segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Paris Saint Ghanim

* por Douglas Sato e Marcos Teixeira

Vistam fraque e cartola, caros leitores! O torneio mais disputado da Europa já começou. Muitas equipes fizeram suas apostas e investiram valores exorbitantes na contratação de grandes atletas. O Paris Saint Germain, mais conhecido como PSG, está nessa lista e todos esperam que a equipe repleta de estrelas tenha um bom rendimento neste primeiro ano de Champions League sob o comando do xeque Nasser Ghanim Al-Khelaïfi, o maluco rasgador de dinheiro que comprou o time do Canal +.

A equipe parisiense foi quem mais investiu na janela de verão com um valor aproximado a 147 milhões de euros, 47 a mais que o Chelsea, outra grande potência financeira da Europa que não costuma olhar o preço na vitrine. Vieram o zagueiro Thiago Silva, o lateral Van der Wiel, o ótimo trinco Marco Verratti, os avançados estrelados Ibrahimovic e Lavezzi, além de Lucas, que chegará ao final do ano.

Isso tudo, sem contar os zagueiros Alex e Lugano, sendo que o uruguaio nem chegou a ser inscrito no torneio, os meio-campistas Nenê, Javier Pastore e Thiago Motta e o atacante Kevin Gameiro, autor de singelos 14 gols na última temporada, que já estavam no plantel.

Pode ser que a vitória por 4 a 1, contra o Dínamo de Kiev, seja ilusória, até porque, tirando o Shakhtar Donetsk, que disputa regularmente a Champions League, a Ucrânia não possui tradição no torneio de clubes europeus. O que nos resta é ver se a equipe de Paris conseguirá realizar o sonho de inúmeros parisienses que almejam o caneco do Velho Continente. Sabemos que o dinheiro traz atletas e prestigio, mas canecos e futebol bonito é bem difícil, ainda mais sendo esta a primeira época da equipa da Cidade Luz. Veremos nas próximas rodadas se o dinheiro do xeque fará o Paris Saint Ghanim deixar de ser uma promessa de time grande.

Mas todo esse dinheiro, todo esse investimento, valerá a pena? O Real Madrid, por exemplo, detém a espantosa marca de nove títulos europeus, sendo o maior campeão da história da UEFA Champions League. Mas o que se viu nos últimos anos, entretanto, contrasta com tamanha grandeza, tanto que a última taça erguida foi na época 2001-2002, no começo da primeira Era Galáctica do megalomaníaco Florentino Perez.

Nas últimas temporadas, são inúmeras eliminações precoces, todas a partir das oitavas de finais do maior torneio entre clubes do mundo. Nos últimos dois anos, nem gastando os tubos para trazer gente como Kaká, Cristiano Ronaldo e Xabi Alonso foi suficiente para realizar o sonho merengue de conquistar o décimo título europeu.

* Douglas Sato tem 23 anos, é músico e estudante de Jornalismo 
(nesta ordem) e, nas horas vagas, é imitado pela dupla 
Cesar Menotti e Fabiano. E Marcos Teixeira ainda sou eu.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

A chata novela chegou ao fim

O que já tinha se tornado cansativo de se ouvir e ler, finalmente acabou.  Santos, São Paulo e DIS entraram em comum acordo e a equipe da baixada finalmente cedeu e aceitou o valor oferecido pelo tricolor e DIS (R$23,9 milhões), e rescindiu o contrato com o meia Paulo Henrique Ganso.

O desgaste era tão nítido entre Ganso e Santos que o anúncio oficial da venda do jogador para o São Paulo saiu por volta da 1h desta sexta-feira, e que o armador não sairia de lá até resolver seu destino. Coitado dos jornalistas que ficaram plantados na porta do estádio santista a espera de uma boa ou má notícia, dependendo dos olhos de quem viu.

O Santos só aceitou liberar o jogador caso o São Paulo pagasse à vista o valor pelos 45% dos direitos econômicos na qual o Santos tinha direito. Pois bem, o pagamento será assim, mas a direção tricolor não terá esses 45%. O Sampa vai desembolsar R$16,5 milhões e a DIS, que já tinha 55% dos direitos econômicos, bancará o restante. Sendo assim, o São Paulo ficará com 32% do jogador, e a DIS, 68%.

