sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Centenário da Portuguesa - Há de brilhar a cruz dos teus brasões


Fazemos parte de uma grande família e muito nos orgulhamos. Uma família que completa 100 anos neste 14 de agosto de 2020. E é disso que se trata, afinal: família. Não a de sangue, mas a que escolhemos, a que nos acolhe e a que acolhemos. Família é sentir-se em casa, seja qual for a casa. Basta ser rubro-verde.

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Nem sempre unida, tampouco amiga, mas sempre querida. Às vezes, mais benquista pelos de fora do que pelos seus, sobretudo quando estes são os que gerem os destinos e geram as confusões, como numa grande família qualquer, embora esta não seja uma família qualquer.

Chegamos ao ano 100 mesmo sem saber o que será daqui para a frente, ou melhor (ou pior, dependendo do ponto de vista), desde o fim de 2013 para a frente, mesmo caminhando para trás em inúmeras ocasiões. O amor que não divide não precisa ter divisão para ser amado, mas não precisa por à prova tantos amores, como tem feito em tantas desfeitas. Desfaçatez, de disparate em disparate, disparadamente as piores decisões possíveis de serem tomadas.

Mas seguimos. Tão fortes quanto o amor pela Portuguesa pede que seja. Aliás, exige que seja assim. Por mais 100, mais 1000, quantos mais houverem, mesmo que sejamos cada vez menos para carregar a nossa cruz, que é a de Avis, e que carregamos com o amor que corre no sangue de quem é rubro-verde até nas veias.  

Porque sempre haverá de brilhar a cruz dos teus brasões. Porque para cada Castrilli, haverá um Enéas, um Basílio, um Pinga; para cada tapetão, uma linha com Djalma Santos, Brandãozinho e Ceci; para cada dirigente com ideias alicerçadas no barro, um Oswaldo Teixeira Duarte. Essa grande família, que tem Dener, Capitão, Julinho, Ivair, Servílio, Kaverna, Rainha, Sardinha, Garba (que Deus o tenha!). O quase gol de Edu, nos eternos segundos até o travessão, na má sorte que nos persegue em forma de azar, de apito ou de conchavos de fora para dentro.

Nosso orgulho nos basta. Da mesma forma que Portugal, nossa mãe, fez-se em outro 14 de agosto, lá em 1385, fizemos história por pelo menos 80 destes 100 anos, e nos renovamos para fazer mais, não importa quantas batalhas de Aljubarrota tenhamos que lutar. Que seja breve, tão breve quanto é perene a nossa força, a nossa tradição. Tudo aquilo que não se compra, mas se conquista. Essa é a grandeza na certeza que a suas glórias nos dão, Portuguesa.

E vamos à luta. Por mais 100 anos.

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Centenário da Portuguesa - os 100+11 da história da Lusa - parte 6


O cavalo passou selado e a Lusa não subiu. Assim podemos definir a mudança - para bem pior - de um clube que tocou o céu antes de cair no inferno. E a queda foi progressiva, primeiro de forma lenta, depois em parafuso, direto, sem direito a escala e a respiro, como acontece na segunda década do século XXI.

Os desmandos e a incúria que fizeram o clube perder jogadores a rodo na justiça, o "vá procurar os seus direitos", o "depois a gente vê" transformaram um clube que foi grande por 80 anos bater no centésimo lutando para existir, resistindo, teimando.

Não é exagero falar que, nos últimos 20 anos, a Lusa teve três que podem ser lembrados com carinho e orgulho: a volta à primeira divisão estadual e nacional com o título da Série A-2, o primeiro visto por gerações de torcedores, e a campanha que valeu como título na Série B do Brasileirão em 2007, a fantástica Barcelusa, de 2011, e o quase da Série C de 2015, quando ficou a um jogo do acesso. 

Ah, a Barcelusa. O timaço de Weverton; Luis Ricardo, Leandro Silva, Matheus e Marcelo Cordeiro; Ferdinando, Guilherme, Henrique, Marco Antonio e Ananias; Edno, que sob o comando de Jorginho triturou todo mundo sem dó na conquista da Série B de 2011 e que ganhou o nome a partir de uma conversa minha com o jornalista/luso/sofredor Flávio Gomes no twitter, como atesta a imagem abaixo:

 

Para variar, o cavalo passou e a Lusa, outra vez, não montou nele. Do time que subiu com sobras, saíram peças importantes e a Associação Inacreditável de Desportos caiu para a Série A-2, de onde voltou como campeã pela segunda vez, mas com algumas avarias, como a derrota por 7 a 0 para o Comercial. No Brasileiro, com algum custo, a Portuguesa manteve-se na Série A graças a jogadores como Bruno Mineiro e Dida, lendário goleiro que voltou à atica no Canindé, e montou um time forte para a disputa do Brasileirão de 2013, com nomes como Valdomiro, Moisés Moura, Souza, Correia, Diogo, Gilberto, William Arão, Moisés e Bruno Henrique, cumprindo uma campanha de recuperação espetacular após a chegada de Guto Ferreira.

