sexta-feira, 31 de março de 2023

PORTUGUESA - Sem margem de erro

Foto: Divulgação/Portuguesa

É difícil pensar em algo positivo que possa ser extraído da desgraçada e frustrante campanha da Portuguesa no retorno à elite do futebol paulista. Evidentemente, não ter caído era o principal objetivo e, mesmo que tenha sido mais pela incompetência alheia do que algum tipo de merecimento, o fato é que a Lusa está lá com a sua bandeira hasteada no átrio da Federação Paulista de Futebol e assim ficará até pelo menos a próxima edição.

No entanto, passado o susto – e que susto! – de sentir o gume da lâmina que degola pescoços e os relega às páginas menos honrosas da competição, é hora de planejar para que não dependamos da sorte novamente. E a Copa Paulista, essa trágica competição que ninguém aqui mais suporta disputar, daqui a pouco está a bater às portas. E é preciso ter time para conquistar a tão necessária vaga à Série D do ano que vem.

Não tem para onde correr. Nosso lugar no calendário nacional precisa ser alcançado pelo certame tapa-buracos da Federação Paulista de Futebol e o quanto antes. De preferência, renovando o título de 2020, conquistado pela “Família Marchiori”. Se formos buscá-la via Campeonato Paulista, só será disputada na temporada seguinte, em mais uma estupidez das tantas do regulamento do “principal-estadual-do-país”.

E isso dificulta ainda mais a tarefa de garantir o calendário nacional. Sendo o Paulistão o Estadual mais difícil, e é mesmo, a rotatividade dos times paulistas que disputam a Série D tende a ser mais alta. Dos 15 times que mais disputaram a competição, nenhum é paulista. O Central-PE, por exemplo, das 14 edições realizadas até aqui, esteve em 11. A Portuguesa disputou duas, sendo a primeira em 2017 porque caiu da C no ano anterior.

Entrando pela Copa Paulista, já começa o Paulistão com ânimo em dia e uma espinha dorsal competitiva formada, aumentando a chance de fazer uma boa campanha também na elite, o que, no mínimo, já garante a vaga no calendário nacional no ano seguinte e propicia um fôlego extra para a montagem do elenco visando também o acesos para a Série C, que é a maior das necessidades da Lusa a curto prazo.

Portanto, “planejamento” deve soar como um mantra nos ouvidos e almas de todos os envolvidos no processo, e não há margem de erro. É preciso acertar no nome do executivo, que já veio e tem boas credenciais (experiência e respeito no mercado de transferências dos atletas); o técnico, que vai montar com ele o elenco, que tem que começar de dentro para fora.

Que tipo de time queremos E PODEMOS ter? Quem temos à disposição? Quem vale a pena emprestar para voltar no início do ano? Quem vai ficar? Quem vai ser puxado da base? Respondidas estas perguntas, é hora de buscar os reforços.

Isso garante a vaga? Não, mas diminui o impacto da sorte, que, convenhamos, não costuma dar o ar da graça para os lados do Canindé. E olha que ela já passou por aqui neste ano.

Texto originalmente publicado no NETLUSA

quarta-feira, 15 de março de 2023

PORTUGUESA - O espelho nas crises dos outros


Faltando uma rodada para o final da Série A3 do Campeonato Paulista, o Audax, que foi vice-campeão paulista em 2016, naquele que foi o cartão de visitas do Fernando Diniz como treinador, está na lanterna da competição. Depois daquele ano de graça, foi caindo, caindo, voltou da Série A3 para a A2, caiu novamente e agora está à beira de uma inédita e previsível quarta divisão do futebol paulista. Erros em cascata, todos sob as bênçãos do proprietário, Mario Teixeira, transformaram o clube de Osasco numa caricatura de si mesmo.

A Ferroviária, que estava na elite estadual desde 2016, teve uma série de “problemas” com o seu investidor e, após uma série de decisões administrativas das mais questionáveis e equivocadas, foi pra casa do chapéu – para sorte nossa – e caiu este ano. Vai jogar a Série D, mas se não subir terá que lutar para manter o calendário nacional vencendo a Copa Paulista. Só para justificar a presença neste texto, quando o "homem do dinheiro", Saul Klein, chegou a Araraquara, a torcida o recebeu com festa, imaginando que seria também um sugar daddy para o clube. A relação não chegou a durar três anos.

