Os grupos para a Copa foram definidos, o que não é nenhuma novidade. Afinal, já faz 11 dias que o sorteio foi realizado. Resolvi esperar um pouco para, depois de ouvir alguns especialistas (e outros nem tão entendidos assim), tecer aqui minhas impressões.
Antes do próprio sorteio em si, o critério utilizado para definir os países cabeças-de-série foi um tanto estranho. A FIFA mudou a maneira de escolha. Para as copas de 2002 e 2006, levou em conta o desempenho nas copas anteriores e a média do ranking. Desta vez, apenas o ranking de outubro desse ano foi usado. O que não me agrada, sob aspecto algum, é esperarem a definição dos países para, só depois, decidirem o critério, para que, dentro desse critério, possam acomodar os países que melhor atendam seus anseios. Ou seja, o único critério levado em conta é não ter critério nenhum.
Terão vida fácil, na primeira fase, Inglaterra, Itália e Espanha, que não enfrentarão adversários capazes de atrapalhar seus caminhos. Nas oitavas, serão outros quinhentos. Caso apurem-se na ponta, como se espera, os ingleses poderão ter pela frente as perigosas Gana ou Sérvia, a Itália, por sua vez, deverá enfrentar Camarões ou Dinamarca, que possuem bons times e a Espanha teve a "sorte" de esperar pelo segundo colocado do "Grupo da Morte", que poderá ser Brasil, Portugal ou Costa do Marfim.
Os donos da casa, comandados pelo brasileiro Carlos Alberto Parreira, têm tudo para estrarem para a história dos mundiais como o primeiro país-sede a não avançar à segunda fase, pois fazem-lhe companhia, no grupo A, México, que sempre é uma incógnita e os campeões mundiais Uruguai e França. Nuestros hermanitos argentinos terão um grupinho chato, mas devem superar sulcoreanos, gregos e nigerianos, que se engalfinharão pela segunda vaga. Aí, nas oitavas, a vida mansa da equipe de Don Diego Maradona acabará, pois terá pela frente o segundo do grupo A.
A Alemanha, atual vice-campeã europeia, caiu num grupo difícil, com Sérvia e Gana, mas deverá passar, mesmo com dificuldades. Já nas oitavas, enfrentará o segundo colocado do grupo do English Team, que pode ser Estados Unidos, Argélia ou Eslovênia. Ou seja, os germânicos deverão avançar sem maiores problemas, aos menos até às quartas. Da mesma forma a Holanda, que terá adversários indigestos logo de cara (Camarões e Dinamarca), mas nas oitavas terá os pouco cotados Paraguai ou Eslováquia, do grupo da atual campeã, a Squadra Azzurra.
Agora, a briga de foice, mesmo, será no grupo G. O Brasil é o grande favorito, é claro, a ficar não só com uma das vagas como deverá ser o primeiro do grupo. Mas considerar que pode até cair diante de Portugal ou Costa do Marfim não é, ao meu ver, nenhum absurdo. Quem passar em primeiro deverá chegar sem percalços aos quartos-de-final, pois pegará, possivelmente, Chile ou Suiça.
Ainda sobre o grupo do Brasil, andei ouvindo por aí uns comentários bastante entusiasmados que, segundo os quais, o Brasil passará sem sustos e são os adversários que devem se preocupar com o Brasil, e não o contrário. Alguém aí lembra o que o Zagallo disse na véspera da semi-final da Copa de 1974? "Não estou preocupado com a Holanda, Somos tricampeões. Eles que têm que se preocupar com a amarelinha." Dias depois, estávamos disputando - e perdendo - o terceiro lugar com a Polônia, de Lato e Zmuda.
Claro que, se acaso algum dos favoritos derrapar, tudo o que foi escrito não servirá para nada, a não ser para que eu me lembre de não fazer previsões. Aliás, eu mesmo disse que não mais as faria, mas quem é que resiste?
Agora sim, é só esperar pelo dia 11 de junho e já ir tratando de providenciar a cerveja e a carne para o churrasco ou, no meu caso, pisar as uvas, colocar o bacalhau de molho e comprar as sardinhas e os tremoços.