ESCADA ABAIXO Trabalho de Ramon é reflexo da desorganização e do amadorismo da CBF (Foto: Joilson Marconne/CBF) |
E como foi o projeto? Sequer havia um. Ramon Menezes, técnico de trabalhos questionáveis em Vasco, Joinville e Vitória, colecionou mais derrotas (17) do que vitórias (12), mas mesmo assim foi escolhido pelo ex-jogador Branco, o coordenador da base, e goza da simpatia do todo-poderoso e nada entendido Ednaldo Rodrigues, presidente por acidente da CBF. Na seleção principal, foi o tampão do tampão, e só existiu Fernando Diniz porque Ramon apresentou um trabalho ruim de resultados (derrotas para Marrocos, Senegal e vitória contra a Guiné, no jogo do uniforme preto) e, sobretudo, desempenho. De volta à base, foi eliminado na fase de quartas de final do Mundial por Israel. E a cereja do bolo foi a malograda campanha em busca por Paris.
Mais ou menos como foi em 92, com um time que tinha Cafu, Roberto Carlos, Marcio Santos, Marcelinho Carioca, Elivélton e Dener, mas tinha Ernesto Paulo no comando. O mesmo Ernesto Paulo, no ano anterior, foi tampão da seleção principal no pós-Copa 1990, na primeira derrota para País de Gales. Antes, tinha sido técnico do supertime do Flamengo que venceu a Copinha de 90. Da Lusa de 91, só levou Dener.
O time, se é que pode ser chamado assim, piorou a cada jogo, como se cada treinamento potencializasse os defeitos. Mas Ramon, com o cartel às vistas de quem quisesse, inclusive para a cúpula da CBF, fez o que se esperava dele. Recorro a Esopo: não se deve culpar o escorpião por picar o sapo. Afinal, o escorpião fez o que sabia e podia, limitado à condição de escorpião que é.
A culpa é dele? Não só. A CBF é uma zona, e a campanha da seleção principal nas eliminatórias é um atestado dessa bagunça. O pré-olímpico é tiro curto e o resultado está aí.
"Mas não se produz jogadores como antes". Mais ou menos. Mesmo sem todos os melhores jogadores da faixa de idade, o Brasil tinha John Kennedy, Pirani, Alexsander, Gabriel PEC e Andrey. Mas tinha Ramon. E só tinha Ramon porque Ednaldo Rodrigues faz o que quer, como quer e quando quer, mesmo não tendo legitimidade e competência para ocupar o cargo que ocupa.
Quanto à Argentina, está à procura de um rival no continente.