O São Caetano, campeão paulista em 2004, duas vezes vice-campeão brasileiro na virada do milênio e vice-campeão da Libertadores, acaba de cair para a Série A3. Sucateado, atolado em dívidas e polêmicas, não é nem sombra do Azulão que assombrou o país há pouco mais de 20 anos e está de volta à terceira divisão depois de mais de 25 anos. Klein foi o responsável pelo aporte financeiro quando ainda estava ligado a uma grande rede varejista. E não foi pouco. E não bastou.

Três clubes "com dono". Três clubes em que o boom não aconteceu por acaso, pois não faltava dinheiro praqueles lados para investir no futebol. Três exemplos de que a qualidade do (s) gestor (es) importa mais que o modelo de gestão.

A Portuguesa passou o Paulistão pendurada na tabela e na falta de dinheiro que, aliada a outros fatores fartamente tratados aqui, resultou em um elenco de qualidade questionável, para dizer o mínimo. A estrutura é precária, o futebol feminino está interrompido, o que é uma desgraça, e a única categoria de base em atividade é a Sub-20, que deveria ser a sequência de um trabalho iniciado na Sub-15, cedendo jogadores talhados dentro de uma filosofia de trabalho que atenda às necessidades do time principal.

Havia a expectativa de que tanto Sub-15 quanto Sub-17 voltassem à ativa. Como a SAF ainda não saiu do papel – ou melhor, sequer foi aprovada –, a retomada foi adiada. E isso é preocupante. 

E é preocupante porque não conseguimos sequer investimento para ter condições de formar nossos atletas, em vez de ter que ir às compras. É, ou deveria ser, o mínimo. E aí a conversão no modelo de clube-empresa passa a ser a única forma de viabilizar a existência do clube? Mesmo a apresentação para a estrutura desejada no novo modelo e os possíveis investidores, que estava prevista para abril, foi adiada. 

Abri este texto com três exemplos recentes que mostram que não é o fato de ter investimento ou proprietários ou o caralho que seja que garante coisa alguma. Nos três casos, e estive vendo de perto os três, a oferta de dinheiro atraiu gente que não deveria estar lá simplesmente porque não entende nada do riscado – ou não deveria lá por outros motivos, mas é bom parar por aqui para não criar problemas na justiça. 

Só para ficar claro: não sou contrário à conversão para a SAF, mas não pode ser feita de qualquer forma.

Não sei o que pensar, honestamente. Só espero que quem venha abrir os cordões à bolsa, além de querer fazer dinheiro com o clube, que é o objetivo de qualquer investidor, entenda e respeite prazos, processos e tenha paciência, muita paciência. 

Ou então teremos uma Ability 2.0. Alguém aqui quer isso?


Texto originalmente publicado no NETLUSA

quinta-feira, 9 de março de 2023

PORTUGUESA - Lições do Gonzaguinha


“É, 
A gente não tem cara de panaca,
A gente não tem jeito de babaca,
A gente não está com a bunda exposta na janela pra passar a mão nela.”

O enorme e necessário Gonzaguinha (1945-1991), filho adotivo do eterno Gonzagão, que também serviu de inspiração para um dos textos favoritos deste humilde escriba, cantou estes versos num momento em que nós respirávamos a democracia recém restaurada no Brasil. Era o fim dos anos 1980.

Duas décadas e um bocadinho depois, houve o caso Heverton e é escusado falar aqui tudo o que aconteceu durante e depois daquela sacanagem. Jogo jogado, tapetão, mesas viradas. Nem é possível falar em guerra nos bastidores quando um dos lados tem todas as armas e o confronto é com quem tem, se muito, um estilingue e o espírito da lei a seu favor.

O tal espírito da lei, ou mens legis, é a vontade da lei. “Mens legis lex est” (O espírito da lei é a lei – e é favor ler com a voz do Cid Moreira ou do Jonas Mello pra dar um ar de imponência à frase). É implícito, subjetivo. 