                           
Paulo Henrique ainda tenta se recuperar da lesão na coxa esquerda, mas já foi inscrito no BID da CBF, que tinha o fechamento nesta sexta-feira. A grande incógnita fica se o agora camisa 8 terá atuações brilhantes como nos tempos em que jogava ao lado de Neymar e Robinho.

Talento ele tem, mas se deixou levar por empresários que só tinham interesse em vendê-lo para fora do país, o que o afastou de ser unanimidade no Santos, de não ter sequência de jogos na equipe por causa de lesões e de ser titular na seleção brasileira.

Agora, com tudo resolvido, Ganso não terá desculpas para deixar de atuar e da falta de valorização, já que ganhará R$ 350 mil por mês.

Oportunismo

Romário sempre foi oportunista. Pelas suas contas pessoais, marcou mais de 1000 gols (contando futebol  de botão, de prego e totó, mas isso nem vem ao caso agora) e é tido como um dos jogadores mais completos e letais dentro da grande área, lugar que conhece como poucos.

Oportunista como poucos e falastrão como ninguém, dentro de campo ele resolvia. Depois de se aposentar, resolveu manter o mesmo estilo, já fora das quatro linhas. E esse oportunismo ficou evidente quando o agora deputado pediu para que a presidente Dilma Rousseff interfira e tire o técnico Mano Menezes da Seleção Brasileira.

Romário sabe que a FIFA não permite ingerências dos governos sobre as seleções. Quando isso acontece, invariavelmente, o selecionado nacional e todos os afiliados de sua federação são suspensos de competições internacionais. O problema é que ele sabe, mas boa parte da população, sobretudo os que aplaudem feito focas circenses, sequer faz ideia disso.

Oportunismo rima com populismo, coisa que Romário parece ter aprendido nos corredores do Congresso Nacional, quando não está nas praias do Rio. E o Baixinho, que fez espuma cobrando vigilância nas contas da Copa do Mundo, mostra outra vez oportunismo, mas não o mesmo de quando jogava.

sábado, 15 de setembro de 2012

Não aprenderam nada

O Governo Federal anunciou, nesta semana, um plano para tornar o Brasil uma potência olímpica com olhos para os Jogos de 2016, que terão lugar no Rio de Janeiro. Os números são pomposos, superlativos. O ministro Aldo Rebelo anunciou, de boca cheia, que serão gastos, entre recursos ordinários e extraordinários,  seja lá o que isso quer dizer, mais de 2,5 bilhões de reais, e que o objetivo é terminar entre os dez primeiros colocados.


Este montante será todo gasto pelas estatais, ou seja, é dinheiro público. Vai contemplar atletas de alto rendimento (os que têm mais chance de ganhar medalhas), sob o nome "Bolsa Pódio", com até 15 pilas por mês, e treinadores, com a "Bolsa Técnico", que pagará até 10 contos, fora 22 centros de treinamento, com foco nos esportes nos quais o país normalmente conquista medalhas, como judô, natação e atletismo.

Tudo muito bonito. Parte da mídia, sobretudo a que faz o beija-mão à presidente, aplaudiu de pé. Seria perfeito, não fosse por um detalhe: o que querem é fazer bonito em casa, e só. Como povo semiletrado e manipulável que é, o brasileiro não admite que o país vá mal em competições esportivas. Não gosta de esporte, gosta de vencer, o que é completamente diferente. Podem meter a mão no bolso, isso sim, mas experimenta perder a final olímpica pra ver só uma coisa!

A atitude do governo é puramente populista, é eleitoreira. Da mesma forma que a realização da Copa do Mundo aqui é equivocada, esse plano também é. Não é a Copa que traz o investimento, é o contrário. Se a infraestrutura já existir, o montante desviado para os bolsos abençoados é menor, bem menor. No caso das medalhas olímpicas, não adianta despejar dinheiro onde já existe. Tem que ser na base, na formação dos atletas.

Se na Olimpíada de Londres o Brasil conquistasse as medalhas nas modalidades em que era favorito, como futebol, por exemplo, teria ficado entre os dez primeiros, mesmo com poucas medalhas. Para se ter uma ideia, a Hungria ficou em nono lugar, com oito ouros, um a mais que o décimo, a Austrália, mesmo tendo menos da metade do total (17 contra 35). Ou seja, ganharia mais de dez posições sem um centavo a mais. Então o trabalho teria sido bem feito. Seria mesmo? É muito simplista achar que sim.