Até que veio o Caso Héverton, cujo drama não é preciso lembrar aqui. O impacto, porém, é necessário: o time caiu vertiginosamente da Série A para a Série C, sendo lanterna da segundona de 2014, com direito a sete técnicos (contando os dois interinos) e 78 jogadores, entre entradas e saídas, saída de campo por causa de liminar, caso de doping, salários atrasados. Claro que não daria certo.

O respiro foi a Série C de 2015, mas que ficou pelo caminho com a derrota em casa para os goianos do Vila Nova na segunda fase. No Paulista, rebaixada pela terceira vez em 2015, pela primeira a Portuguesa não subiu de cara e desde 2016 luta pelo acesso e, a partir daí, tentar subir, passo a passo, para poder ter um calendário nacional e a segurança para poder voltar a ser grande.

Grande como foi por 80 anos.  

Alex Alves 
(2002/2003 e 2006)
Ao marcar o gol que evitou o rebaixamento à Série C em 2006, aos 44 minutos do segundo tempo, contra o Sport Recife, na Ilha do Retiro, Alex Alves Ferreira entrou para a história da Portuguesa. Antes, porém, Alex Alves já tinha números respeitáveis vestindo o manto verde-encarnado (32 gols em 63 jogos), sendo destaque da equipe na primeira Série B disputada pela Lusa, em 2003. Devido a este rendimento, acabou sendo transacionado com o Cruzeiro, que foi campeão brasileiro naquele ano.  

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Centenário da Portuguesa - os 100+11 da história da Lusa - parte 5

Ananias
(2011/2012)
Quem não se lembra do Ananiesta da Barcelusa? Ananias Eloi Castro Monteiro recebeu o apelido em virtude da brincadeira da torcida ao comparar os jogadores da campanha de 2011 com o timaço da Catalunha. Em campo, Ananias encantou torcedores durante os dois anos em que atuou por empréstimo até deixar o clube, ao fim do contrato, para rumar ao Cruzeiro. Antes, foi dele o gol que classificou a Portuguesa às quartas-de-finais do Campeonato Paulista de 2012, contra o São Bernardo. Ainda defendeu Palmeiras, Sport e Chapecoense, desaparecendo no trágico acidente que a delegação catarinense sofreu na viagem para a Colômbia, onde definiria a Copa Sul-Americana de 2016. 


Bruno Mineiro 

(2012 e 2016)
O atacante que seria contratado em 2012 para o Brasileiro era o Leandro Damião, que despontava no Internacional, mas quem acabou chegando ao Canindé foi Bruno Menezes Soares, o Bruno Mineiro, que marcou 14 vezes no Campeonato Brasileiro pelo time comandado pelo técnico Geninho.
 Retornou ao clube em 2016 para a disputa da Série C, marcou mais quatro gols, mas não conseguiu evitar a queda da Lusa.  

 

Bruno Rodrigo 
(2005 a 2008)

Zagueiro eficiente no jogo aéreo, raçudo, rápido e de boa chegada à frente. Assim pode ser descrito o futebol de Bruno Rodrigo, que subiu ao time principal da Lusa em 2005 e permaneceu por três anos no Canindé, sendo campeão da Série A2 de 2007.   

 

Dida 
(2012)

Um dos maiores goleiros da história do futebol, Nelson de Jesus da Silva estava há mais de um ano sem atuar pelo time do Milan e, aparentemente retirado das competições oficiais, foi apresentado pela Lusa em 2012 para a disputa do Campeonato Brasileiro de 2012 e não fez feio, sendo um dos responsáveis pela boa campanha da equipe.  

 

Diogo
(2006/2008 e 2013) 

Cria das categorias de base rubro-verdes, Diogo Luis Santo foi eleito o melhor jogador do Campeonato Brasileiro da Série B de 2007, no mesmo ano em que ajudou a Lusa a conquistar o título da Série A2 do Campeonato Paulista. Na temporada seguinte, Diogo se transferiu para o Galatasaray, onde teve bons momentos. Voltou para a Lusa para jogar o Campeonato Brasileiro de 2013, quando foi um dos destaques do time dirigido pelo técnico Guto Ferreira.  