Quase dez anos depois, lá vamos nós à voltas com regulamentos, artigos, parágrafos e esse juridiquês que ninguém entende, tampouco fecha a questão. O São Bento, que conseguiu ser mais incompetente que a gente, enviou um ofício safado alegando que a Portuguesa havia descumprido um dos artigos do Campeonato Paulista e, portanto, deveria perder o ponto do clássico com o Corinthians porque mandou o dito cujo fora da cidade onde tem sua sede.

Disse o legislador que “no ano do acesso, o Clube deverá, obrigatoriamente, disputar suas partidas como mandante no município de sua sede, sob pena de perda das partidas por W.O.” Aí vamos para o tal espírito da lei: este artigo foi colocado no regulamento para forçar os clubes a terem um estádio em condições de receber os jogos, senão, nada feito, tanto que o parágrafo 1º coloca que, “na hipótese de caso fortuito ou força maior, e desde que o Clube disponha de Laudo de Engenharia atestando capacidade de acordo com o caput do art. 5º deste RGC, a FPF poderá liberar a disputa da primeira, segunda e terceira partidas do Clube como mandante em local diverso de sua sede”. É o tempo para adequar sua casa ao que exige o regulamento.

O outrora simpático clube sorocabano comete dois erros terríveis e patéticos neste pedido, além da questão moral de fazê-lo, que pode ser vista como uma obrigação, mas que tem o ônus da vergonha tatuado na testa caso a empreitada falhe, como falhou: envia o ofício (bem) depois de 48 horas da entrada da súmula da partida na FPF, prazo máximo estipulado pelo CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva), conforme alertou ao NetLusa Rodrigo Marrubia, advogado especializado em direito desportivo; e data o documento em 7 de fevereiro, cinco dias antes da partida, inclusive com o resultado do jogo. É quase uma grilagem. Ou um dom de antevisão incrível de causar inveja ao Herculano Quintanilha, mas que deveria ser usado para adivinhar que o rebaixamento estava vindo aí. Ou um erro de amador.

Por falar em erro de amador, a Portuguesa arriscou. “Pôs-se a jeito”, como dizemos em Portugal, pois o regulamento não é claro na sua intenção e isso dá margem a qualquer interpretação. Ou, como disse o Luiz Gonzaga do Nascimento Jr, deixou a bunda na janela. E por mais que seja óbvio que o regulamento quer dizer o que foi dito aí em cima, dá margem para que, no mínimo, gastemos energia em outras coisas que não a disputa da Taça Independência, que renderá ao campeão 400 paus, que são 40% do que foi embolsado pela Lusa ao levar o jogo com o coirmão de Itaquera para Brasília. Além de ser um título, ó caraças! 

Como comecei este artigo citando Gonzaguinha, termino da mesma forma:

“A gente quer é ter muita saúde.
A gente quer viver a liberdade.
A gente quer viver felicidade”.



Texto originalmente publicado no NETLUSA

terça-feira, 7 de março de 2023

PORTUGUESA - Meu herói não usa capa, mas voa

Foto: Dorival Rosa/Portuguesa

Devo ter envelhecido uns dez anos entre os 45 e os 56 minutos do segundo tempo do jogo que já podemos incluir na lista de jornadas milagrosas da Portuguesa. A OMS deveria catalogar este tipo de evento como impróprio para cardíacos.

Eu mesmo achei que fosse, mas não sou não.

Posso morrer de uma porção de coisas – mas de uma só delas, claro – mas do coração, não. E se hoje não estou escrevendo mais um daqueles textos cheios de amargura e desalento, o principal responsável por isso chama-se Carlos Eduardo Leciolle Thomazella, que, se a Santa Igreja Católica Apostólica Romana estiver atenta, os três milagres de ontem já serão suficientes para canonizar o São Thomazella do Pari.

E é um santo os nossos: correto, trabalhador, humilde, gente boa pra caraças! Eu o conheci quando trabalhava no Audax e ele estava lá, sem contrato, treinando para aprimorar/manter a forma física. Acabou não ficando, mesmo sendo melhor que os que por lá estavam. Quando a Lusa o contratou, a primeira coisa que eu falei para o Lucas Ventura foi que tínhamos contratado um grande goleiro (ok, falei o mesmo sobre a contratação do Maílson, em 2012, mas não vem ao caso), mas não imaginei que, além de grande guarda-redes, havia ali um candidato a virar estátua nas alamedas do Canindé.