Fica claro, desta forma, que ninguém aprendeu a lição de Londres, quando houve um aumento de mais de 100 milhões de reais nos gastos e, ainda assim, o país esteve presente em menos finais. Se fizerem o que anunciaram, o verdadeiro sentido do esporte se perderá, que é a inclusão social por meio dele. 

Se você, leitor, reparou, em momento algum eu falei em investimentos, e sim em gastos, pois do jeito que o governo quer fazer, cessando o incentivo tão logo se apague a pira olímpica no Rio, a medida não vai passar de mais uma jogada de marketing e pura propaganda governamental. E Joseph Goebbels aplaudirá diretamente do inferno. 

domingo, 9 de setembro de 2012

A validade de Mano Menezes

* por Douglas Sato

Sei que o prólogo deste texto é meio antigo, mas creio que será de muita valia para o que virá a seguir, caro leitor. No meio do segundo tempo da final olímpica contra o México, quando eu ainda tinha esperanças e uma pitada de fé de que o Brasil viraria o jogo e ganharia, finalmente, a medalha de ouro, pensei comigo que ganhando ou perdendo o técnico Mano Menezes devia deixar o comando da Seleção.

Meu principal argumento era de que o time, como tal, não existia: não havia qualquer tipo de consistência, uma jogada ensaiada, o time jogou a competição inteira com base nas jogadas individuais de seus melhores atletas, nenhum gol ou lance derivado de trabalho de equipe. E isso, como se viu, nem sempre resolve, mesmo contra times fracos, como era o caso do México. Individualmente sim, mas como uma seleção, não.

Após a fatídica final, a crítica se dividiu. Há quem concorde com a avaliação. Há quem ache que, bem ou mal, a equipe vem evoluindo. E há ainda os que acham que não dá pra trocar simplesmente porque não há outro para colocar no lugar.

Trocar de técnico no meio de um trabalho sempre é complicado. Em alguns casos isso chega a ser desastroso. A Seleção Brasileira esta claramente no meio de um trabalho. Portanto, a substituição de Mano Menezes, haja alguém melhor que ele ou não, só pode acontecer se ficar claro que o trabalho não vai evoluir da forma que deveria, afinal, ainda não vi aquela renovação, a não ser nos salários dos atletas. Mas, infelizmente, creio que a hora de trocar é agora, e não a um ano e meio para a Copa do Mundo.

A justificativa de esperar a Copa das Confederações para tomar uma decisão me parece a mais erronia possível. Sei que é muito injusto julgar Mano pela Olimpíada, na qual o time tinha limite de idade e a baixa qualidade dos adversários não ajudou a preparar a equipe, mas o mesmo não pode ser dito sobre a Copa América. Mano foi mal nas duas oportunidades em que teve o time por algum tempo para treinar, relembrando que Dunga disputou três competições e trouxe dois canecos para o então poderoso chefão Ricardo Teixeira.

Há quem cite o caso do campeão das Américas, o também gaúcho Tite, no Corinthians. Ele ficou depois da eliminação para o Tolima, e ganhou praticamente tudo o que veio depois. A diferença fundamental é que Tite comanda um clube e o Mano, uma seleção. Tite tem um grupo que mudou pouco, o que Mano até poderia ter, mas não faz questão de manter.

Um dos piores setores desta seleção é o defensivo. Sim, a defesa. Nós até temos bons jogadores, mas a defesa de um time consiste em treino, entrosamento. Além de proteção. É um sistema defensivo, não apenas os quatro caras da linha de trás. Temos alguns zagueiros razoáveis, um Thiago Silva que ainda é jovem para ser chamada de o melhor zagueiro do mundo. Ninguém precisa de mais que isso para montar uma boa defesa. O Corinthians foi campeão com Chicão, o Santos com Durval e o Palmeiras com Leandro Amaro.

O novo Ricardo Teixeira, José Maria Marin, garantiu que a validade de trabalho de Mano Menezes é de quatro anos, mas a esta altura do campeonato já era de se esperar que ele já tivesse definido um time e uma forma de jogar. Mano teve dois anos para escolher entre três, quatro ou até cinco jogadores por posição, avaliar os que se destacaram e definir o esquema, ou os esquemas, que melhor se enquadrem a eles. Porém, estamos na segunda metade do ciclo de trabalho de Mano sem que isso já esteja definido.