 

Edno 
(2008/2009 e 2011/2012)

Edno Roberto Cunha teve três passagens pela Lusa: em 2008 e em 2011, tendo destaque em ambas, mas alcançou a condição de ídolo na segunda delas, quando foi o maior nome da conquista da Série B do Campeonato Brasileiro, no time que, por causa do futebol vistoso, ganhou o apelido de “Barcelusa”. Voltou em 2015, para disputar o Paulistão.  

 

Ferdinando 
(2011, 2013 e 2015)

A “Barcelusa”, campeã incontestável da Série B do Campeonato Brasileiro de 2011 e que recebeu este apelido pelo futebol envolvente e ofensivo que apresentava, tinha na proteção dos zagueiros o volante Ferdinando Pereira Leda. O trinco também foi titular absoluto na cabeça-de-área da equipe na campanha da Série A do nacional de 2013 e voltou ao clube para sua terceira passagem, mesmo a Lusa tendo que disputar a Série C do Campeonato Brasileiro.  

  

Gilberto 
(2013)

Gilberto Oliveira Souza Junior chegou à Lusa durante a disputa do Campeonato Brasileiro de 2013, emprestado pelo Internacional de Porto Alegre e logo caiu nas graças da exigente torcida lusa. Jogador rápido e com faro de gols aguçado, teve como ponto alto o clássico com o Corinthians, em Campo Grande, quando marcou três vezes na goleada por 4 a 0 sobre o alvinegro, então campeão do mundo.

 

Guilherme 
(2008/2012)

Tratado como joia nas categorias de base, Guilherme dos Santos Torres confirmou todas as expectativas quando ascendeu ao time profissional da Lusa. Na histórica campanha da Série B do Campeonato Brasileiro de 2011, foi um dos alicerces da "Barcelusa". Acabou saindo após uma polêmica transferência para o Corinthians, mas o que fez no ano anterior o garante nesta lista.  

 

Luis Ricardo 
(2010/2013)

Luis Ricardo Silva Umbelino chegou à Portuguesa como um atacante que já tinha vestido camisas como as de Avaí, Grêmio e Ponte Preta, até que, em 2011, sob as ordens do técnico Jorginho, fixou-se definitivamente na lateral direita e foi um dos destaques do time que venceu com sobras a Série B do Campeonato Brasileiro de 2011. No ano seguinte, com o número 2 às costas, foi campeão paulista da Série A2, notabilizando-se com vários gols partindo desde o campo de defesa com a bola dominada, e foi um dos melhores da posição no Brasileirão. Em quatro anos, foram quase 200 jogos vestindo rubro-verde.      


Marcelo Cordeiro
(2011/2013)
Um dos raros jogadores nos anos 2000 a romper a barreira dos 100 jogos pela Portuguesa (106), Marcelo Cordeiro de Souza brilhou na Barcelusa, em 2011, e foi o titular absoluto no time que conquistou a Série A2 do Paulistão em 2013, até deixar o clube depois de disputar 20 jogos na campanha. 

 

Marco Antonio 
(2009/2011)

O meia Marco Antonio chegou à Lusa em 2009, onde permaneceu por três temporadas. Atrapalhado por lesões e por jogar algumas vezes como volante, teve seu grande momento com o técnico Jorginho, em 2011, quando atuou na função de meia-armador e grande condutor do time. Foi um dos destaques, capitão e maestro da equipe que ficou conhecida como “Barcelusa”.  

 

Ricardo Oliveira 
(2000/2002)

Criado nas categorias de base do Corinthians, Ricardo de Oliveira apareceu bem no time que disputou a Copa João Havelange, em 2000. No ano seguinte, apresentou seu faro de artilheiro apurado ao ser goleador do time luso na temporada com 25 gols, 14 dos quais pelo Campeonato Brasileiro. Dono de uma média de gols respeitável, garantida pelos 51 que marcou nos 85 jogos disputados pela Lusa, Ricardo oliveira ostenta a marca de ter feito gols em seis jogos seguidos (ao lado de jogadores como Pinga I e Carioca) em 2001no que é superado apenas pelo atacante Flávio Guarujá, que fez gols em sete jogos consecutivos, em 1995. Mesmo tendo saído da Lusa pela Justiça por causa de salários atrasados, Ricardo Oliveira é o artilheiro da Lusa no Século XXI, motivo suficiente para que esteja presente na lista dos principais jogadores do clube. 