Obviamente, devemos parabenizar todo o grupo de trabalho pela manutenção, que era, afinal, o principal objetivo neste retorno. Devemos reconhecer o mérito de uma torcida, que mesmo maltratada, nunca arredou o pé. Atletas, comissão técnica (não a que iniciou o trabalho, sobretudo o treinador que montou o time), staff.

Todos eles merecem nosso agradecimento, mas se há um rosto ou um nome que simboliza este feito, este é nosso camisa 1.

No mais, não quero falar de planejamento, montagem de elenco, aproveitamento das categorias de base, ações de marketing. Não hoje. Hoje eu não quero pensar em nada do que foi feito de errado, só quero curtir o milagre, o Milagre de Mirassol, que não é todo dia que acontece.

Nosso herói pode não usar capa, mas voa.

Texto originalmente publicado no NETLUSA

sábado, 4 de março de 2023

PORTUGUESA - As contas e o rosário

Em cima da minha mesa de trabalho eu tenho um Galo de Barcelos, uma imagem de Nossa Senhora de Fátima e um terço de madeira. No telemóvel ou no micro, posso usar a calculadora, isso se eu não pegar a caneta que ora repousa sobre minha orelha. Papeis, aos montes, espalhados à mesa. O galo, coitado, está todo remendado. A senhorinha da limpeza o derrubou. Mas se em Barcelos o bicho cantou quando estava assado, não será uma queda que o aplacará. 

Uma não. Algumas, na verdade. Também por minha culpa, mas ele segue aqui, firme, forte e remendado. 

Sou um profissional híbrido, daqueles que não dispensam papel, caneta e bagunça. E café, já que não posso beber em e no serviço. Se a Portuguesa me obriga a beber, mas eu não posso, ela faz com que eu faça contas e reze. Reze e faça contas. E beba café. E me lembre da última rodada do Campeonato Brasileiro de 1996. 

Após cinco vitórias seguidas, entre as rodadas 16 e 20, a Lusa chegou à última das 23 jornadas com duas derrotas na lomba, uma delas por 4 a 0 para o Coritiba. Como desgraça pouca é bobagem, iria jogar com o Botafogo, então campeão nacional, no Couto Pereira porque havíamos perdido mandos de campo por causa de uma confusão na oitava rodada. Sim, oitava rodada. 

Tinha que vencer e torcer por uma combinação improvável: tendo despencado ao 11º lugar – classificavam oito –, com 33 pontos, tinha que ganhar do Botafogo e secar três dos quatro adversários por uma das duas vagas restantes, pois do Grêmio, o sexto, para cima, todos estavam garantidos: Inter (35), que enfrentaria o rebaixado Bragantino; Sport (35), que visitaria o classificado Palmeiras; Goiás (34), que tinha pela frente um Grêmio nada preocupado com a Hora do Brasil e podendo sacanear o rival; e o São Paulo (34), que jogaria fora de casa contra um Paraná Clube sem nada mais para fazer.

Bom, todos sabem no que deu e nosso pão caiu com a manteiga virada para cima.

Naquele ano, brigamos pela vaga, que veio. Quase 30 anos depois, vencer é uma questão de sobrevivência e a missão, teoricamente, é menos complicada. Com sete pontos, a Lusa pode chegar a dez, mas não alcança a Inter de Limeira, que tem a tal dezena de pontos, mas duas vitórias a mais. Nosso negócio é com São Bento, Ituano e Ferroviária. 

Na ordem: os de Sorocaba, com 10, recebem o Bragantino, que já está classificado, mas precisa pelo menos empatar para terminar em primeiro sua chave. Aqui, a Lusa precisa torcer pela derrota do Bentão e tirar a diferença do saldo de gols (-6 a -3); o Ituano, que tem nove pontos e um saldo de gols de -10, joga em casa com o Santos, que está precisado de fazer ao menos um ponto a mais que o Botafogo; e a Ferroviária, que tem oito pontos, joga com a Inter, que joga pelo empate para se garantir. Aqui, basta os de Araraquara não ganharem.