Em tese, pode até ser que o trabalho de Mano chegue a ser vencedor. Mas o problema é que precisa ficar claro que a primeira parte do trabalho foi feita, concluída, o que não aconteceu até agora, caro leitor. Os próximos amistosos da Seleção tem que servir, portanto, para Mano mostrar como o time vai jogar, e como vai encaixar os jogadores neste time. Mesmo que perca partidas, mesmo que aconteçam erros. Se ficar claro que há um princípio, há tempo suficiente até a Copa de 2014 para o time ficar bom.

Se na Olimpíada isto não ficou claro, na vitória contra a África do Sul também não. Mano mudou demais o time, inventou soluções mirabolantes como Alex Sandro no meio e nas laterais. Diga-se de passagem, nem sei o ex-santista está fazendo na seleção. O Brasil acabou com um time perdido, sem saber o que fazer. Mano, ao que demonstra, está com um grupo de jogadores jovens e sem espírito de liderança – liderança, aliás, que o treinador também precisa mostrar, além de encontrar uma maneira de comandar o time que é a esperança de mais de 190 milhões de brasileiros em 2014, quando sediaremos o maior evento esportivo do mundo.

* Douglas Sato tem 23 anos, é músico e estudante de Jornalismo 
(nesta ordem) e, nas horas vagas, é imitado pela dupla Cesar Menotti e Fabiano.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Ode para a minha morte

Dizem que as lágrimas são a saudade saindo pelos olhos quando não cabe no peito. Talvez. Pode ser também a vida que vai se esvaindo a cada ferida mal cicatrizada, a cada sonho que adoece, a cada amor que acaba. Aliás, o amor não acaba, apenas adormece. Se morreu é porque sequer existiu, sequer nasceu.

Elas são fruto dos sentimentos de quem as chora. São oriundas de toda a carga emocional. São sinceras. Em via de regra, honestas. Pobre de quem as evita, as esconde. Mal sabe o bem imensurável que faz derramá-las, qualquer que seja o motivo. Do mais banal ao mais nobre.

Mas dá para definir isso? Segregar? Não, não dá. Todos têm uma bagagem, uma experiência, um caminho percorrido. Ninguém pode ser juiz. Ou réu. Ninguém.

As lágrimas são divisórias nas fases da vida. Nos acompanham em todas, desde quando nascemos. Encerramos um ciclo e sabemos disso quando elas vêm lavar o chão da alma e prepará-la para a incerteza do que virá. Vêm para zerar o balanço, para começar de novo. Inclusive na alegria e na tristeza elas estão presentes. Mesmo na partida, os que ficam as trazem à cena, pois os que vão já não as tem mais.   

Elas também acabam. Tudo acaba.

  

domingo, 2 de setembro de 2012

De segunda mão

* por Douglas Sato

Os clubes brasileiros, há muito, não conseguem segurar seus grandes jogadores, que são levados para os grandes polos do futebol: Europa, Ásia, Oriente Médio, a peso de ouro e, certamente, ganhando rios de dinheiro, além de vários anos de contrato.

Em contrapartida, os grandes do cenários nacional passaram a importar atletas já em final de carreira e de contrato. Por este fator, entramos numa via inversa. Existem atletas que, como se tem visto, já não possuem mais condições de atuar nos dois tempos. Iniciam o jogo e saem no período final, ou vice-versa. São como  aquele celular ou outro eletrônico qualquer que chega no Brasil um ano depois do lançamento, já obsoleto. Esses jogadores, pela idade, já não estavam mais rendendo nos clubes onde atuaram e ganharam prestigio. Neste caso, alguns foram até dispensados para dar lugar aos mais jovens.

Agora, se olharmos no elenco dos grandes clubes, podemos ver que o nosso futebol está importando demais e muitas vezes de forma errada. Vejamos Diego Forlán, do Internacioanl. Filho de Pablo Forlán, ex-lateral do São Paulo, Forlán chegou à Inter de Milão credenciado pela ótima exibição na Copa de 2010, quando não só se destacou pela seleção uruguaia como foi escolhido o melhor jogador da Copa. Apesar da expectativa, o veterano de 33 de anos não conseguiu se estabelecer no clube italiano.




