Estive conversando durante a semana com o jornalista Luis Simon, o Menon, sobre o pleito deste mês de outubro e, entre tantas observações, ele me disse que o Brasil é uma jovem democracia.
O que me assusta é que, baseado no que estamos assistindo e lendo, o eleitor brasileiro tem piorado com o passar dos anos e com as eleições (se eu não estiver equivocado, esta é a sétima eleição direta para presidente desde o fim do regime militar). A prova é o nível da campanha eleitoral em curso.
Fica o dilema de Tostines, mas em vez se perguntar se "vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais", a questão é se os candidatos são ruins porque o eleitor não é exigente ou se o eleitor não é exigente porque os candidatos são ruins.
Assim como no primeiro turno, a campanha é baseada na desconstrução do adversário. É o clássico Nhô Ruim x Nhô Pior. "Ah, o candidato me acusa disso, mas o partido dele fez isso e isso" é o que se tem de um lado. "A senhora está faltando com a verdade, candidata", é a resposta do outro. Propostas? Para quê, se o povo não se importa?
Tratam a disputa como uma guerra entre torcidas organizadas, que respinga nas redes sociais e transforma parte do seu eleitorado em ignorantes e barulhentos ativistas sem informação e, por consequência, sem argumentos. O tom usado pelos candidatos, pelas siglas e pelos militantes de última hora faz uma briga de reunião de condomínio parecer com crianças mostrando a língua através do vidro traseiro do carro.
Ao candidato da oposição, a missão fica mais fácil, pois é só apontar os deslizes de quem ocupa o cargo. Se fosse o contrário, seria assim também (como foi em 2001).
No fim das contas, questões importantes ficam de fora do debate. Reforma política? Esquece. Se quiser, é só reeleição. O resto fica de fora. PMDB? Que importância tem?
É a velha briga do mar contra o rochedo, em que o marisco leva a pior. Só que o marisco, no caso, é o povo.
*Imagens extraídas da internet