Os três concorrentes jogam em casa e somente um destes resultados pode ser ruim para nós. Se dois deles fizerem sua parte, um abraço!

Ah, sim. Vem o mais difícil, que é a Portuguesa desfalcada vencer o descompromissado Mirassol no Interior. No inacreditável rebaixamento de 2012, o empate bastava na última rodada, que também foi contra o Mirassol, eliminado como agora. E perdemos por 4 a 2. 

Então, quem tiver fé, a hora é agora. Quem não tiver, que arrume uma. Porque, ora, na zona do rebaixamento não existem ateus.

Texto originalmente publicado no NETLUSA

sexta-feira, 3 de março de 2023

O feijão com arroz que não fizemos e a fome que passamos

Foto: Ronaldo Barreto/NETLUSA

“Somos mais de 200 milhões de treinadores”. Esta frase define, de certa forma, a relação do brasileiro com o futebol. É óbvio que há um inchaço digno de discurso político neste número, mas a ideia é muito clara, partindo da premissa equivocada de que todo mundo que nasceu nessas plagas tem interesse no esporte bretão: quem gosta de futebol entende de futebol.

Não deixa de ser verdade. Quem gosta de futebol sempre tem a ideia que salvará o ano, que é só contratar este e aquele e pronto. 

É assim e não é assim. Tudo depende do tipo de futebol que pode ser apresentado. Quando os pilares da formação de uma equipe confluem, é possível escolher o tipo de futebol que será apresentado, ou pelo menos que se tem por objetivo.

E quais são os pilares? Estrutura, conhecimento e apoio, e aqui também entra o tempo necessário para as ideias serem assimiladas pelo grupo de jogadores. É muito teórico, não?

Sim, é teórico pra cacete, mas dá pra deixar a ideia mais clara: i) é preciso haver condições financeiras e materiais para que o restante seja posto em prática; ii) o grupo de trabalho dentro de campo necessita de segurança para que não sejam os resultados que mantenham o projeto, mas o contrário; e iii) quem determina o que, como e quando será feito, deve entender do que se trata para que a evolução possa ser detectada, em vez de um surrado e mentiroso “fulano segue prestigiado”, o que, no futebol, é o mesmo que “vamos nos reunir mais tarde e mandar toda essa malta embora”.

Mas e a Portuguesa? Tem isso?

Não, não tem. Se os três pilares acima mencionados não existem juntos, é aqui que as ideias simples devem ser colocadas em prática. Em primeiro lugar, entender o tamanho das próprias pernas e ter ideia de quantos passos terão de ser dados para chegar ao outro lado, que é terminar o Campeonato Paulista livre do rebaixamento.

Simples, né? É. E é quando entra o entendimento do que se está fazendo. Buscar jogadores que se encaixam no sistema de jogo proposto, que formem uma equipe e que deem resultado no menor tempo possível. Ah, não vai ser bonito, não vai ser campeão, vai ser sofrido. Vai, mas a chance de terminar vivo o diabo do campeonato é maior.

Que tipo de time pode ser montado? Um que se defenda até a última gota de suor e saia correndo na primeira oportunidade? Beleza, é o tipo até mais barato de se fazer, o que é bom. É como preparar uma refeição em casa. Vemos o que temos na despensa e na geladeira, usamos o que serve e vamos atrás dos outros ingredientes. E compramos, dentro do orçamento, somente o que vai na receita.

Mas até para isso é preciso ter método, ter entendimento de mercado e, principalmente, um nome de respeito nos bastidores para atrair jogadores dispostos a acreditar, em vez de trazer o que tem disponível e ver no que dá. Normalmente, não dá.

Vimos no que deu.

Deu que dependemos de um milagre. Dependemos da incompetência alheia ser maior que a nossa, mas ainda assim talvez – e é um talvez quase certo – não seja o suficiente, pois não basta que dois de três adversários tropecem, pois temos que superar outros dois adversários.

E o mais difícil somos nós mesmos.

Texto originalmente publicado no NETLUSA