E agora eu pergunto. Se na Inter de Milão, com todos os grandes nomes que possui no elenco, o uruguaio não conseguiu se estabelecer, porque aqui seria diferente? Em 2002, o atacante acertou sua ida para o Manchester United, onde jogou ao lado de grandes craque como Barthez, Giggs, Beckham, Scholes, dentre outros. Mas não conseguiu emplacar nos Red Devils.

Então, deixou a Inglaterra, mas, sem sair da Europa, mudou-se para o Villareal. Sem brilhantismo, mas com números ao seu favor, ascendeu para o Atlético de Madrid, e ai sim, desencantou. Porém, os altos e baixos na carreira do atleta não o qualificam para o investimento do Internacional. Ao todo, foram sete partidas como titular e nenhum gol marcado, fora as grandes chances perdidas pelo uruguaio.

No Botafogo, temos outra situação parecida. A maior contratação de um estrangeiro feita por um clube  brasileiro. Único a conquistar a Liga dos Campeões por três clubes diferentes, bicampeão do mundo, campeão espanhol, holandês e italiano, entre outras inúmeras conquistas coletivas e individuais. Não vingou. Ao contrário, em inúmeras vezes, o atleta acaba atuando só com o nome.

Sei das qualidades de Seerdorf, e não são poucas. Mas creio que o médio deveria ser mais humilde consigo mesmo. Em várias partidas pelo clube de General Severiano o atleta vem precisando de um par de pulmões a mais. Ele ainda está no calendário Europeu, precisa melhorar sua condição física e recuperar seu ritmo de jogo.


Por fim, e infelizmente, só nos resta ver e tentar gostar daquilo que nos oferecem e, paralelamente, torcer pelos ídolos que vão atuar no exterior. Lá, sim, o IPhone é de primeira mão.

* Douglas Sato tem 23 anos, é músico e estudante de Jornalismo 
(nesta ordem) e, nas horas vagas, é imitado pela dupla Cesar Menotti e Fabiano.

sábado, 1 de setembro de 2012

Estômago


Quando fui fazer a ficha técnica do Clássico da Colônia deste sábado, meu estômago embrulhou. Vi que a arbitragem ficaria por conta de Heber Roberto Lopes, o nefasto árbitro que apita pela Federação Catarinense de Futebol, mas tem os mais relevantes serviços prestados à FERJ. 

Ele, que diz se espelhar no mítico italiano Perluigi Collina, mas é um herdeiro legítimo de gente como Armando Marques, Dalmo Bozzano, Marcio Resende de Freitas e Javier Castrilli, foi o árbitro dos jogos da Lusa contra Vasco e Botafogo, dois times do Rio. Dois jogos em que a Portuguesa jogou bem. Dois jogos em que não venceu. Dois jogos em que ele, Heber, interferiu diretamente no resultado ao sonegar duas grandes penalidades para a Lusa.  


Não é novidade. Em 2008, o mesmo Heber apitou Flamengo e Portuguesa. Dou um pastel de Santa Clara para quem adivinhar para qual das duas equipas ele não apitou um pênalti. Dou um pastel de Belém para quem me disser qual das duas caiu no fim do campeonato. Dou uma passagem de primeira classe para a Ilha da Madeira a quem encontrar uma razão, uma só, que possa explicar como ele ainda apita jogos da Portuguesa.

Nesta primeira noite de setembro, em São Januário, ele fez o que chamo de "apitar com luvas" para não deixar digitais na cena do crime. A expulsão do defesa Valdomiro, ainda na primeira parte, foi inconcebível. A grande penalidade no avançado Bruno Mineiro aconteceu já a cinco minutos do final do jogo, quando pouca coisa ainda poderia acontecer, mas poderia. O fato é que ele, outra vez, não marcou. Outra vez, prejudicou o mesmo time. E este time, outra vez, foi a Portuguesa.

Heber Roberto Lopes é um mal para o futebol. Mas é um mal menor. O mal maior é quem o coloca no sorteio, que por si só já é uma excrescência. Uma excrescência para a qual deve-se ter mais que paciência ou indignação. Deve-se ter estômago.