fazer o time atacar sem deixar as laterais expostas.

domingo, 1 de setembro de 2019

Braga 0 x 4 Benfica - está bem, mas não tão bem



A volta da turma de Bruno Lage às goleadas certamente esconderá, de quem não atentar-se aos pormenores, a dificuldade inicial do Benfica contra um Braga bem postado, embora tirando proveito de alguma lentidão no campo de ataque, que é quase uma marca registrada da equipe sob o comando do técnico. Outra assinatura, porém, é a capacidade de buscar alternativas e transformar jogos fechados em goleadas a partir da abertura de placar, o que novamente aconteceu. 

Diferentemente do Porto, único time a vencer o Benfica de Lage, o Braga não soube isolar Florentino, tampouco foi feliz ao ter nos irmãos Horta os únicos com alguma lucidez em campo, em jornada sem Wilson Eduardo, seu avançado mais perigoso. Pior para a turma de Sá Pinto que André Horta foi presa fácil do centro defensivo encarnado, comandado pelo marroquino Taarabt, surpresa no time inicial em lugar de Samaris.

Pela primeira vez titular em jogos da Liga, Taarabt mostrou ao treinador que pode ser o substituto ideal de Gabriel, que deve ter ao menos mais três semanas de recuperação da lesão no joelho. O 49 foi o dono do jogo, com roubadas de bola, arranques e passes daqueles que destroem linhas.

A outra novidade benfiquista foi o retorno de André Almeida, o que ajudou, e muito, a fluir o jogo de Pizzi. E quando o Pizzi joga, amigos, o Benfica joga fácil.
Foi assim no segundo tempo, quando as coisas ficaram mais fáceis com o gol madrugador do camisa 21 (passe preciso de Almeida) e as desventurosas tentativas de corte, primeiro de Bruno Viana em passe de Seferovic (a única ação ofensiva do suíço que deu certo, embora sendo um passe errado que buscava - ou não - Raúl De Tomás); depois, no cruzamento de Jota para Seferovic (que poderia perder o gol), que o capitão bracarense Ricardo Esgaio bisonhamente desviou para o gol.

Verdade seja dita: as coisas poderiam caminhar mais tranquilamente se Seferovic não perdesse, à Marega, dois golos quase certos no fim da primeira etapa, da mesma forma que, para o Braga, o placar seria menos desabonador se Ricardo Horta e Francisco Trincão não falhassem as chances claras que tiveram, subretudo o primeiro, que acertou a trave quando tinha apenas Vlachodimos à frente, e o escore ainda apontava 1 a 0. 

Outro ponto importante é que Lage fez entrar os três atacantes que estavam no banco: os brasileiros Carlos Vinícius e Caio Lucas e o português Jota, o único dos três a parecer oferecer argumentos para ter mais minutos em campo ou até reivindicar a titularidade de De Tomás, coisa que Chiquinho vinha fazendo até se contundir com gravidade contra o Porto. Tudo bem que a fatura já estava liquidada, mas há que se pensar, inclusive, na continuidade de ambos na janela de fim de ano.

Isso mostra que, como na temporada passada, a ida ao mercado foi desastrosa, só que dessa vez não parece haver no Seixal oferta para já. Talvez recuperar Cervi ou Zivkovic - ou ambos - seja a saída mais adequada.

Para a Liga, o que há à disposição basta. Para a outra Liga, a dos Campeões, pode ser que o bacalhau que Bruno Lage tem preparado não baste.

Vlachodimos: a cada bola que defende, deve pensar, em Alemão ou Grego, por que raios queriam outro goleiro;
André Almeida: graças a Deus ele voltou. E Graças a Deus o Nuno Tavares ficou nas bancadas;
Ferro: uma ou outra rateada, como de costume;
Rúben Dias: não criou problemas para nenhum dos goleiros dessa vez;
Grimaldo: se colocassem um balde d'água com a camisola três, é possível que este tivesse mais trabalho que o espanhol;
Florentino: deixaram jogar, o que não se faz. Quando não deixaram, fizeram o pênalti que resultou no primeiro gol da noite;
Taarabt: que semana para ele: voltou a ser convocado para defender Marrocos após cinco anos e fez a primeira partida como titular no Benfica. Foi o melhor em campo, e isso num daqueles dias inspirados de Pizzi;
Pizzi: retomou a parceria com André Almeida, tocando o terror no lado direito do ataque (Vinícius: entrou e errou cinco das quatro tentativas que fez);
Rafa Silva: o mesmo destruidor de trincos de sempre. Ainda terá problemas com as autoridades;
Raúl De Tomás: o primeiro passo para vingar na Luz será mandar tirar as iniciais da camisola. O segundo será ocupar o lugar de Seferovic. Não é tão mau quanto fazem presumir suas atuações até aqui (Jota: já merece mais tempo de jogo. A boa notícia é que saltou das bancadas dos dois últimos jogos para ser o primeiro reserva a entrar no jogo);
Seferovic: não é nem sombra do goleador da temporada passada. Se calhar, inspirou-se em Marega para mandar para longe a bola quando a baliza estava à serventia (Caio Lucas: quem é preterido por ele deveria repensar a carreira).