 

Tiago 
(2006/2007)

Tiago Antonio Campagnaro chegou ao clube em 2006 e logo virou titular da equipe do técnico Benazzi. Por pouco não entrou para a história do clube ao quase marcar, de falta, o gol que livraria a Lusa do descenso para a Série C naquela temporada, contra o Sport Recife, na Ilha do Retiro (quem acabou fazendo o tento salvador foi o atacante Alex Alves, de pênalti, já nos acréscimos). Na temporada seguinte, Tiago se firmou como goleiro do time nas campanhas do título paulista da Série A2 e do acesso à elite do Campeonato Brasileiro, além de se consolidar como goleiro-artilheiro. Ao todo, entre gols de falta e de pênalti, foram 13 no ano.   

 

Valdomiro 
(2012/2015)

Valdomiro Duarte de Macedo é o tipo de zagueiro que todo torcedor gosta: raçudo, sério, não brinca em serviço e, como se não bastasse, um representante do torcedor dentro do gramado. Contratado para a disputa do Campeonato Brasileiro de 2012, caiu nas graças da torcida porque, além das atuações seguras, sempre deixou claro o seu prazer em vestir a camisa rubro-verde. Remanescente do time que disputou a Série A do Campeonato Brasileiro de 2013, Valdomiro permaneceu na equipe para as disputas da Série B de 2014 e da Série C de 2015.     

 

Weverton 
(2010/2012)

Weverton Pereira da Silva chegou à Portuguesa em 2010 e fez mais de 100 jogos envergando o manto lusitano. O goleiro, que foi dono absoluto da camisa 1 na histórica campanha da conquista da Série B do Campeonato Brasileiro, jogando todos os jogos da campanha, nunca escondeu seu amor pela Lusa, mesmo após sua saída do clube (em mais uma das conhecidas barbeiragens da diretoria de plantão).  


Ao fim e ao cabo, cá está o 11 de sempre da Lusa:
Félix; Djalma Santos, Marinho Peres, Brandãozinho e Zé Roberto; Capitão, Eneás, Pinga e Dener; Julinho e Simão.


Se formos pensar num top 10, independentemente da posição, ei-lo:
1. Djalma Santos 
2. Julinho
3. Pinga
4. Enéas
5. Dener

6. Servílio
7. Brandãozinho
8. Ivair
9. 
Jair da Costa
10. Rodrigo 


Todos os jogadores escolhidos, por ordem alfabética:

Albéris

Alberto

Alex Alves (atacante, anos 1990)

Alex Alves (atacante, anos 2000)
Ananias
Antonio Carlos

Badeco

Barros

Basílio

Batatais

Bentinho

Brandãozinho
Bruno Mineiro

Bruno Rodrigo

Cabeção

Cabinho

Calegari
Caio (atacante)

Caio (meia)

Capitão

Cardoso

Carioca

Carlos Alberto Cavalheiro

Caxambu

Ceci

Célio
César

Conrado Ross

Daniel Gonzáles
Dener

Dicá

Dida (meia, anos 1960)
Dida (goleiro)
Diogo

Ditão

Djalma Santos

Edilson

Edmur

Edno

Eduardo

Edu Marangon
Émerson

Enéas

Esquerdinha

Eudes

Evair

Evandro

Éverton

Félix

Ferdinando

Filó
Gallo

Gilberto

Guanabara
Guilherme

Hermínio

Ipojucan

Isidoro

Ivair

Jair da Costa

Jorginho (atacante)
Jorginho (zagueiro)

Julinho

Juths

Leandro

Leivinha

Lindolfo

Lorico

Luís Pereira
Luís Ricardo

Machado
Marcelo Cordeiro
Marco Antonio

Marinho Peres

Mesquita

Miguel

Muca

Nair

Nena

Nininho

Noronha

Ocimar

Odorico

Orlando Gato Preto

Ortega

Paes

Pampolini

Paschoalino

Paulinho McLaren

Pescuma

Pinga

Pontoni

Ratinho

Renato

Roberto Dinamite

Rodrigo

Rodrigues
Ricardo Oliveira

Salles
Serginho
Servílio

Simão

Tatá

Tiago

Tico

Toninho
Toquinho
Valdomiro

Valter

Vilela

Vladimir
Weverton

Wilsinho

Wilson Carrasco

Xaxá

Zecão

Zé Maria (Super Zé)

Zé Maria (lateral, anos 1990)
Zé Roberto

Zinho (lateral, anos 1940 e 1950)

Zinho (meia, anos 1990)