sexta-feira, 27 de setembro de 2019

O louco futebol brasileiro e a dança das cadeiras




Vamos brincar de “Explique a um europeu que gosta de futebol o fim de setembro de 2019 no futebol brasileiro”? Quero ver quem consegue. Ok, pode até ter sucesso ao elencar as peripécias dos dirigentes e – pior ainda – jogadores, mas se ele vai achar normal são outros quinhentos. Ontem, Cuca (que "caiu a si mesmo") e Rogério Ceni deixaram seus cargos; hoje, Zé Ricardo e Oswaldo de Oliveira foram demitidos. Todas as trocas foram bizarras, sem exceção.


Cuca não conseguiu dar padrão ao estrelado time do Tricolor e entregou o cargo de forma até inesperada. Rogério foi fritado em óleo bem quente pelos medalhões do elenco do Cruzeiro, o que mostra que ele ainda não está pronto para ser treinador de ponta, o que é absolutamente normal para quem acabou de iniciar a carreira à beira do campo. Ter sido o craque sob as traves não é garantia de nada ao mudar de função. Ter sido um líder no gramado também não.

Ao que parece, sobrou para o Zé Ricardo, que teve o pescoço colocado na guilhotina quando o ex-goleiro foi demitido e a dúvida sobre o retorno de Ceni ao Fortaleza não é se vai, mas quando vai.

Por fim, a ópera bufa do Maracanã, que envolveu um quase ex-craque - e possivelmente a maior decepção do futebol brasileiro no século XXI - e um treinador que sempre chega com a certeza de que será demitido. Neste caso, todos erraram. Ganso, mimado desde o Santos, não é mais o menino que se recusou a sair na final do Paulista de 2010, desacatando o então técnico Dorival Júnior.  Oswaldo, por sua vez, mostrou o dedo do meio para o torcedor, que ficou ao lado do camisa 10. Um profissional com a experiência dele não poderia jamais entrar nessa pilha. Se a coisa já não estava boa pra ele, ficou insustentável. "Burro pra c*" pra lá, "Você é vagabundo" pra cá, a demissão era questão de horas.

Quem quiser descascar o abacaxi azul de Minas Gerais, terá à disposição - não sei exatamente se este é o termo mais adequado - um elenco que acabou de derrubar o treinador. Não que isso seja raro, mas poucas vezes se viu de forma tão explícita. O mesmo se aplica ao time das Laranjeiras. 

Assim caminha o futebol brasileiro. De surpresa em surpresa, a única certeza é que não há certeza nenhuma. E nenhuma surpresa também.

Atualização:

i) Rogério, que pediu demissão do Fortaleza para acertar com o Cruzeiro, voltou ao Fortaleza, que recebeu dos mineiros uma indenização de R$ 1 milhão pela quebra de contrato do treinador quando este foi para Minas, o que só deixa a situação mais estarrecedora ainda.
...
ii) Abel Braga foi anunciado como treinador do Cruzeiro.
...
iii) Fernando Diniz, que foi demitido do Tricolor carioca, foi contratado pelo Tricolor Paulista. Vagner Mancini, coordenador técnico do clube e que havia sido anunciado como substituto de Cuca, pediu demissão ao saber que havia a intenção de trazer Diniz. 

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