A volta da turma de Bruno Lage às goleadas certamente esconderá, de quem não atentar-se aos pormenores, a dificuldade inicial do Benfica contra um Braga bem postado, embora tirando proveito de alguma lentidão no campo de ataque, que é quase uma marca registrada da equipe sob o comando do técnico. Outra assinatura, porém, é a capacidade de buscar alternativas e transformar jogos fechados em goleadas a partir da abertura de placar, o que novamente aconteceu.
Diferentemente do Porto, único time a vencer o Benfica de Lage, o Braga não soube isolar Florentino, tampouco foi feliz ao ter nos irmãos Horta os únicos com alguma lucidez em campo, em jornada sem Wilson Eduardo, seu avançado mais perigoso. Pior para a turma de Sá Pinto que André Horta foi presa fácil do centro defensivo encarnado, comandado pelo marroquino Taarabt, surpresa no time inicial em lugar de Samaris.
Pela primeira vez titular em jogos da Liga, Taarabt mostrou ao treinador que pode ser o substituto ideal de Gabriel, que deve ter ao menos mais três semanas de recuperação da lesão no joelho. O 49 foi o dono do jogo, com roubadas de bola, arranques e passes daqueles que destroem linhas.
A outra novidade benfiquista foi o retorno de André Almeida, o que ajudou, e muito, a fluir o jogo de Pizzi. E quando o Pizzi joga, amigos, o Benfica joga fácil.
Foi assim no segundo tempo, quando as coisas ficaram mais fáceis com o gol madrugador do camisa 21 (passe preciso de Almeida) e as desventurosas tentativas de corte, primeiro de Bruno Viana em passe de Seferovic (a única ação ofensiva do suíço que deu certo, embora sendo um passe errado que buscava - ou não - Raúl De Tomás); depois, no cruzamento de Jota para Seferovic (que poderia perder o gol), que o capitão bracarense Ricardo Esgaio bisonhamente desviou para o gol.
Verdade seja dita: as coisas poderiam caminhar mais tranquilamente se Seferovic não perdesse, à Marega, dois golos quase certos no fim da primeira etapa, da mesma forma que, para o Braga, o placar seria menos desabonador se Ricardo Horta e Francisco Trincão não falhassem as chances claras que tiveram, subretudo o primeiro, que acertou a trave quando tinha apenas Vlachodimos à frente, e o escore ainda apontava 1 a 0.
Outro ponto importante é que Lage fez entrar os três atacantes que estavam no banco: os brasileiros Carlos Vinícius e Caio Lucas e o português Jota, o único dos três a parecer oferecer argumentos para ter mais minutos em campo ou até reivindicar a titularidade de De Tomás, coisa que Chiquinho vinha fazendo até se contundir com gravidade contra o Porto. Tudo bem que a fatura já estava liquidada, mas há que se pensar, inclusive, na continuidade de ambos na janela de fim de ano.
Isso mostra que, como na temporada passada, a ida ao mercado foi desastrosa, só que dessa vez não parece haver no Seixal oferta para já. Talvez recuperar Cervi ou Zivkovic - ou ambos - seja a saída mais adequada.
Para a Liga, o que há à disposição basta. Para a outra Liga, a dos Campeões, pode ser que o bacalhau que Bruno Lage tem preparado não baste.
Vlachodimos: a cada bola que defende, deve pensar, em Alemão ou Grego, por que raios queriam outro goleiro;
André Almeida: graças a Deus ele voltou. E Graças a Deus o Nuno Tavares ficou nas bancadas;
Ferro: uma ou outra rateada, como de costume;
Rúben Dias: não criou problemas para nenhum dos goleiros dessa vez;
Grimaldo: se colocassem um balde d'água com a camisola três, é possível que este tivesse mais trabalho que o espanhol;
Florentino: deixaram jogar, o que não se faz. Quando não deixaram, fizeram o pênalti que resultou no primeiro gol da noite;
Taarabt: que semana para ele: voltou a ser convocado para defender Marrocos após cinco anos e fez a primeira partida como titular no Benfica. Foi o melhor em campo, e isso num daqueles dias inspirados de Pizzi;
Pizzi: retomou a parceria com André Almeida, tocando o terror no lado direito do ataque (Vinícius: entrou e errou cinco das quatro tentativas que fez);
Rafa Silva: o mesmo destruidor de trincos de sempre. Ainda terá problemas com as autoridades;
Raúl De Tomás: o primeiro passo para vingar na Luz será mandar tirar as iniciais da camisola. O segundo será ocupar o lugar de Seferovic. Não é tão mau quanto fazem presumir suas atuações até aqui (Jota: já merece mais tempo de jogo. A boa notícia é que saltou das bancadas dos dois últimos jogos para ser o primeiro reserva a entrar no jogo);
Seferovic: não é nem sombra do goleador da temporada passada. Se calhar, inspirou-se em Marega para mandar para longe a bola quando a baliza estava à serventia (Caio Lucas: quem é preterido por ele deveria repensar a carreira).
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