Foto: Dorival Rosa/Portuguesa |
Devo ter envelhecido uns dez anos entre os 45 e os 56 minutos do segundo tempo do jogo que já podemos incluir na lista de jornadas milagrosas da Portuguesa. A OMS deveria catalogar este tipo de evento como impróprio para cardíacos.
Eu mesmo achei que fosse, mas não sou não.
Posso morrer de uma porção de coisas – mas de uma só delas, claro – mas do coração, não. E se hoje não estou escrevendo mais um daqueles textos cheios de amargura e desalento, o principal responsável por isso chama-se Carlos Eduardo Leciolle Thomazella, que, se a Santa Igreja Católica Apostólica Romana estiver atenta, os três milagres de ontem já serão suficientes para canonizar o São Thomazella do Pari.
E é um santo os nossos: correto, trabalhador, humilde, gente boa pra caraças! Eu o conheci quando trabalhava no Audax e ele estava lá, sem contrato, treinando para aprimorar/manter a forma física. Acabou não ficando, mesmo sendo melhor que os que por lá estavam. Quando a Lusa o contratou, a primeira coisa que eu falei para o Lucas Ventura foi que tínhamos contratado um grande goleiro (ok, falei o mesmo sobre a contratação do Maílson, em 2012, mas não vem ao caso), mas não imaginei que, além de grande guarda-redes, havia ali um candidato a virar estátua nas alamedas do Canindé.
Obviamente, devemos parabenizar todo o grupo de trabalho pela manutenção, que era, afinal, o principal objetivo neste retorno. Devemos reconhecer o mérito de uma torcida, que mesmo maltratada, nunca arredou o pé. Atletas, comissão técnica (não a que iniciou o trabalho, sobretudo o treinador que montou o time), staff.
Todos eles merecem nosso agradecimento, mas se há um rosto ou um nome que simboliza este feito, este é nosso camisa 1.
No mais, não quero falar de planejamento, montagem de elenco, aproveitamento das categorias de base, ações de marketing. Não hoje. Hoje eu não quero pensar em nada do que foi feito de errado, só quero curtir o milagre, o Milagre de Mirassol, que não é todo dia que acontece.
Nosso herói pode não usar capa, mas voa.
Texto originalmente publicado no NETLUSA
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